Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o <b>Vírgula Esportes</b> entrevistou com exclusividade a nona colocada no snowboard nos Jogos de Inverno de Turim, na Itália. Isabel Clark falou das dificuldades que passou, das emoções e do preconceito com o esporte, ainda mais com as mulheres. Confira na íntegra a entrevista.

<b>Vírgula Esportes</b>: Como é pra você defender seu país nas Olimpíadas de Inverno sendo que não pode treinar nele?

<b>Isabel</b>: Foi uma experiência incrível, não faz muita diferença treinar ou não no país, já que a maioria dos atletas de alto nível precisam estar a maior parte do tempo seguindo o circuito de competições. Vários outros atletas acabam ficando a maior parte do ano fora do Brasil por encontrarem boas condições de treino no exterior, como o Rodrigo Pessoa (Hipismo) ou o Sandro Dias (Skate), por exemplo. Fico com saudades do Brasil, mas fazer o que se o que eu gosto de fazer é na neve?

<b>VE</b>: Como você se sente sendo umas das 10 melhores atletas de snow? Levando em conta todo preconceito contra as mulheres, ainda mais nesse esporte…

<b>Isabel</b>: Acho que o nono lugar que tive foi muito justo e fiquei muito contente com a minha performance este dia. As mulheres estão cada vez mais se superando no snowboard e a cada dia fica mais competitivo.

<b>VE</b> :Antes você não era conhecida e reconhecida pela grande mídia, mas agora é um grande exemplo para todos. Como foi essa mudança pra você?

<b>Isabel</b>: Quero continuar com os mesmos objetivos, que são classificar para as Olimpíadas de Vancouver 2010 e contribuir para o desenvolvimento do snowboard no Brasil e América do Sul. Quero aproveitar o reconhecimento da mídia para divulgar o esporte e conseguir um patrocínio que me ajude a chegar em Vancouver 2010.

<b>VE</b>: Onde você treina?

<b>Isabel</b>: No Chile, no Canadá, EUA e Europa, depende muito de onde são as etapas da Copa do Mundo, mas em geral passo muito tempo no Chile, em Valle Nevado.

<b>VE</b>: Quando vai acabar esse preconceito contra as mulheres nos esportes? Até o futebol, um dos esportes mais populares, tem esse preconceito.

<b>Isabel</b>: Acho que a mulher de pouco a pouco está conseguindo seu espaço e provando que pode fazer de tudo.

<b>VE</b>: No seu site está escrito "Quero provar que nada é impossível". Por que colocou essa frase? Seria uma espécie de motivação?

<b>Isabel</b>: Sim, pois é difícil das pessoas acreditarem que o Brasil pode ser bom em esportes de inverno, por não ter neve em casa. Mas eu acho que isso não muda nada, pois, por exemplo, um suíço quando nasce, não sabe esquiar nem andar de snowboard, não são esportes da natureza humana, mas ele aprende da mesma maneira que um brasileiro aprende a praticar o snowboard. E por isso vejo que o brasileiro tem muitas possibilidades.

<b>VE</b>: Como você se sentiu sendo porta-bandeira da delegação brasileira nos jogos?

<b>Isabel</b>: Senti muito orgulho, prazer, motivação. Foi realmente uma honra levar a bandeira do Brasil.

<b>VE</b>: O jornalista Flávio Prado disse que os brasileiros nem deveriam participar dos jogos de inverno, pois iriam fazer feio. O que você diria a ele depois dos resultados, em especial a sua colocação?

<b>Isabel</b>: Fico triste quando os jornalistas desvalorizam os atletas brasileiros, pois somos os exemplos para o país poder seguir adiante nos esportes de inverno. Mesmo sem ganhar medalha, acho que estamos no caminho certo para um dia chegar a tal feito e precisamos do incentivo e valorização dos meios de comunicação para ter motivação e nos ajudar a divulgar o esporte para que possamos crescer e mais atletas terem possibilidades.

<b>VE</b>: Qual foi o momento mais difícil em sua carreira?

<b>Isabel</b>: Os acidentes que tive foram os piores momentos.

<b>VE</b>: E o mais emocionante?

<b>Isabel</b>: Todas as competições são muito emocionantes, mas as Olimpíadas foi onde tive os momentos mais emocionantes com certeza.

<b>VE</b>: Cinco mulheres que se destacaram no esporte brasileiro e mundial.

<b>Isabel</b>: Andrea Lopes (surf); Mariana Martins (wakeboard); Carol Freitas (kitesurf)
Fabiola da Silva (patins); Helizabeth Assaf (hipismo)

<b>VE</b>: Uma mensagem para as mulheres…

<b>Isabel</b>: Se você tem um sonho ou faz alguma coisa de que gosta muito, não hesite em ir atrás e acreditar neste sonho até o fim.


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Entrevista exclusiva com Isabel Clark

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