“Passou um flashback da minha carreira, da minha mãe, do meu pai e eu repetia seguidamente a frase ‘Eu consegui!’”, foram as primeiras palavras de Tony Kanaan após o término de seu testes com a BAR, nesta quarta-feira, em Jerez de la Frontera. Este foi o primeiro contado do piloto em um carro de F-1.

A mãe do piloto, Miriam, afirmou que o maior sonho de infância de Tony era chegar a F-1.“Eu lembro como se fosse hoje, eu e o pai dele na sala de casa e o Tony tinha uns 8 ou 9 anos. O pai dele perguntou o que ele gostaria de ser, e a resposta do Tony foi tão segura, que até me assustei. Ele disse somente ‘Fórmula 1 papai’ e repetiu umas 3 vezes”, conta.

Com problemas elétricos, o brasileiro completou apenas 50 das 100 voltas que tinha direito. A melhor delas foi 1min19s114, 1s6 atrás de Anthony Davidson, piloto de testes da BAR, que fez 93 voltas. “Levando em consideração que foi a primeira vez que corri em Jerez, e a primeira vez que entro num F1, os tempos foram bons. Eu, particularmente, estou extremamente satisfeito com meu desempenho. É uma pena que não posso ir para a pista na sexta, pois a BAR dará oportunidade ao programa de jovens talentos. Eu acredito que mais um dia de teste, eu viraria na mesma casa que o Davidson virou hoje. Mas, volto a dizes, estou imensamente feliz pelo trabalho que realizei hoje. Nós sabemos que os japoneses são bem reservados e não costumam dizer muito sobre o que acharam, mas eu acho que eles estão satisfeitos”, afirmou.

Tony Kanaan contou as principais diferenças entre a IRL, categoria que foi campeão em 2004, e a F-1. “Isso aqui é um absurdo! Quando eu troquei de 3a marcha para 4a, meu capacete grudou lá atrás. Quando eu pisei no freio, parecia que ia enfiar a cara no volante (risos)", disse, mas não teve problemas quanto a velocidade. “Na primeira volta, os engenheiros disseram para eu não fazer a parte alta com aceleração total. Mas já na terceira volta, eu estava pisando 100%”, comentou o piloto. Para ele, os pneus nas categorias se diferem muito. Dos nove jogos de pneu que teria direito, usou apenas quatro.

“Na Indy, a primeira volta com pneus novos é ótima, a segunda boa, a terceira ok e vai caindo aos poucos. Aqui, a primeira é perfeita, mas já na segunda volta, a diferença é brutal. Isso eu tive um pouco de dificuldades para me adaptar”, explicou Kanaan. Sobre a tecnologia, ele disse que não há comparação. "Na F-1 os recursos são bem maiores.”

O teste com a BAR foi organizado pela Honda, uma espécie de "prêmio" pelo título do brasileiro na Indy em 2004. A montadora japonesa fabrica motores para a equipe de Tony na IRL e da BAR na F-1.

“Não tenho nem palavras para agradecer a Honda. Não é de hoje que eles fazem parte da minha carreira, e não poderia ser diferente” disse Tony.

“É uma sensação fantástica de realização. Uma pena que não tem mais circuitos mistos nessa temporada da Indy, pois ninguém iria me segurar (risos)”, concluiu Kanaan.


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F-1: Tony Kanaan fala sobre seu teste com a BAR

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