O dono do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, respondeu nesta segunda-feira (13) às críticas que recebeu por parte do lendário Magic Johnson – pelos comentários racistas que fez contra negros – ao qualificá-lo como “um mal exemplo para as crianças”.
Sterling, de 80 anos, banido pelo comissário da NBA, Adam Silver, além de multado em US$ 2,5 milhões, fez esses comentários contra Johnson na primeira entrevista pública sobre o episódio, e que deu à rede de televisão CNN.
O multimilionário disse que Johnson não é um bom exemplo para as crianças de Los Angeles e que não considera que o ex-jogador tenha sido o que mais ajudou as minorias.
A CNN vai transmitir na integra a entrevista ao apresentador Anderson Cooper no horário nobre da TV americana. A emissora, que no domingo apresentou alguns trechos, revelou hoje mais um pouco dos comentários de Sterling, incluindo os relacionados a Johnson, que foi quem mais pediu que o dono dos Clippers fosse expulso da liga.
A namorada de Sterling, V. Stiviano, de origem hispânica, tinha publicado uma foto dela e de Johnson em sua conta no Instagram, e isso foi o que gerou a discussão entre ambos em uma conversa particular gravada de forma ilegal e depois oferecida a vários sites, que a revelaram.
Sterling pediu a ela que tirasse a foto da rede social e fez comentários racistas que provocaram fúria entre os jogadores da NBA e levaram à punição aplicada por Silver, que pretende que os outros donos de franquias o apóiem para obrigar o proprietário dos Clippers a vender a franquia.
Na entrevista à CNN, Sterling afirmou que tinha falado com Johnson duas vezes desde que as gravações foram reveladas, e também foi questionado sobre se tinha pedido desculpas ao astro do Los Angeles Lakers.
“Se disse algo ruim, sinto muito”, disse Sterling na entrevista. “Ele é uma boa pessoa. O que posso dizer?”, afirmou.
No entanto, Sterling também criticou Johnson ao questionar sua atuação em prol das minorias.
“Ele fez todo o possível para ajudar as minorias?, Não acho. Vou dizer, é alguém importante, mas não acredito que seja um bom exemplo para as crianças de Los Angeles”, sentenciou Sterling.
Durante a entrevista à CNN, Sterling também disse que Stiviano lhe fez uma armadilha para que ele tecesse os polêmicos comentários.
“Sim, mordi o anzol”, admitiu Sterling. “Não é minha maneira de falar. Não falo das pessoas. Falo de ideias e de outras coisas. Mas não das pessoas”, justificou-se.
Sterling insiste que não é um racista e que seus comentários nessas gravações foram um “erro terrível”.
“Sou uma boa pessoa que cometeu um erro”, frisou Sterling. “Após 35 anos, não tenho direito a um erro? Eu amo a minha liga, meus sócios. Não posso me equivocar uma vez? É um erro terrível, e nunca ocorrerá de novo”, acrescentou.
A chance de Sterling permanecer como dono dos Clippers está nas mãos dos outros 29 proprietários de times da NBA, e espera-se que eles votem sobre o caso em um futuro próximo.
É preciso que 75% deles votem contra Sterling para obrigá-lo a vender a franquia. Enquanto a votação não ocorre, a NBA já nomeou Dick Parsons, um executivo afro-americano, como a máxima autoridade da equipe californiana.
A situação de Sterling é ainda mais delicada pois Shelly, esposa do magnata, deve apresentar um processo de divórcio. Ela possui 50% das ações dos Clippers, e em uma entrevista concedida à rede de televisão ABC, afirmou que quer ficar com a equipe, um objetivo pelo qual pretende lutar nos tribunais se necessário.
Já os jogadores da NBA, liderados pelo ala LeBron James, do Miami Heat, que se transformou no porta-voz que representa a categoria sobre o tema, reiterou no domingo que “nenhum membro da família Sterling tem que continuar dentro da NBA”.