<b>Por João Ricardo Cozac</b>

Tem muito brasileiro por aí com crise de identidade. No auge das Olimpíadas, nosso povo está vibrando com uma modalidade pouco badalada por aqui: o voleibol. Com a ausência do futebol masculino nos Jogos Olímpicos, o vôlei ganhou definitivamente a simpatia e torcida de todos os adoradores do esporte.

Na quadra ou na areia, o Brasil está muito bem representado por atletas talentosos e muito bem preparados tecnicamente.

Vamos torcer para que a esfera emocional de nossos atletas mantenha-se equilibrada e focada durante as partidas. Lembro ao amigo leitor que, nos últimos Jogos Olímpicos, não conquistamos nenhuma medalha de ouro. Até mesmo o poderoso voleibol sucumbiu diante dos próprios nervos. Agora a história pode ser diferente. Quatro anos se passaram e vários títulos internacionais foram conquistados neste período.

<b>A Psicologia em Atenas</b>

A Psicologia Esportiva brasileira está representada, em Atenas, pelo psicólogo Dietmar Samulski: um profissional talentoso, além de pesquisador nato. O que ele poderá fazer durante as competições? Boa pergunta. O COB deveria ter contratado o psicólogo alguns meses antes dos Jogos.

O êxito em uma intervenção psicológica só é possível se o psicólogo esportivo tiver tempo para diagnosticar as demandas emocionais e mentais dos atletas e das equipes. A presença de Samulski na delegação brasileira é, sem dúvida, um avanço significativo no reconhecimento da necessidade de se trabalhar os aspectos psicológicos dos atletas. Uma pena, no entanto, que ele tenha sido chamado para compor a delegação momentos antes do embarque de nossos representantes.

O psicólogo, novamente, foi lembrado para apagar incêndios. Muita gente ainda confunde o trabalho psicológico com curandeirismo ou corpo de bombeiros. A atuação embasada cientificamente envolve etapas que não foram cumpridas. Se as demandas pessoais e coletivas não são investigadas e analisadas, pouco se tem a fazer. De toda forma, um especialista da área foi chamado para acompanhar a nossa delegação. Pode ser o primeiro passo para a valorização dos aspectos psicológicos e emocionais que, na maioria dos casos, são determinantes na performance esportiva.

<b>Esporte, política e saúde</b>

Além das Olimpíadas, 2004 é ano de eleições no Brasil. Para que o nosso esporte seja valorizado e melhor reconhecido, é preciso que nossos governantes cumpram com o discurso eleitoral. Esporte é saúde, educação e cultura. Os políticos sabem muito bem disso. Têm sempre o discurso muito bem ensaiado.No entanto, quando eleitos, uma espécie de amnésia toma conta de todos eles. É impressionante a diferença técnica entre nossos atletas e os representantes do primeiro mundo esportivo. Dá vontade de pedir para eles irem mais devagar porque somos “café com leite

Aplausos para o voleibol, iatismo e ginástica. Uma sonora vaia para aqueles que poderiam mudar este quadro vexaminoso em que se transformou o esporte neste país.

<i><b>João Ricardo Cozac</b> é psicólogo formado pela PUC-SP. Atua no esporte há 11 anos. Professor de psicologia do esporte na Universidade Mackenzie de São Paulo. Presidente da Consultoria, Estudo e Pesquisa da Psicologia do Esporte (www.ceppe.com.br). Atende atletas de diversas modalidades em consultório. Atuou em grandes equipes do cenário futebolístico brasileiro. Colunista do site “Gazeta Esportiva.net” .Autor do livro ‘Com a cabeça na ponta da chuteira: um ensaio sobre a Psicologia do Esporte’, pela editora Anablume, e ‘Psicologia Esportiva: reflexões e prática’, em fase final de edição.</i>

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João Cozaz: Brasil, o país do vôlei?

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