Gilberto foi o lateral-esquerdo reserva da Seleção Brasileira nas duas últimas Copas do Mundo (2006 e 2010). Com experiência de sobra, passou por clubes como América-RJ, Flamengo, Cruzeiro, Internazionale, Vasco, Grêmio, São Caetano e Hertha Berlin, até chegar no Tottenham Hotspur, onde jogou com Gareth Bale, no início da carreira do jogador no clube londrino. E é aqui que o Virgula Esporte centra a entrevista do agora ex-atleta que, aos 37 anos, cuida de uma empresa de marketing esportivo.
Carioca do Rio de Janeiro, tem experiência de sobra e já conviveu com personalidades diferentes em mais de 17 anos de carreira. Mesmo assim, não esqueceu de como chegou aos Spurs, no início de 2008, e a relação que teve com o galês, recentemente vendido ao Real Madrid por R$ 312 milhões o que o tornou o jogador mais caro da história do futebol.
Só que Gilberto foi lateral na maior parte de sua carreira, assim como Bale que, só de dois anos para cá, tornou-se este meia ofensivo que protagonizou os jogos do Tottenham nos últimos tempos. E foi por causa de uma lesão dos dois atletas da posição que o brasileiro foi contratado.
“Quando cheguei, ele (Bale) estava lesionado, e aí tinham o Benoît Assou-Ekotto, que estava machucado também. E aí, o Juande Ramos (técnico) tentou a minha transferência a todo custo com o Hertha Berlin. Eu fui pra lá por conta disso também. Os dois estavam machucados. Eles (o Tottenham) fizeram toda a minha recuperação. Mas como na minha estreia não fui bem, ele acabou colocando novamente esses jogadores para jogar”, lembrou ele que.
Gilberto usou da humildade quando perguntado se as características ofensivas às quais Bale foi aperfeiçoando não tiveram um toque seu. Isso porque Gilberto sempre teve no lado ofensivo um de seus maiores trunfos e, quando veio para o Cruzeiro, em 2009, usou a camisa 10 da Raposa, como um legítimo meia.
“Acho que não tive importância nenhuma. Na realidade, quem teve essa grande sacada foi o treinador que estava, o Harry Redknapp (que veio depois de Ramos e treinou o time de 2008 a 2012). Ele sim teve a grande sacada, porque ele tinha dois grandes jogadores na realidade – um completava o outro. O Benoît marcava demais, mas não tinha tanta qualidade ofensiva. E o Bale já tinha uma qualidade ofensiva, era mais habilidoso, tinha um chute mais preciso, um cruzamento impressionante. Só que era mal aproveitado”, pontuou.
Ainda assim, o jogador que marcou um dos gols do Brasil sobre o Japão na primeira fase da Copa de 2006, na goleada por 4 a 1, relata que não via no então promissor lateral esse jogador que vemos hoje, contratado por tal quantia astronômica.
“Não esperava que ele fosse crescer tão rápido. É um jogador espetacular. Já era um jogador promissor, já batia bem na bola, fazia uns golzinhos, já criava algumas jogadas, mas não da maneira como está hoje. Hoje está um jogador muito mais agudo, muito mais de definição; é um cara que arma jogada, mas define também, chuta muito a gol. E é um moleque, né? Acho que tem 21, 22 anos, se não me engano (Bale tem 24 anos completados em julho passado). Então, a tendência é que ele cresça mais ainda, ganhe mais experiência. O futebol espanhol já é um futebol diferente e lá precisa usar muito mais habilidade, sendo que o futebol inglês é muita correria. Vamos ver. Mas eu não esperava que ele fosse crescer tão rápido, mas cresceu muito e, sem dúvida nenhuma era o principal jogador do Tottenham nessas últimas temporadas. Foi o jogador principal”, cravou.
Tendo convivido de perto com Bale, Gilberto contou um pouco de como é a personalidade do jogador nascido em Cardiff, capital do País de Gales. Como aparenta em entrevistas, o novo camisa 11 do Real Madrid tem uma personalidade pacífica e não era jogador de muitas festas ou brincadeiras.
“Ele era supertranquilo. Inclusive, eu até ficava mais com ele e com outro jogador, o Chris (Gunter, hoje joga no Reading), que é do país dele. Eles ficavam mais juntos, porque eram um pouco mais jovens que os demais que estavam lá, e, por ser brasileiro, eles faziam muita pergunta. Era eu, o Giovani dos Santos (mexicano filho de brasileiro), o Gomes (goleiro), o Bale e o Chris. Então a gente ficava mais tempo junto. Ele era supertranquilo, não falava muito, mas treinava bastante, ficava muito na dele, dava muita risada – a gente dava muita risada. É um moleque que merece”, completou.