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O mais contestado jogador da seleção brasileira na Copa do Mundo da Alemanha e um dos maiores laterais que o mundo já viu jogar. Roberto Carlos começou no União São João em 1988, mas logo dois anos depois, o Palmeiras, mais precisamente a Parmalat, viu que o jogador era fora do comum e decidiu levá-lo ao time de Parque Antártica. Lá, como muitos daquele time, foi ídolo e conquistou títulos. Depois da equipe alvi-verde, transferiu-se para o futebol italiano, para a Internazionale. Considerado o melhor lateral-esquerdo do Calcio, o brasileiro chegou ao Real Madrid em menos de um ano e na Espanha permaneceu até agora. Já são 10 anos como galáctico e muitos gols e títulos na história do clube.

Em entrevista exclusiva ao <b>Virgula Esportes</b>, o jogador falou sobre carreira, Copas, sua história na seleção brasileira e no futebol mundial. “Éramos heróis em 2002 e somos marginalizados quatro anos depois”, desabafou o lateral, ao falar da precoce eliminação do Brasil na Alemanha. “O futebol é maravilhoso por isso, não é uma ciência exata, e nem sempre o favorito vence”, declara ainda.

<b>Confira na íntegra a entrevista com o lateral-esquerdo Roberto Carlos</b>:

<b>Virgula Esportes</b>: O que faltou ao Brasil na Copa do Mundo?

<b>Roberto Carlos</b>: Difícil de dizer. No futebol, como em qualquer esporte, derrotas acontecem. Não dá pra apontar culpados, temos que aprender com isso para não repetir os erros.

<b>VE</b>: Com a derrota para a França e toda a pressão que você sofreu, passou por sua cabeça encerrar sua carreira?

<b>RC</b>: De forma alguma, tenho um planejamento de carreira e não tomo decisões baseadas no resultado de uma partida.

<b>VE</b>: Qual a diferença entre a cobrança no Real Madrid e na Seleção Brasileira?

<b>RC</b>: É a diferença de defender um clube e um país. Aprendi a amar o Real Madrid nestes 10 anos que estou aqui, porém nada se compara ao fato de defender seu País.

<b>VE</b>: Depois de tantos títulos conquistados, você ainda tem algum objetivo em sua carreira?

<b>RC</b>: Sempre tenho. Quero conquistar todos os títulos que disputo, o dia que não for assim, eu páro.

<b>VE</b>: Tanto a seleção brasileira, como o Real Madrid são times formados por estrelas consideradas as melhores do mundo. Por que ambas as equipes não conseguiram mostrar um grande futebol nas últimas competições?

<b>RC</b>: Porque nem sempre os melhores jogadores formam as melhores equipes. O futebol é maravilhoso por isso, não é uma ciência exata, e nem sempre o favorito vence.

<b>VE</b>: Quando encerrar a carreira de jogador, você pretende continuar trabalhando com futebol?

<b>RC</b>: Sim, o futebol é minha vida. Penso em continuar ligado ao esporte de alguma forma.

<b>VE</b>: Você tem vontade de deixar o Real Madrid?

<b>RC</b>: Não. Sinto muita falta do Brasil, mas o respeito que todos tem por mim aqui não me deixa com vontade de sair.

<b>VE</b>: Um palpite para o campeão brasileiro 2006?

<b>RC</b>: Não sei. Há grandes equipes aí, não dá ainda pra chutar um campeão numa competição tão equilibrada.

<b>VE</b>: Qual foi a equipe que mais gostou de jogar?

<b>RC</b>: A seleção brasileira. Sempre gostei muito de estar naquele grupo.

<b>VE</b>: Você recebeu alguma proposta para deixar o Real Madrid?

<b>RC</b>: Sim, mas por respeito aos clubes não posso revelar.

<b>VE</b>: Após a eliminação do Brasil na Copa, surgiram muitos boatos em relação a união do grupo comandado por Parreira. Como era o clima do grupo longe das câmeras e da imprensa?

<b>RC</b>: Muito bom. Sempre disse isso, não é porque perdemos que isso mudou. Muito se fala no Brasil nas derrotas, mas o clima era bom dentro do grupo.

<b>VE</b>: Agora em 2006, todos lembraram do vice-campeonato de 1998, perdido para França. Nesta Copa, aconteceu algo parecido? Será que algum dia, alguém presente naquela seleção comandada por Zagallo, irá esclarecer tudo o que aconteceu naquele mundial?

<b>RC</b>: Mais do que já foi esclarecido? Não há segredo que possa ser mantido por tanta gente e por tanto tempo. Não houve nada de anormal em 1998, como também não houve em 2006. Futebol é assim, um dia a derrota acontece.

<b>VE</b>: Outro assunto que sempre vem à tona é a influência dos patrocinadores nas escalações e no futebol dos craques. Isso realmente existe?

<b>RC</b>: Nunca ouvi falar em nenhum fato desta natureza. O poder dos patrocinadores dentro da seleção e mesmo nos clubes é bem mais limitado do que todos imaginam.

<b>VE</b>: Como surgiu o seu interesse por esportes de velocidade como a Stock Car e a MotoGP?

<b>RC</b>: Sempre gostei, não perco uma corrida que passa na TV. Amo todos os esportes, mas o automobilismo me fascina muito.

<b>VE</b>: Muitos jogadores fazem algum tipo de trabalho social. Você também tem algum projeto social?

<b>RC</b>: Tenho sim, mas não gosto de falar sobre isso, tudo o que eu faço é de coração, não para aparecer na mídia.

<b>VE</b>: Faltou motivação para o Brasil na Copa do Mundo? Quem é o responsável por essa motivação?

<b>RC</b>: Sempre que há uma derrota falam em falta de motivação. Ir para uma Copa é tão importante para um jogador que é impossível faltar motivação para vencer.

<b>VE</b>: Em seu blog você diz que as outras equipes foram recebidas com festa, menos o Brasil. Por que você achou que isso foi um desrespeito à seleção?

<b>RC</b>: Porque no Brasil sempre tem que ser assim? Porque só pensamos sempre na vitória? Éramos heróis em 2002 e somos marginalizados quatro anos depois. Qualquer um de nós, se tivesse vencido o que vencemos em qualquer lugar do mundo, teríamos uma estátua em cada esquina. Não estou cobrando esse tipo de homenagem no Brasil, só não aceito ser desrespeitado.

<b>VE</b>: Qual foi o motivo de você ter deixado a seleção brasileira?

<b>RC</b>: Acabou meu ciclo na seleção, preferi abrir caminho para uma renovação.

<b>VE</b>: Sei que muitos já fizeram essa pergunta pra você, mas o que aconteceu no lance de Thierry Henry?

<b>RC</b>: Fiquei onde sempre fico em jogadas como aquela. Tinha essa instrução e cumpri. Não perdemos a Copa por aquele lance, perdemos por não jogarmos bem contra a França.


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<b>Exclusiva</b> Roberto Carlos: 'Não aceito ser desrespeitado'