Cordas, mochilas e luvas espalhadas pelo chão. Na segunda noite do Inverno, o que faria você sair de casa às dez da noite para encontrar os amigos no viaduto da Avenida Sumaré? E se os amigos em questão forem os <i>Los Amigos</i>, convidando você para uma simples aventura?
Bem, se você nunca viu, certamente já ouviu falar de uma turma que se reúne no viaduto da Avenida Sumaré para praticar rapel, guiada pelos instrutores da equipe Los Amigos. Nesta sexta-feira (23), o <b>Virgula</b> foi conhecer de perto a prática conhecida como rapel urbano.
Thiago Araújo Feitosa, um dos instrutores da equipe, pratica rapel no viaduto há mais ou menos cinco anos. Ele conta que hoje costumam atender em média de 30 a 50 pessoas, corajosas o suficiente para descer os 30 metros que separam o viaduto da Avenida Sumaré. Mas esse número já foi maior, entre 100 e 150 pessoas. Depois que parte da equipe foi para Portugal, eles deram uma parada, mas agora voltaram com tudo.
Noite agitada apesar do frio. Alguns acompanhando e outros encorajando amigos. O medo é uma sensação muito presente quando se está preso a uma corda e a alguns metros do chão. Um exemplo é Ana Aparecida, 28 anos. Ela já foi três vezes ao viaduto e ainda não conseguiu descer porque tem medo de dar trabalho para os meninos. Já imaginou a vergonha?, diz ela. Afinal, pode acontecer de alguém desmaiar ou desistir. Mas se desistir no meio do caminho, os instrutores avisam: não tem volta.
<b>Segurança</b>
Formado em Educação Física e Pós-Graduado em Psicopedagogia, Máscara é o mais experiente dos instrutores na equipe. Desce fazendo acrobacias, brincando (aliás, todos eles). Como se tudo fosse muito fácil. Faz isso há 12 anos. Imaginem que já desceu de uma altura de 270m, na Cachoeira Boca da Onça em Bonito. Já imaginou?
A maior preocupação de Máscara é a segurança. Ele nos conta que no início, a descida era feita de forma irregular por instrutores que não usavam os equipamentos corretos. Depois da reclamação dos companheiros, hoje todas as equipes seguem as normas de segurança e segundo ele, não há perigo em se aventurar. O único problema ocorreu com o pêndulo, que eles já não praticam mais.
O local é liberado pela prefeitura para atividades esportivas e lazer. Sobre o rapel, Máscara diz que não é um bem um esporte. O esporte é a escalada e o rapel uma técnica de descida.
<b>Desafio</b>
As equipes dividem o espaço do viaduto sem brigas. Nesta noite são quatro no total. O resultado é uma reunião de pessoas, que estão ali dispostas a fazer alguma coisa diferente numa sexta-feira à noite. Enquanto uns descem, outros apenas observam, estão ali para fazer amigos, bem menos perigoso.
Rodrigo Burssed, de apenas 16 anos, ouviu com atenção as orientações do instrutor antes de descer. Com iniciantes, a precaução é redobrada. Além do instrutor que o acompanha, outros dois o seguram por cima e por baixo. O garoto parecia nervoso e as fotos vão revelar isso mas minutos depois, já dizia que apesar do medo, iria se aventurar novamente.
Depois de observar várias pessoas se arriscando, chegou a minha vez de descer. Vontade de desistir não faltou, mas depois que se perde o apoio dos pés, já não tem mais volta, e o jeito mais fácil de sair logo dali é descendo. As sensações de medo e adrenalina se misturam, e por mais que você deseje colocar os pés no chão, a primeira coisa que você vai pensar quando pisar em solo firme será: Mas já!.
Então, para quem estiver procurando um programa diferente para a sexta à noite, ou simplesmente um pretexto para fazer novas amizades, é só aparecer no viaduto da Avenida Sumaré, lá pelas dez da noite. Os únicos requisitos são: não ter medo e estar aberto a novas experiências.
<b>Serviço:</b>
O quê – Rapel no Viaduto Sumaré
Quando – Sextas-feiras, a partir das 22h.
Onde – Avenida Dr. Arnaldo Próximo a Estação Sumaré do Metrô.
Quanto R$ 5,00.
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