Depois de guiar em diversas categorias pelo mundo, como F-1, F-Cart e Nascar, o piloto Christian Fittipaldi aceitou o desafio de correr na Stock Car, maior categoria do automobilismo nacional. Em entrevista exclusiva ao <b>Virgula Esporte</b>, o piloto conta sobre suas metas para esta temporada, além da experiência em ter competido contra Emerson, Piquet e Senna.
<b>Virgula Esporte: Christian, com tantos quilômetros rodados, tantas categorias pela qual passou, você tem memória para guardar todas as conquistas?</b>
<b>Christian Fittipaldi:</b> Com certeza. Tenho uma memória boa para tudo que fiz, principalmente sobre meu começo de carreira aqui no Brasil. Lembro das minhas corridas de kart, no início dos anos 80. Lógico que existem provas que marcam mais que outras durantes esses quase, tenho até vergonha de falar (risos), 25 anos de carreiras.
<b>VE: Como está sendo sua readaptação ao automobilismo brasileiro?</b>
<b>CF:</b> Até agora fizemos apenas a prova de São Paulo. Não foi a melhor corrida da minha vida (ele chegou na 18a. posição), mas faz parte. Automobilismo é um esporte muito difícil, dentro e fora do Brasil. As vezes você ganha, as vezes você perde. Agora é virar a página, vamos para a prova de Curitiba (dia 15 de maio), onde estaremos mais entrosado, o carro, com certeza, vai ter uma performance melhor e espero que possamos ter um ritmo bom, marcarmos muitos pontos e seguirmos assim até o fim do ano.
<b>VE: Estrear na Stock Car, em um carro novo para a categoria (Mitsubishi Lancer) e em uma equipe com poucos anos de vida, faz com que essa temporada seja o maior desafio da sua carreira?</b>
<b>CF:</b> Não sei se é o maior, mas está entre os três maiores, justamente por tudo isso que foi perguntado, pelo fato de ser tudo novo. Além disso, na Stock Car você precisa mais de manha do que talento para guiar. A categoria está em uma fase extremamente dificil, com pilotos e equipes ótimas, além de grande empresas participando dela. Com tudo isso unido, faz com que a Stock Car seja bem mais difícil do que era há dois, três, cinco anos atrás.
<b>VE: Após a primeira etapa, o Guto Negrão disse que tem "muitos pilotos enferrujados". Você concorda com ele?</b>
<b>CF:</b> Em um certo aspecto, sim. Infelizmente, faz parte do regulamento da Stock Car não poder treinar separado, assim dá mais chances para todas as equipes. Se tivessemos mais treinos, não teriam tantos ‘enferrujados’ como o Guto falou. É difícil um piloto ficar parado desde novembro até maio. O que mantem a gente em forma é quando vamos a pista o maior número de vezes. Eu não tive esse problema (de estar ‘enferrujado’), pois essa foi a minha terceira ou quarta prova que corri neste ano.
<b>VE: Além da Stock Car, você competiu em diversas categorias e enfrentou vários pilotos. Entre eles, Emerson, Piquet e Senna. Qual lembrança você trás dos três?</b>
<b>CF:</b> Com certeza, cada um desses tem seu ponto forte. São três campeões, mas dentro de cada campeão, tem sua característica específica. Do Senna, eu sempre me lembro de um treino que estavamos participando na Espanha, embaixo de muita chuva. Ele me passou no meio da reta e saiu tocando seu carro daquela forma genial que ele guiava na chuva. No momento da ultrapassagem, o diferença da minha Minardi para a McLaren dele era tão brutal, que no momento pensei: ‘Nossa, parece que estamos em dois planetas completamente diferentes’. A maneira que ele guiava na chuva era espetacular.
Quanto ao Nelson, corria apenas uma vez contra ele. Foi em uma Mil Milhas, em 1994, prova que ganhei. A equipe dele era composta pelo Ingo Hoffmann e o Johnny Ceccotto, se não me engano, e corriam em uma BMW e a minha era eu e meu pai (Wilsinho Fittipaldi) em um Porsche. Não tenho, sinceramente, muito para poder falar do Piquet, mas o que ele conquistou na F-1 dispensa comentário. É um ótimo piloto.
Enquanto ao meu tio (Emerson Fittipaldi), a melhor memória que eu tenho dele foi em uma prova em Long Beach, em 1995. Foi um pega legal, onde eu passei ele no começo da corrida, depois ele me passou e, no fim da prova, faltando quatro voltas para acabar, o Al Unser Jr. estava em primeiro, o Emerson em segundo e eu em terceiro. Logo depois, o carro do meu tio quebrou e eu pulei para segundo, mas o meu teve problemas na última volta, então, nenhum dos dois chegaram no pódio. Essa foi a melhor memória que eu tenho e a pior foi o fato dele ter ficado fora das 500 Milhas de Indianapólis naquele ano. Eu cheguei em segundo e ele não conseguiu se classificar. Em 1994, a equipe do Emerson tinha dominado a corrida e todo mundo ficou chocado com o fato de nenhuma Penske ter se classificado para o grid. Adoraria ter feito essa corrida com ele.
<b>VE: Neste dia 1o. de Maio, fizeram 11 anos que o Senna faleceu. Você estava competindo aquela corrida. O que você tem para contar sobre este dia fatídico?</b>
<b>CF:</b> É um dia, principalmente para as pessoas da minha geração, que vai difícil de esquecer, ainda eu, que estava naquela corrida. Quando aconteceu o acidente e a prova teve que ser interrompida, nenhum piloto sabia o que tinha ocorrido. No momento que vi o carro, imaginei que, no máximo, ele tinha fraturado um braço, uma perna. Pensei que ‘Graças a Deus é algo só mecânico e agora é uma questão de tempo para engessar o braço ou a perna e daqui há 40, 60 dias ele está de volta’. Mas ninguem tinha idéia do quanto aquilo foi grave, tanto que teve a relargada da prova, na qual era o quinto até as últimas duas voltas, quando tive que parar por problemas. Cheguei no box e o clima estava estranho, com todo mundo meio quieto e, acredito, que algumas pessoas mais-ou-menos sabiam, mas queriam segurar a notícia ao máximo. Quem me contou sobre a morte foi, se não me engano, o (J.J) Lehto, meia hora após a corrida. Ele chegou e me disse: ‘Você viu o que houve? O Senna morreu’. Achei que era brincadeira, pois tinhamos uma imagem imortal dele e isso nunca passou pela cabeça de ninguem. A morte dele foi a gota d`agua de um fim de semana trágico. O Rubinho teve um acidente grave na sexta, o Roland (Ratzberger) morreu no treino e ainda teve a morte do Senna.
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