“Uma festa como os brasileiros mereciam há muito tempo”. Ouvi isso de um torcedor que, assim como eu, compareceu à Arena Corinthians no dia 12 de junho de 2014. Um dia em que um misto de sensações e sentimentos dominou os brasileiros e também os estrangeiros, que, de um tempo para cá, conheceram um Brasil que até então estava adormecido.

A Copa do Mundo no país do samba despertou ira e indignação de um povo que paga seus impostos e praticamente nada têm de retorno. As ruas demoraram a ser pintadas, os comércios demoraram a vender as bugigangas, mas o grande dia chegou e deu significado à frase do torcedor, citada no início deste texto.

O quão difícil é separar os problemas do sucesso? Em Itaquera, isso aconteceu por meio dos cordões de isolamento. Da polícia para cá, tudo perfeito: segurança, beleza, organização, ingressos na mão, limpeza etc. Da polícia para lá, comércios de rua, escuridão, lixo no chão e a impressão de abandono. Mesmo assim, uma única palavra unia esses dois mundos: alegria!

Na Arena Corinthians – ou Arena São Paulo, como berravam os voluntários em seus megafones – faltou Pelé, faltou pronunciamentos de Dilma, Blatter, Ronaldo ou seja quem for, faltaram ídolos, faltaram homenagens, mas sobrou euforia. As pessoas se olhavam e se reconheciam umas nas outras, independente das suas raças, cores, nacionalidades e ideologias. Isso ganhou mais notoriedade na hora do Hino Nacional Brasileiro. O canto veio de pulmões dispostos a transmitir a mensagem de que “aqui é Brasil, aqui existe um povo que sorri independentemente da dificuldade, e vocês, gringos, têm muito o que aprender com a gente”. Diante disso, o 3 a 1, o gol contra, o pênalti duvidoso e a cerimônia questionada ficaram em segundo plano.

É impossível não sentir orgulho. É impossível ver a tarde cair, ver os mais de 62 mil presentes extasiados, ver as arquibancadas móveis lá, estar em um estádio de primeiro mundo em plena Zona Leste e não pronunciar um “ufa, deu tudo certo”. E deu tudo certo mesmo, pelo menos neste primeiro dia, nesta abertura e neste pontapé inicial.

Sim, os nossos calos continuam aqui. As nossas dificuldades não foram solucionadas e, do cordão para lá, pouca coisa mudou. Exceto aquele sentimento que nós conhecemos bem, o de esperança. Este permanece além de uma Copa do Mundo. Ganhamos o noticiário internacional com os protestos, com o juiz e com a apática abertura. Mas também deixamos evidente que festa, generosidade, superação e hospitalidade é com a gente mesmo!


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E não é que teve Copa mesmo? O relato da jornalista que esteve na Arena Corinthians