Foi uma primeira vez para não ser esquecida: acostumado a decidir jogos pelo Santos, na seleção e até no Barcelona – no título da Supercopa da Espanha -, Neymar brilhou neste sábado em sua estreia em um clássico contra o Real Madrid, com direito a um gol e uma assistência que renderam ao time catalão uma vitória por 2 a 1 e a manutenção da liderança do Campeonato Espanhol.

Com o triunfo no estádio Camp Nou, em duelo pela 10ª rodada da competição, o Barça chegou a 28 pontos, contra 22 do arquirrival, que está em terceiro. O vice-líder é o Atlético de Madrid, que soma 24 e amanhã receberá o Betis (17º).

Escalado para jogar na faixa esquerda do campo pelo técnico Gerardo Martino, como de hábito e o que gera alguma controvérsia entre seus fãs, que reclamam que esse posicionamento lhe tira protagonismo, Neymar mostrou que pode ser decisivo neste e em qualquer outro lugar do ataque.

Pode-se dizer sem receio que hoje o brasileiro roubou a cena de ninguém menos que seu companheiro de equipe Lionel Messi, sendo mais envolvido em lances agudos que o eleito pela Fifa quatro vezes como o melhor jogador do mundo, e de Cristiano Ronaldo. Neymar levou perigo constante ao setor defensivo do Real, escalado pelo técnico Carlo Ancelotti com Varane e Pepe na zaga e tendo como novidade a utilização de Sergio Ramos à frente deles, como volante.

Mas o Barcelona tinha três atacantes letais – Além de Messi e Neymar, também estava em campo Cesc Fábregas – e passou todo o primeiro tempo pressionando. Se nos tempos de Josep Guardiola no comando do time catalão a estratégia era manter a posse de bola o máximo possível, com ‘Tata’ Martino, mesmo sem perder essa essência, a ordem é ser ainda mais agressivo nos contra-ataques.

Esse estilo é perfeito para a velocidade de Neymar mesmo jogando na ponta esquerda. Afinal, o brasileiro tem também a seu favor o fato de atuar com ótimos armadores – Xavi e Iniesta – que exploram bem sua rapidez e ajudam a torná-lo quase imparável.

Com apenas 14 minutos de jogo, Neymar já tinha causado um estrago à estratégia de Ancelotti de apostar em Ramos na cabeça da área. O volante improvisado fez uma falta dura sobre o ex-santista e, um minuto depois, após tomar um chapéu, deixou o cotovelo no peito do brasileiro e levou cartão amarelo, sendo obrigado a “pegar leve”. Com isso, acabou substituído no intervalo por Ilarramendi.

Aos 19 minutos, melhor na partida, o Barcelona abriu o placar com gol de Neymar. Iniesta arrancou pelo meio e serviu o atacante na esquerda, de onde, dentro da grande área, bateu cruzado. A bola desviou em Varane e entrou.

Messi – quem diria – teve uma noite de coadjuvante. Poderia até ter sido diferente se, apenas um minuto depois do gol de Neymar, tivesse aproveitado uma excelente oportunidade. O argentino partiu sozinho pela direita, nas costas do lateral Marcelo, entrou pela diagonal na área e bateu rasteiro, mas a bola foi para fora.

O jogo foi para o intervalo com o Barcelona dando a impressão de que aumentaria a vantagem em breve, mas o que se viu no começo da segunda etapa foi o oposto. O Real Madrid partiu para cima, se mostrou mais atento na retaguarda e diminuiu os espaços. Mesmo assim, não os fechou completamente e, aos nove minutos, Neymar quase fez o segundo dele, após receber lançamento na área e bater em cima do goleiro Diego López, que fechou o ângulo.

Pouco depois, Cristiano Ronaldo, até então mal reparado em campo, soltou uma bomba que Victor Valdés foi forçado a mandar para escanteio. E o português ainda reclamou de um pênalti não marcado de Javier Mascherano sobre ele aos 26, quando sofreu carga do argentino ao entrar na área.

Susto ainda maior o goleiro do Barcelona levou aos 28, quando Karim Benzema, que havia substituído Bale, arriscou de fora da área e carimbou o travessão. Aliás, Bale, o jogador mais caro da história do futebol, foi um personagem completamente apagado na partida.

Outra substituição que mexeu com a partida, mas de forma decisiva, foi a entrada de Alexis Sánchez no lugar de Fábregas. Aos 33, quando o Real era melhor, o Barcelona encaixou um contra-ataque e Neymar deu passe para o atacante chileno, que venceu Varane na corrida e encobriu Diego López. Um golaço.

E apenas cinco minutos depois veio o lance mais bonito da partida, que teve Cristiano Ronaldo como vítima. Acostumado a entortar seus marcadores, o português levou um drible de Daniel Alves por baixo das pernas ao ajudar na defesa e quase fez pênalti no brasileiro, que chutou para defesa de López.

Gerardo Martino substituiu Neymar aos 40 minutos, colocando Pedro Rodríguez, e o Camp Nou aplaudiu o brasileiro de pé. No Real, Jesé, que havia entrado no lugar de Di María, descontou aos 46, após receber passe de Cristiano Ronaldo e quando a torcida do Barcelona ainda festejava. Mas não houve tempo para arrancar o empate, pois após um lance dos donos da casa no ataque, o árbitro Alberto Undiano Mallenco deu o apito final.

Ficha Técnica:

Barcelona: Víctor Valdés; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Adriano; Busquets, Xavi e Iniesta (Song); Cesc (Alexis Sánchez), Messi e Neymar (Pedro). Técnico: Gerardo Martino.

Real Madrid: Diego López; Carvajal, Sergio Ramos (Ilarramendi), Pepe, Varane e Marcelo; Khedira, Modric, Di Maria (Jesé) e Bale (Benzema); Cristiano Ronaldo. Técnico: Carlo Ancelotti.

Gols: Neymar e Alexis (Barcelona); Jesé (Real Madrid).

Árbitro: Alberto Undiano Mallenco.

Cartões amarelos: Adriano e Busquets (Barcelona); Sergio Ramos, Marcelo, Bale e Cristiano Ronaldo (Barcelona).

Estádio: Camp Nou, em Barcelona.


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Com gol e assistência, Neymar decide 'superclássico' para o Barcelona