Em uma assembleia que contou nesta terça-feira (18) com a participação de 46 dos 49 representantes de clubes com direito a voto, Julio Grondona, de 80 anos e que preside a Associação do Futebol Argentino (AFA) desde 1979, foi reeleito de forma unânime para um novo mandato de quatro anos.
No entanto, em uma assembleia paralela realizada nos corredores da sede da entidade, 52 dirigentes de outros 66 clubes do interior do país elegeram como presidente o empresário Daniel Vila, proprietário de vários veículos de comunicação e representante do Independiente Rivadavia de Mendoza, da Segunda Divisão do Campeonato Argentino.
Segundo o estatuto da AFA, só 49 clubes têm direito a escolher o presidente da entidade que rege o futebol argentino, mas Vila acudiu nesta terça-feira à sede da instituição com uma resolução judicial que habilitava os representantes dos 66 clubes que o apoiam a votar.
Enquanto na assembleia oficial Grondona era reeleito, Daniel Vila chegou a se proclamar presidente da AFA.
“Sou o novo presidente da AFA”, disse Vila aos jornalistas, após acusar os líderes da entidade de não acatarem as resoluções judiciais.
Vila considerou “nula” a assembleia que reelegeu Grondona e assegurou que nesta quarta-feira apresentará o caso à juíza que aprovou o direito a voto dos 66 clubes do interior, Liliana Georgetti de Macagno, para que esta decida quem será o presidente da AFA.
Por sua parte, Manuel Garrido e Graciela Ocaña, candidatos a deputados nas eleições gerais do próximo domingo, anteciparam que já nesta quarta-feira apresentarão um pedido formal à Auditoria Geral da Nação para que intervenha e audite a AFA.
O escândalo ocorreu horas depois de Julio Grondona, também vice-presidente da Fifa, ter denunciado judicialmente por “coação e extorsão” Daniel Vila e o empresário Carlos Ávila.
Ávila, ex-sócio da AFA na transmissão televisiva das partidas do Campeonato Argentino, gravou há alguns meses, com uma câmera escondida, Grondona falando de “dinheiro sujo” e ameaçando um jornalista.
As imagens, que já estão em poder de um juiz, serviram para Mariano Cúneo Libarona, advogado de Carlos Ávila, denunciar Grondona por “administração fraudulenta”.