Descubra porque elas criam confusão e estabelecem padrões inatingíveis.

por Carlos Cintra*

A crendice popular diz que deveríamos pesar 10 quilos a menos que nossa estatura. Exemplo: indivíduo com 1,65 metro de estatura deveria pesar 55 quilos. Não existe na literatura científica nenhum estudo que apóie esta hipótese.

Felizmente nem sempre a única forma de ser “ignorante” é acreditar no popular. Refiro-me as “malditas tabelas de peso e altura”. Elas surgiram a partir do Índice de Quetelet conhecido como Índice de Massa Corporal ou IMC que é expresso como massa em quilogramas dividida por estatura em metros quadrados (kg/m2). Exemplo de cálculo: IMC = 55 kg ¸ 1,65m2 = 20 kg/m2. Este índice tem sido usado há mais de 168 anos na área de saúde pública e clínica para predizer sobrepeso e obesidade – pelo índice é considerado obeso quem tem IMC > 29,9 kg/m2 .

O mais interessante nesta história toda é que seu inventor jamais propôs qualquer índice para avaliar “gordura”. Na verdade, o estudo publicado por Lambert Adolphe Jacques Quetelet em 1835 apresentou sua concepção da famosa média utilizada em estatística. Seu estudo observou que adultos aumentavam mais em cumprimento do que em largura. Quetelet como matemático e estatístico foi ótimo, mas não percebeu que seu índice transformava pessoas em blocos de 1 quilo com 1 metro quadrado cada.

Assim, uma pessoa com IMC de 20 kg/m2 – como no cálculo acima – teria seu corpo constituído por 20 blocos de 1 quilo com 1 metro quadrado cada. Não é preciso ser um gênio para saber que pessoas não são blocos de concreto fabricados em série com peso e área calculada pré-determinada.

O meio mais adequado de avaliar um indivíduo e verificar se ele está obeso ou não é fazer uma avaliação da composição corporal. Através dela podemos dividir o peso corporal total em seus diversos componentes: peso muscular, peso ósseo e peso residual – que compreende órgãos, pele, sangue, tecido epitelial e sistema nervoso. Mesmo assim, a melhor de todas as avaliações não pode fornecer uma medida exata e sempre dará uma medida aproximada.

Não existe peso ideal “real” só “teórico”. A constituição corporal de cada um é exclusiva e ninguém pode precisar o que é “variável”. Deixar o excesso de gordura sobrecarregar nosso corpo é errado, mas erro maior é impor padrões corporais inatingíveis.

Carlos Cintra é preparador físico especializado em fisiologia do exercício. Treina atletas de alta performance e empresários, seu método de trabalho estimula o emagrecimento e a qualidade de vida de acordo com as particularidades de cada pessoa.

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MALDITAS TABELAS DE PESO E ALTURA