Amigos olimpicos,
É interessante como um evento pode nos proporcionar tantas e tão intensas emoções, que não param de se renovar. A segunda-feira (16/08) proporcionou um momento inesquecivel, a conquista da primeira medalha brasileira em Atenas, o bronze de Leandro Grilheiro. A experiência do Pan de Santo Domingo valeu demais. Ao chegar no ginásio, percebi que meu humilde ingresso, que custou míseros 30 euros só permitiria sentar no alto do local, de onde só com a ajuda de meu poderoso binóculo teria condições de acompanhar as finais. Mas, na entrada, avisto a figura de Danielle Zangrando, que havia perdido algumas horas antes a chance de disputar as medalhas, ao lado de nossos gigante Daniel Hernandez e Mario Sabino. Na mochila, carrego as fotos que tirei com eles no Pan e imediatamente eles se lembram de mim. Ao lado deles, tudo se torna mais fácil e em poucos segundos estou sentado no lugar mais
privilegiado do impressionante pavilhão de judô (maior em capacidade do que meu querido Parque Sao Jorge, a Fazendinha). Para meu deleite, senta na minha frente ninguém menos que Rogério Sampaio, medalha de ouro em Barcelona. Chega a delegação toda, Fabio Seixas da Folha de São Paulo, começa a entrevistar Rogério e a expectativa cresce. Estou em casa. As torcidas de Coréia, Françaa, Japão e Alemanha são barulhentas. Mas a torcida brasileira é ímpar em vibração e intensidade.
Leandro Grilheiro é o xodó da delegação de judô, o mais jovem, o menos cotado. Toda a equipe se emociona ao vê-lo lutar pela medalha. A luta final contra o judoca da Moldavia é dramática. Como é difícil torcer no judô. A cada segundo, tudo pode acontecer, qualquer vacilo é fatal. São cinco minutos muito intensos, eletrizantes. Wazari de Leandro. Acabou. A histeria é generalizada. Todos se abraçam e choram copiosamente. É a sexta Olimpíada seguida que o judô traz medalha para o país. Na emoção, nem havia me dado conta que o cinegrafista oficial do ginásio estava focado em mim. A judoca Daniele Polzin, que lutou no sábado (14/08) e perdeu para a chinesa campeã, me avisa: "Cara, o cinegrafista se amarrou em você, hein?". Na hora do podium, Leandro surge, seus olhos marejados denunciam a emoção que sentia. Grande festa brasileira no ginásio, superando a gritaria dos coreanos, que ganharam o ouro. Meu amigo e cinegrafista amador Marcelo grava uma entrevista com Rogério Sampaio, que ao final, manda uma saudação especial a Santos, nosso celeiro de craques no judô. Pergunto à Tino Marcos, da Globo, se a luta passou ao vivo no Brasil. Ele me responde:"Claro, estamos passando até
bola de gude e par ou impar ao vivo. Já estamos exaustos com 3 dias de Jogos.
A história se repetiu nesta terça (17/08) com Flávio Canto. Mesmo com a derrota do favorito Honorato, nosso judô ja está de parabéns.
Do judô ao tênis, são 15 minutos no confortável ônibus com ar-condicionado e telão e mais 5 estações de metrô. Guga e Massu travam uma batalha na quadra 1. O catarinense, meu grande ídolo no esporte, está com muita vontade, vibra a cada ponto, sempre se dirigindo a nós na arquibancada e gritando o tradicional "Vamos". No sexto game do terceiro set, após 2 horas de jogo, o quadril já não suporta mais. A dor intensa transaparece a cada movimento. Todos sofremos juntos essa derrota.
Sá e Saretta derrotam os espanhóis Moya e Nadal. Ao fim o jogo, Saretta bate um papinho conosco. Está animado e confiante, adorando o ambiente em Atenas. No jogo seguinte, porém, sucumbiram diante dos simpáticos zimbabuenos.
Tenho acompanhado com especial interesse as competições de natação. Com os escândalos de doping no atletismo, não se tem registro de recordes nesse esporte há anos. Na natação, em compensação, os resultados são fantásticos e os fenômenos não param de surgir. Assistir Michael Phelps, Ian Thorpe, Pieter van den Hoogenband e Alexander Popov nadar é uma benção.
Nesta quarta-feira (18/08), vi Thiago Pereira se classificar com o quinto tempo para as semifinais dos 200 medley e as meninas do 4 por 200 atingirem uma excelente e surpreendente final olímpica com o sétimo tempo nas eliminatórias.
Soube por outros brasileiros da sensacional partida de volei contra a Itália, 33 a 31 no tiebreak. No mesmo horário, estava vendo a magra vitoria do Time Dos Pesadelos da NBA sobre os gregos por 77 a 71. Como esses caras podem ser tão badalados? Estão visivelmente no mesmo nível de pelo menos outros 7 paises.
Entre uma competição e outra, driblando o fortíssimo calor, uma visita a belíssima Acrópole no fim de tarde é um bálsamo para os olhos e uma viagem inigualável ao berço da civilização. Centenas de atletas e turistas de vários países aproveitam para conhecer o centro histórico da capital helênica. No restaurante, almoçamos ao lado do presidente da Confederação Portuguesa de Ginástica, Sr. Manuel Pereira, que diz que o trabalho de nossa Confederação Brasileira de Ginástica é um modelo a ser seguido por todos.
Coincidentemente, quinze minutos depois, encontro numa loja de artesanatos nossa Delegação de Ginástica Rítmica, que prontamente tira uma foto comigo. A técnica está confiante em uma classificação entre as 5 primeira, superando o oitavo lugar de Sidney. Ela pedem nossa torcida e empolgação para ajudar a impressionar os juízes, em um esporte de desempenho tão difícil quanto subjetivo. Calma, meninas, é claro que estaremos fazendo muito barulho por lá.
Aliás, meu álbum de fotos estará repleto. Na visita a imponente Acrópole, encontro a Delegação espanhola de basquete. Na foto, só aparece minha cabeça na altura do fígado de nuestros amigos. Na saída, uma triste fotografia. Encontro a Delegação paraguaia de futebol. Gamarra e companhia sorriem mais do que eu ao posar para a foto. Todos mandam um saludo carinhoso e um tanto quanto malicioso ao Brasil, a quem eliminaram no Torneio Pre-Olimpico.
Os gregos amam os brasileiros, mas já é difícil atender a tantos chamados de pessoas querendo conversar sobre Rivaldo, a maior contratação da história do Olimpiakos, time de maior torcida aqui. Eles estão irritantemente orgulhosos da vitória na Euro, festejada até hoje e desafiam os brasileiros a toda hora para ver quem é de fato a melhor Seleção do mundo. Nossa meninas, nesta terça (17/08), nao deixaram dúvidas, 7 a 0 na Grecia, para tristeza de nosso anfitrião, Sr. Andreas, que sofria na poltrona, entre uma tragada no cigarro (aliás, nunca vi se fumar tanto em um país como na Grécia) e um gole de cerveja.
Agradeço a todos que me mandam e-mails do Brasil. Prometo responder assim que possível. Temos sido entrevistados por televisões de outros países por causa de nossas cores, bandeiras e vibração. Falei com a TV israelense, arriscando algumas frases em hebraico, para a vibração do repórter estilo Ernesto Varella.
Na sexta-feira (20/08), devo fazer um chat pelo <b>virgula.me</b>. Vou ainda visitar o estádio Panatenaico, onde se realizaram os Jogos de 1896. A temperatura acaba de atingir 36 e preciso renovar meu estoque de água.
Grande abraco a todos.
<a href="mailto:olimpiadas@corp.virgula.me"><font face="Verdana" color=#FFFFFF>Mande um e-mail para o Gerson!</font></a>
<a href="http://www.virgula.me/especiais/virguliadas/interna_notas.php?ID=4299" target="_blank"><b><font color="#FFFFFF">As expectativas antes do embarque para Atenas</font></b></a>
<a href="http://www.virgula.me/especiais/virguliadas/interna_notas.php?ID=4370" target="_blank"><b><font color="#FFFFFF">A chegada em Atenas, sem alfândega</font></b></a>