Para comentar a vitoriosa década da seleção brasileira de vôlei comandada por Bernardinho, o VirgulaEsporte
convida o ex-jogador Giovane Gávio, hoje com 39 anos e treinador do
Sesi-SP. Ele é um dos únicos que esteve presente nas duas conquistas do
vôlei masculino em Olimpíadas: Barcelona 1992 e Atenas 2004. De quebra,
o ponto do título mundial em 2002, na Argentina, veio de um saque de
Giovane.

Time do Bernardinho
“Ele
conseguiu unir jovens talentos a jogadores experientes e uma comissão
técnica atenta a todos os detalhes sempre buscando a perfeição. Quando
terminava um jogo, já estavam estudando o que precisavam melhorar para
o próximo”.

Ricardinho x Bernardinho
“Foi
um episódio muito chato. Nós acabamos perdendo um jogador com grande
nível técnico e muito maduro na profissão, mas nem tão maduro como
pessoa. A equipe teve que se unir ainda mais e se esforçar muito.
Também tivemos que buscar novos profissionais que pudessem suprir esta
ausência”.

Mais de 400 partidas pela seleção
“Quando
estamos jogando nem pensamos nisso. E sinceramente nem fico pensando no
passado, mas claro que sei da importância que isso teve na minha
carreira”.

Anos 90 contra anos 00
“Tanto
a equipe da década de 90 quanto a de hoje são excelentes. Mas no
passado o vôlei ainda não era tão profissional e os jogadores não
estavam tão acostumados com a fama, muitos se deslumbravam, saindo um
pouco do foco. Nesta década tudo é muito profissional, os jogadores
ganham ótimos salários e sabem lidar com o assédio, facilitando o
entrosamento e o entendimento em quadra”.

Derrota mais marcante
“Enquanto
eu estava na seleção, a derrota mais marcante foi a da Liga Mundial de
2002. A Olimpíada de 2008 foi uma grande perda para o Brasil, mas eu já
não estava atuando mais”.

União do grupo
“De
uma certa forma a Olimpíada de 2004 foi muito tensa, porque nós éramos
os favoritos. Todo mundo tentava ganhar da gente, então foram 17 dias
de muita tensão, nervosismo e situações que ninguém dormia. Nas
Olimpíadas ficávamos em apartamentos com quatro quartos, praticamente o
time todo no mesmo ambiente. Isso ajudou ainda mais estarmos juntos e
usar essa convivência para um tentar ajudar o outro ficar mais
tranquilo”.

Técnicos ex-jogadores
“Essa
experiência como jogador sem dúvida traz credibilidade. Ela talvez
acelere um pouco mais este processo de assumir uma equipe. Com uma
pessoa que nunca foi jogador ou fez parte da seleção brasileira, o
caminho é um pouquinho mais longo. Tem que passar por equipes menores,
de base. E talvez com o meu nome e com a minha credibilidade eu tenha
pulado esta etapa, mas também não é tanta vantagem assim. Porque
experiência dentro da quadra não quer dizer experiência no banco, então
cada dia eu tenho que estudar mais ainda”.


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Giovane Gávio: No passado o vôlei não era tão profissional