O atacante uruguaio Diego Forlán está encarando um novo desafio em sua vitoriosa carreira – agora como principal jogador do Cerezo Osaka, do Japão – enquanto se prepara para a Copa do Mundo, na qual garante que a seleção de seu país vai dificultar a vida de grandes favoritos, como Brasil e Espanha.
Em entrevista à Agência Efe, Forlán se mostrou satisfeito com a decisão de deixar o Internacional em fevereiro e se transferir para o Japão. O melhor jogador do Mundial de 2010 lidera um projeto de impulsionar a qualidade da primeira divisão da J-League, da qual é a maior estrela.
Com seis gols em dez partidas no torneio e outros dois em cinco jogos pela Liga dos Campeões da Ásia, o uruguaio está atendendo às expectativas e se vê muito bem preparado para a Copa.
“Se sentir bem e feliz onde estiver jogando é a melhor forma de preparação que se pode ter para o Mundial”, garantiu Forlán, que além do Internacional já defendeu clubes de Argentina, Inglaterra, Espanha e Itália antes de se aventurar no continente asiático.
Perto de completar 35 anos, o atacante já conhecia o Japão graças aos vários jogos que disputou com a seleção uruguaia no país e não teve nenhuma dúvida na hora de aceitar o convite de ir para a terra do Sol Nascente. A hospitalidade e o respeito dos japoneses são os pontos positivos destacados por ele.
“Obviamente há coisas diferentes como o idioma e os costumes, mas trato de aproveitar este desafio. Nunca imaginei que um dia estaria jogando no Japão, mas aqui estou, e aproveitando bastante”, revelou o jogador, que já é capaz de arriscar algumas palavras na nova língua.
O futebol japonês também está impressionando Forlán. O jogador agradeceu pelo apoio espetacular que recebeu dos torcedores em sua chegada e elogiou o nível do campeonato e dos estádios, que ficam lotados a cada vez que o Cerezo Osaka joga como visitante.
Na última rodada, o clube ganhou fora de casa do Nagoya Grampus por 2 a 1, com uma assistência e um gol de Forlán, diante de quase 40 mil pessoas que encheram o Toyota Stadium, onde raramente se chega à metade da capacidade.
“O Cerezo Osaka é um grande clube com uma equipe jovem e que aposta nas categorias de base”, disse o uruguaio sobre o clube que revelou Shinji Kagawa, um dos principais jogadores da seleção japonesa e que agora defende o Manchester United.
A equipe está na nona posição do Campeonato Japonês (que termina dezembro) com 16 pontos, seis a menos que o líder Urawa Reds. Nesta terça-feira (06), o time disputará jogo de ida pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Ásia contra o atual campeão, Guangzhou Evergrande, da China.
Forlán define o futebol japonês como “muito rápido e bonito” e com “jogadores de muita técnica”. Tais qualidades ele credita ao intercâmbio cultural e futebolístico com preparadores físicos, técnicos e atletas brasileiros.
Ao falar da Copa do Mundo, Forlán disse estar ansioso para que chegue logo o período de preparação, que começa dentro de quatro semanas no Uruguai, para entrar no clima da competição.
O jogador rejeita apontar sua seleção como uma das principais favoritas ao título – segundo ele, Brasil, Espanha, Alemanha, Holanda, Argentina e Itália estão à frente -, mas garante que a Celeste dará muito trabalho para os adversários.
A primeira fase, na qual sua seleção enfrentará Itália, Inglaterra e Costa Rica, foi considerada um grande desafio pelo atacante. Segundo ele, o Uruguai está no mesmo nível de seus rivais no Grupo D e chamou atenção para o time da América Central, que “ninguém considera candidato a se classificar, mas que é muito bom”.
Por isso, Forlán pediu respeito a todos os adversários, embora não não tenha medo de enfrentar o Brasil ou a atual campeã na segunda fase.
“Somos um país de apenas 3 milhões de habitantes, mas se enfrentássemos os outros pensando que somos inferiores, não teríamos a história e os títulos que temos”, disse, confiante.
E no caso de voltar a enfrentar o Brasil em uma partida decisiva, ele descartou que a lembrança do “Maracanazo” possa ter algum efeito, já que o inesquecível 2 a 1 sobre o país anfitrião da Copa em pleno Maracanã aconteceu há 64 anos.
“O povo uruguaio desfrutou disso, e somos orgulhos dessa façanha heroica. Mas se nós jogarmos contra o Brasil, seja na final, nas semis, quartas ou oitavas, isso não será lembrado. Para os jogadores, será outro jogo”, explicou.
Forlán disse que seu papel dentro de campo dependerá do que for pedido pelo técnico Óscar Tabárez. No momento, seu foco está em se preparar bem física e tecnicamente, para dar o máximo pela seleção.
Ao fim da Copa do Mundo, ele voltará ao Japão, já que tem contrato até dezembro com o Cerezo Osaka e sua família está muito feliz vivendo no país. Inclusive, ele deixou aberta a possibilidade de continuar no clube por mais uma temporada.
“A menos que chegue uma grande oferta…”, ponderou Forlán, sempre disposto a enfrentar novos desafios.