"Corinthians contrata artilheiro e a notícia torna-se o assunto do momento". Pouco mais de 10 anos atrás, em 1997, esse mesmo texto também valia, guardadas as proporções, só que com Túlio Maravilha, ainda com a moral do Campeonato Brasileiro de 1995, que conquistara no Botafogo. A coincidência não escapa à atenção de Túlio e ele é só elogios tanto para a contratação do Corinthians quanto para a opção do jogador, apesar de ressaltar que é preciso tomar cuidado.

 

E não falta assunto em que Túlio estar ligado. Além de sua iniciante como carreira política, após ser eleito vereador com a segunda maior votação para a Câmara de Goiânia, preocupa-se também em saber por qual time atuará no ano que vem. Depois do fim da série B de 2008, foi dispensado pelo Vila Nova, que tinha pretensões de subir, mas não conseguiu, apesar do jogador sagrar-se goleador da competição, com 24 gols. Normal. Em vinte anos de carreira, ele já aprendeu muito sobre o ofício de fazer gols e sabe bem que quem ser artilheiro não pode nunca estar desatento. No máximo parecer que está.

 

A carreira política limita a escolha de times?

Limita porque principalmente neste primeiro ano, quero exercer lá em Goiânia. Se eu viesse para algum time do Rio de Janeiro ou São Paulo, seria antiético com os meus eleitores e com o pessoal que trabalhou na campanha; pedir o voto, comprometer-me e depois virar as costas. Não posso.

 

Antes de ser dispensado pelo Vila Nova, você tinha alguma idéia de que isso pudesse acontecer?

Eu sabia de um rumor, porque eles investiram muito alto, então agora veio a redução de gastos, com a contratação de jogadores mais novos. O que não dava para imaginar é que fosse tão drástico, praticamento o time todo foi embora. Tomara, então, que sejam felizes, que aconteça o melhor para o clube.

 

Há alguns meses, você falava da possibilidade de vir a defender o Goiás, caso o Vila Nova não subisse à série A. Você acha que isso pode ter magoado os dirigentes do time?

Não,de forma nenhuma. Sempre falei que sou do futebol goiano. Tanto no Atlético Goianiense, quanto no Goiás e no Vila Nova, eu fui artilheiro, consegui títulos. É questão de momento mesmo, do que foi a decisão do clube. Posso ser útil para o Goiás ou para o Atlético se eles quiserem um jogador de nível de Série A com capacidade para fazer muitos gols.

 

Você sabe apontar os seus cinco artilheiros preferidos?

Eu, Romário, Ronaldo, Reinaldo e Careca.

 

Quais os grandes garçons com quem gostaria de jogar? Que com os passes deles, você poderia fazer ainda mais gols.

O Alex, que era do Cruzeiro e agora está no Fehnerbaçe. Com ele, eu certamente faria muitos gols. De hoje em dia tem também o Douglas, do Corinthians. E, claro, o Zico. Mas jogador assim tá raro. Hoje o pessoal se preocupa só em marcar, esquece de jogar.

 

E com isso, fica mais difícil fazer gol ou fica mais fácil quem joga se sobressair?

Dificulta. Tem menos espaço para fazer o gol, as oportunidades são em menor número. Com essa valorização do físico e com jogadores mais jovens, a gente tem que usar experiência, a melhor colocação possível, saber dosar a energia. Eu não vou tentar competir com gurizada em pique comprido. Tem que ser pique curto, para chegar na frente deles.

 

Há pouco mais de 10 anos, a sua contratação pelo Corinthians foi um dos negócios mais comentados do futebol brasileiro. Agora é o Ronaldo. Com a sua experiência no Timão, que cuidados você acha que ele deve ter?

O Ronaldo tem que se cuidar, se ligar em jogar futebol, descansar e viver para a família. Se sair à noite, sair da dieta, aí vai se perder. Mas ele tem tudo para voltar a golear e de voltar para a Seleção e a Copa de 2010. Se ele ficasse no Flamengo, estaria mais à vontade, não teria tanta responsabilidade e talvez não se dedicasse tanto. Aqui, acho que o Corinthians dá estrutura para ele melhor que a do Flamengo e mais segurança, o futebol é mais organizado.

 

O futebol carioca tem como voltar a ser o mais forte do Brasil?

Vai demorar, tem que mudar radicalmente. Se não profissionalizar o futebol, vai ter mais time do Rio de Janeiro na segunda divisão.

 

E agora, em fim de temporada, como você faz para manter a forma enquanto acha outro time? A dieta permanece firme?

É a época de largar a dieta. Férias é hora de descansar, comer umas besteiras de vez em quando. Eu passo 11 meses me cuidando, no regime, se não houver abuso, não vai ser um mês que vai me fazer mal.


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Entrevista: os próximos rumos de Túlio Maravilha

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