Com uma forte marcação e em noite destacada de seus jogadores ganeses, o Milan venceu o Barcelona por 2 a 0 nesta quarta-feira no Estádio San Siro, quebrou um jejum de nove anos sem bater o rival e colocou um pé nas quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.
O resultado expressivo do time italiano foi construído com dois gols no segundo tempo, ambos marcados por jogadores nascidos em Gana. O primeiro foi de Boateng, aos 12 minutos, e o segundo, de Muntari, aos 36. Com isso, a equipe do brasileiro Robinho, que não atuou por estar lesionado, pode perder por até um gol de diferença no próximo confronto, e mesmo assim se classificará.
O duelo de volta vai ser realizado no dia 12 de março, no estádio Camp Nou, em Barcelona. Vale lembrar que, se tomar um gol em seus domínios, o time espanhol ficará obrigado a vencer por três gols de diferença para garantir a classificação.
A vitória encerrou um jejum de nove anos do Milan contra o Barcelona em competições continentais. A última vitória da equipe italiana havia acontecido na fase de grupos da competição, no dia 20 de outubro de 2004. A vitória por 1 a 0 foi selada com um gol do ucraniano Andrey Schevchenko.
Desde então, houve sete partidas sem êxito ‘rossonero’. Nestes jogos, foram quatro vitórias do ‘Barça’ e três empates. Na temporada passada, inclusive, o time espanhol despachou o Milan da Liga dos Campeões nas quartas de final com um empate sem gols, no San Siro, e uma vitória por 3 a 1, no Camp Nou.
Para encarar os catalães, o técnico Massimiliano Allegri decidiu fortalecer o meio de campo, escalado com Ambrosini, Montolivo e Muntari. Mais na frente, El Shaarawy foi confirmado entre os titulares, após se recuperar de lesão muscular. Como Balotelli não pôde ser inscrito, por já ter jogado nesta edição da ‘Champions’ pelo Manchester City, Boateng e Pazzini faziam companhia ao ‘Faraó’ do time milanês.
Desfalcado apenas de dois reservas – Adriano e Villa -, por sua vez, o Barcelona entrou em campo com sua escalação considerada ideal. A boa notícia foi a confirmação da presença de Xavi, que voltou a treinar no fim de semana após ter se recuperado de uma lesão muscular na perna direita.
Quando a bola rolou, a equipe italiana, mesmo menos cotada para avançar na competição, partiu para o jogo franco, marcando forte e explorando os contra-ataques, quase sempre buscando El Shaarawy. Os visitantes tentavam na base dos toques rápidos chegar ao gol de Abbiati.
Ainda no início do jogo, quem apareceu destacadamente foi o trio de arbitragem, comandado pelo escocês Craig Thomson. Primeiro, aos 11, o Barcelona reclamou muito de um impedimento marcado de Pedro após cruzamento de Daniel Alves. Logo depois, aos 15, o time espanhol voltou a se queixar quando um lance de impedimento foi ignorado.
Na sequência da jogada, o Milan conseguiu um escanteio. El Shaarawy fez a cobrança, Boateng deu leve toque, fazendo a bola cruzar toda a pequena área do Barcelona, saindo à esquerda de Valdés, na primeira grande oportunidade de gol do jogo.
Experiente, o time espanhol não se assustou e logo impôs seu ritmo, mantendo pacientemente a bola no campo adversário, mesmo sem criar chances de gol muito perigosas. Enquanto isso, o Milan começava a endurecer ainda mais a marcação, até com lances ríspidos, como o que rendeu cartão amarelo a Mèxes por falta em Messi.
O sistema defensivo do time anfitrião prevaleceu e conseguiu evitar que o Barcelona, mesmo encerrando o primeiro tempo com 67% de posse de bola, fosse para o intervalo em vantagem.
Para o segundo tempo, as equipes voltaram sem qualquer alteração. Inicialmente, o jogo também não teve panorama alterado. Inclusive nas jogadas mais duras. Aos 9 minutos, foi a vez de Busquets levar cartão amarelo por falta violenta sobre Pazzini.
Passados três minutos, o Milan aproveitou uma falta, mas agora para abrir o placar. Após jogada ensaiada, Montolivo disparou da intermediária, a bola desviou em Pedro e Zapata, sobrando livre para Boateng bater de virada, com muito estilo, deixando Valdés sem chances de reação.
O gol obrigou o técnico Jordi Roura a rever seu sistema de jogo, lançando aos 17 minutos Alexis Sanchéz no lugar de Fábregas, em uma tentativa de conseguir mais poder ofensivo, já que um gol fora de casa facilitaria a vida da sua equipe na eliminatória.
A alteração surtiu pouco efeito, e o Milan seguiu mais efetivo. Aos 24 minutos do segundo tempo, mesmo com um “galo” na cabeça, resultado de um choque com Puyol, Pazzini arriscou um lance de efeito e finalizou com uma “meia-bicicleta”, para defesa de Valdés.
Essa foi a última aparição do italiano no jogo, que acabou substituído pelo jovem francês M’Baye Niang, que chegou a ser cotado para começar jogando.
Em uma das raras tentativas de furar a forte marcação do Milan na sua linha defensiva, Iniesta, aos 30 minutos do segundo tempo, recebeu no lado esquerdo da intermediária de ataque do Barcelona, cortou para o meio e disparou forte, com a perna direita. O chute, apesar de venenoso, saiu à esquerda de Abbiati.
Faltando nove minutos para o fim do tempo regulamentar, o time italiano resolveu fazer uma linha de passe extremamente bem sucedida dentro da área do adversário. Após bola invertida para a direita ofensiva ‘rossonera’, Niang ganhou da zaga do time catalã, passou para El Shaarawy, que ajeitou de primeira para Muntari disparar para o fundo das redes, ampliando o placar.
O meia ganês, aliás, foi um dos personagens centrais dos dias que antecederam o duelo. Tudo por conta de uma declaração do dono do Milan e ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que afirmou que Muntari era o homem ideal para anular o astro argentino Lionel Messi.
Nos minutos finais, o Barcelona até esboçou uma blitz em direção ao gol adversário, no entanto, nem mesmo os cinco minutos de acréscimos dados por Craig Thomson ajudaram a equipe, que seguiu sem conseguir perfurar o paredão milanista.