<p>Acabou o sofrimento da Fiel torcida. Neste sábado, dia 25 de outubro de 2008, o Corinthians mostrou a sua força no Pacaembu diante do Ceará, venceu por 2 a 0 e garantiu, como já era esperado por todos, o retorno à elite do futebol brasileiro na próxima temporada. Curiosamente, no dia em que o acesso foi garantido o que menos importou foi a partida que acontecia ali.</p>
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<p>Desde as 13h, quando foram abertos os portões do Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, a festa já estava armada. Em cada assento do estádio, bandeiras preto-e-brancas para o torcedor empurrar o time, que chegou ciente da responsabilidade de conseguir o acesso ("Estamos preparados", garantiu Dentinho na descida do ônibus) e ansioso pelo apito final de duas partidas: a que iria começar ali mesmo, frente ao Ceará, poucos minutos depois, e também, o término do jogo na Arena Barueri, onde o time da casa não poderia vencer o Paraná Clube para não conseguir mais alcançar o Alvinegro em pontos.</p>
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<p>A euforia, os cantos e toda a animação da torcida corinthiana foram coroados pela natureza, que colaborou com um show de luzes espontâneo. Com o sistema de irrigação ligado e o céu completamente azul da tarde paulistana, os raios solares atravessaram os jatos d’água, proporcionando uma visão de arquibancada e gramado multicoloridos. "Que beleza, espero hoje que o Timão faça bonito assim também", arriscou o torcedor Mário Luander, de 55 anos, e com "mais de 45 de Pacembu".</p>
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<p>Mário, como tantos outros na arquibancada, acredita que o rebaixamento para a Série B foi importante para o Corinthians se restruturar e buscar na força da torcida o seu reerguimento. "Foi muito duro o que ocorreu no ano passado e hoje é dia de fazermos festa para acabar logo com tudo isso e só desfilar até o final do ano", afirmou, olhando impacientemente no relógio. "Pior que ainda faltam 20 minutos", lamentou, para pouco tempo depois, distrair-se com as cheerleaders que dançavam em campo. "Se demorar um pouco mais, deixa elas aí mesmo que a gente não reclama não", divertiu-se.</p>
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<p><strong>Depois do primeiro gol, ninguém mais parecia estar ali para assistir a um jogo</strong></p>
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<p>Beleza das dançarinas à parte, o que os mais de 35 mil torcedores queriam era um triunfo do Alvinegro e a confirmação da volta à elite diante dos cearenses, que já não tinham maiores pretensões na Segundona. De olho no placar eletrônico, a Fiel sabia que para o acesso ocorrer, uma secadinha básica no Barueri era necessária. "Quando eu pensaria que rivalizaria alguma vez na vida com o ‘fortíssimo’ Barueri? Começa loooogo jogo, volta loooogo Corinthians", berrou um torcedor mais exaltado.</p>
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<p>A sensação que todos gostariam de sentir, a da redenção, estava perto. Tão perto que os jogadores do Timão pareceram absorver as expectativas da torcida e, logo aos 9 minutos de jogo, Douglas abriu o placar após boa jogada do sempre insistente Herrera, que definitivamente caiu nas graças da massa alvinegra. Daí em diante, parecia que ninguém estava ali para assistir um jogo de futebol…</p>
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<p>Um ou outro lance ali, mais um outro acolá, e emoção e vibração mesmo, só quando Chicão ampliou o placar já na segunda etapa. O mais interessante nesta tarde de sábado parecia ser mesmo o placar eletrônico: ao delírio total a Fiel só chegou com os gols do Fluminense sobre o Palmeiras na Série A e com a vitória, enfim, confirmada, do Paraná sobre o Barueri. No Pacaembu ainda restavam mais de 10 minutos de jogo.</p>
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<p><strong>Dez minutos por pura formalidade</strong> </p>
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<p>Jogo esse que só parece ter continuado por formalidade da arbitragem e por respeito ao time do Ceará. Naquela altura do confronto, o goleiro Felipe já chorava no gramado, a torcida já se debruçava no alambrado para saudar seus atletas e todos, absolutamente todos, já cantavam o hino do Corinthians a plenos pulmões, inclusive, o técnico Mano Menezes. "Ninguém tá nem aí pro jogo, queremos é gritar, extravazar e tirar todo o peso que o ano de 2007 deixou sobre as nossas costas", disparou Ataliba, ex-jogador das décadas de 70 e 80.</p>
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<p>Ainda antes do término do duelo, conforme fora anunciado durante toda a semana, o sistema de som do estádio tocou em alto volume o hit "O Portão", de Roberto Carlos, conhecido pelo refrão "<em>Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar"</em>. Deu até para escutar um canjinha do ex-goleiro e ídolo da Fiel, Ronaldo, que das cabines de transmissões, acenava para a torcida e cantava a música do Rei, lembrando seus bons e velhos (bons???) tempos de rockeiro, com a banda <em>Ronaldo e os Impedidos. "</em>Eu era bom debaixo da trave", brincou ele aos berros quando alguns torcedores brincaram com a sua performance desafinada.</p>
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<p>No entorno do estádio, mais uma prova de que a partida, já encerrada, pouco importou para quem esteve ali. Buzinaço, concentração de torcedores uniformizados cantando muito e bandeiras e mais bandeiras espalhadas pelas imediações do local, davam o tom da festa de uma das maiores torcidas brasileiras, que hoje, estufa o peito e grita com muita, mas muita, alegria: "ÔÔÔ o Coringão voltoooooooou".</p>
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