Pelo menos oito jogadores profissionais de futebol em campeonatos ingleses disseram aos seus companheiros de equipe que são gays, mas não estão dispostos a dizer ao público porque temem a reação dos torcedores.
Sete atletas teriam dito a Clarke Carlisle, presidente da Associação de Jogadores Profissionais, que eles não querem tornar conhecida a sua orientação sexual, porque estão preocupados com a reação dos fãs e da mídia, relata o jornal The Observer.
Chris Basiurski, presidente da Gay Football Supporters Network, disse ao Observer saber de jogadores cuja sexualidade é conhecida dentro do clube. “Nós temos indícios de que os jogadores têm sua opção sexual conhecida dentro de seus clubes e não têm problema. Estamos tentando criar um ambiente para que os jogadores possam assumir de forma segura, mas no momento ainda há uma grande barreira. A preocupação é que os fãs podem pegar no pé do jogador, ele passar a jogar mal e isso pode ser conectado à sua sexualidade.”
Em fevereiro o ex-jogador de futebol do Leeds United, Robbie Rogers, de 25 anos, revelou que era gay, mas só depois de anunciar sua aposentadoria do esporte. Ele disse que permanecer no futebol era impossível se é de conhecimento público que você é gay.
O assunto vem à tona na semana em que o jogador de basquete Jason Collins se tornou o primeiro atleta profissional nos Estados Unidos a revelar que é gay.
Collins, que jogou mais recentemente no Washington Wizards, foi capa da revista Sports Illustrated. E falou: “Eu não planejava ser o primeiro atleta gay assumido jogando nas ligas norte-americanas. Mas já que sou, estou feliz em iniciar a conversa. Eu não queria ser a criança na sala de aula levantando a mão e dizendo ‘Sou diferente’. Se dependesse de mim, alguém já teria feito isso. Ninguém fez, por isso estou levantando minha mão.”
O primeiro – e até agora único – jogador profissional a assumir a homossexualidade na liga inglesa e continuar jogando foi Justin Fashanu, em 1990.
Fashanu, que atuou em clubes como Nottingham Forest, Manchester City, West Ham e Newcastle, se aposentou em 1994 após sofrer com insultos homofóbicos de técnicos, piadas cruéis de seus companheiros de time e cânticos de insultos de torcidas. Ele se enforcou em maio de 1998, aos 37 anos.
A sobrinha de Justin, Amal Fashanu, recentemente declarou sobre o episódio: “Me dá calafrios pensar sobre a decisão de Jason Collins e a forma positiva como foi aceita. Justin não teve isso. Nada do aconchego, nada de reconhecimento sobre a coragem por ter feito o que fez. Ao invés disso, as pessoas pegavam no pé dele por isso, faziam o sentir inferior, errado”.