Na primeira partida válida por um torneio oficial disputada no novo Maracanã, que esteve praticamente lotado, a Itália estreou neste domingo no grupo A da Copa das Confederações, o mesmo do Brasil, com uma vitória sobre o México por 2 a 1.
O resultado levou a ‘Azzurra’ ao segundo lugar da chave, com três pontos, atrás da seleção brasileira, que no sábado bateu o Japão por 3 a 0 em Brasília, no saldo de gols. Sem pontuar, os mexicanos aparecem em terceiro, à frente dos japoneses no mesmo critério.
Os dois primeiros gols do duelo entre o campeão da Concacaf e a vice-campeã europeia aconteceram na primeira etapa. O meia Andrea Pirlo, em bela cobrança de falta, fez 1 a 0 para a ‘Azzurra’, e o atacante Chicharito Hernández, de pênalti, igualou. Após o intervalo, o polêmico e irreverente Mario Balotelli deu a vitória aos comandados de Cesare Prandelli.
O México é o próximo adversário do Brasil, em confronto marcado para a próxima quarta-feira, no estádio Castelão, em Fortaleza. No mesmo dia, Japão e Itália medirão forças na Arena Pernambuco, no Recife.
O jogo no Maracanã serviu ainda para que a máxima que diz que brasileiro não gosta de futebol e sim apenas de torcer para seu time ou para a seleção ganhasse um forte argumento contrário. Ampla maioria no estádio, os brasileiros, adotando um lado preferido ou apenas curtindo o evento, fizeram a festa.
O México apostou em uma formação cautelosa. Nas duas posições em que tinha dúvidas, o técnico José Manuel de la Torre optou por jogadores que atuam mais recuados. Javier Aquino ganhou a disputa com Pablo Barrera, e Giovani dos Santos foi escalado em detrimento de Aldo De Nigris.
Na Itália, a grande estrela do time, o atacante Mario Balotelli, passou a ser dúvida depois de ter sentido dores no treinamento de sexta-feira, mas foi para o jogo. Ele atuou isolado no ataque, com Claudio Marchisio e Emanuele Giaccherini se aproximando, enquanto Stephan El Shaarawy ficou no banco.
Ainda antes de a bola rolar, o clima já era de festa. Na entrada em campo, Balotelli e Chicharito Hernández eram os mais festejados, e até durante os hinos, que não eram o nacional brasileiro, a torcida se aquietou.
O jogo começou estudado, com trocas de passe em ritmo lento, mas uma bobeada Rodríguez logo aos cinco minutos quase culminou em um gol da Itália. O zagueiro tentou um passe simples para a esquerda e entregou nos pés de Balotelli, que bateu por cobertura e encobriu a meta.
O lance animou os italianos, que tiveram três boas oportunidades em seguida. Duas com Balotelli, que pararam no goleiro Corona, e uma com Giaccherini, que de dentro da área encobriu a meta.
Contudo, foram os mexicanos que tiveram a primeira chance real de gol. Dos Santos ganhou de Abate na ponta esquerda e tocou para Guardado, que bateu firme entre as mãos de Buffon e acertou o travessão.
A ‘Azzurra’ tinha mais a bola, mas não conseguia incomodar Corona. O campeão da Concacaf, por sua vez, até trocava alguns passes, inclusive arrancando gritos de “olé”, mas eram as saídas rápidas para o ataque as mais perigosas. Numa delas, aos 22, Chicharito Hernández acelerou pela esquerda no dois contra dois, mas, em vez de rolar para Zavala, finalizou mal e facilitou o trabalho de Buffon.
O jogo era amarrado, mas se a inspiração era pouca, a Itália tinha uma carta na manga: a bola parada. Aos 27 minutos, Flores cometeu falta em Balotelli, e surgiram os gritos com o nome de Pirlo. O meia, que fazia seu 100º jogo pela seleção, foi para a bola e, com a categoria conhecida por todos, incluindo quem estava no Maracanã, acertou o ângulo direito e fez o primeiro gol do estádio em competições oficiais após a reforma.
O silêncio da barulhenta torcida pró-México não durou muito tempo. Aos 33, Barzagli bobeou, foi desarmado por Dos Santos e derrubou o meia-atacante dentro da área. Chicharito cobrou o pênalti no canto esquerdo e tirou Buffon, que caiu para a direita, da foto.
O barulho dos fãs da ‘Tricolor’ voltou, mas foi a Itália que encerrou o primeiro tempo melhor. Aos 41, Pirlo brilhou novamente, desta vez com lindo lançamento na ponta direita para Abate, que tocou para o meio da área. Travado pelo goleiro e por um defensor, Balotelli não conseguiu concluir.
Na volta do intervalo, as manifestações a favor do México continuaram maiores nas arquibancadas, mas foi a ‘Azzurra’ que voltou pressionando. Aos oito minutos, Pirlo bateu mais uma falta, agora por baixo da barreira, Montolivo ficou com a bola dentro da área e chutou rasteiro fraco.
Os mexicanos cometiam muitas faltas, e o especialista italiano tentava se aproveitar. Ele teve mais uma oportunidade aos 13, e assim como no gol buscou o ângulo, mas nesta mandou à esquerda do alvo.
Após o início de etapa agitado, o ritmo do jogo caiu após os 15 minutos. Com dificuldades diante de defesas bem postadas, as equipes apostavam, sem sucesso, em chutes de longe. Aos 25, Cerci, que substituiu Marchisio, até bateu bem, mas teve a tentativa desviada.
Sem ser muito notado em campo, o mais querido pela torcida da Itália apareceu na hora certa e de maneira decisiva. Aos 32 minutos, Giaccherini descolou passe de primeira em elevação para Balotelli, que protegeu da marcação, girou dentro da área e tocou por baixo de Corona. Estava feita a festa de Mario no gramado e de um torcedor fantasiado de Super Mario na arquibancada e mostrado no telão do estádio.
A tetracampeã do mundo então passou a trocar passes para administrar a vantagem, e o velho “olé” agora era cantado com os mexicanos na roda. Segurando o jogo, Prandelli sacou o autor do segundo gol aos 40 minutos. O atacante foi aplaudido de pé e ouviu gritos de “Ah, é Balotelli”.
Ainda houve tempo para mais uma agitação de quem torcia para o México. Aos 43, Jiménez, que entrara instantes antes, teve liberdade pelo meio e arriscou de fora. Buffon caiu no canto esquerdo e segurou.
México: Corona; Flores, Rodríguez, Héctor Moreno e Salcido; Torrado, Guardado, Aquino (Mier), Zavala (Jiménez) e Giovani dos Santos; Hernández. Técnico: Técnico: José Manuel de la Torre.
Itália: Buffon; Abate, Barzagli, Chiellini e De Sciglio; De Rossi, Pirlo, Montolivo, Marchisio (Cerci) e Giaccherini (Aquilani); Balotelli (Gilardino). Técnico: Cesare Prandelli.
Árbitro: Enrique Osses (Chile), auxiliado pelos seus compatriotas Carlos Astroza e Sergio Román.
Cartões amarelos: Moreno e Dos Santos (México); Bazargli, Balotelli e De Rossi (Itália).
Gols: Chicharito Hernández (México); Pirlo e Balotelli (Itália).
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.