O Brasil está a dez dias de sediar sua segunda edição de Copa do Mundo. Após 64 anos do Mundial de 1950, muita coisa no país e também na seleção foi modificada, tanto para o bem como para o mal. Se atualmente a organização e as obras inacabadas dão à tona das críticas do povo, no torneio anterior a situação não foi tão diferente, registrando problemas ainda maiores.
O Virgula Esporte aproveitou a proximidade do início da Copa do Mundo para relembrar dez fatos inusitados que marcaram o Mundial de 1950, o primeiro a ser disputado em solo brasileiros.
1º – Primeiro Mundial a adotar numeração para os jogadores
Mesmo sendo a quarta edição da Copa do Mundo, o Mundial do Brasil foi o primeiro a adotar a numeração dos jogadores. Os que entravam em campo utilizavam números de 1 a 11. Números às costas já haviam sido usados nas Eliminatórias da Copa de 1938 e eram corriqueiros em diversos campeonatos, inclusive no futebol brasileiro.
2º – Desistência em massa de seleções
A Copa do Mundo de 1950 registrou uma ‘debandada’ de seleções que desistiram do Mundial. Índia, Escócia e Turquia estavam classificadas para a fase de grupos, mas não vieram para o Brasil. França e Portugal, que foram convidadas para substituir escoceses e turcos, respectivamente, negaram as longas viagens e também desistiram, deixando assim a competição com 13 países.
3º – Único Mundial em que um jogador do Vasco foi artilheiro
Ademir Marques de Menezes foi o grande artilheiro da Copa do Mundo de 1950. Autor de 9 gols em seis jogos disputados, o atacante, que na oportunidade tinha 27 anos, terminou a competição como quatro gols a mais que Basora, da Espanha, e Miguez, do Uruguai.
Leônidas da Silva, do Flamengo, em 1938, com sete gols, e Ronaldo Fenômeno, da Inter de Milão, em 2002, foram os outros artilheiros brasileiros em Copas do Mundo. No Mundial da França, em 38, a Seleção Brasileira terminou em terceiro lugar, enquanto que na Coreia e no Japão, o Brasil ficou com o pentacampeonato. Coincidência ou não, a única vez que um vascaíno foi artilheiro em Copas, a seleção foi vice.
4º – Uniforme de clube gaúcho na seleção mexicana
O árbitro sueco Ivan Eklind achou que o grená do uniforme do México, na época era usada essa cor, não dava contraste suficiente com a camisa vermelha da suíça. Sendo assim, os mexicanos vestiram um uniforme azul e branco, cedido pelo Cruzeiro, de Porto Alegre, uma vez que a partida seria disputada no antigo Estádio dos Eucaliptos, do Internacional.
A roupa emprestada não ajudou muito e o México foi derrotado por 2 a 1, chegando ao seu terceiro revés no Mundial, dando adeus a competição no Brasil com 0% de aproveitamento.
5º – Jogo esvaziado em Porto Alegre
Se para assistir um jogo de Copa do Mundo este ano é algo praticamente impossível, em 50 a situação era um pouco mais simples. Suíça e Mexico registraram o pior público da Copa do Mundo de 1950. Na partida em que as duas equipes estavam praticamente eliminadas, foram registrados quatro mil espectadores no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre, no famoso jogo da troca de uniformes.
Vale lembrar que, apesar do baixo público registrado no duelo entre suíços e mexicanos, a Copa de 1950 também detém o maior público já registrado na história dos Mundiais. Na decisão entre Brasil e Uruguai, 173.830 pessoas abarrotaram o Estádio do Macaranã e viram os uruguaios derrotarem a Seleção Brasileira por 2 a 1.
6º – Primeiro jogador do Bangu a ser convocado para uma Copa
Tradicional clube carioca, o Bangu não é um exímio conquistador de título, mas possui uma longa história que passa pelos vice-campeonatos Carioca e Brasileiro, ambos em 1985, e até mesmo a participação na Libertadores de 1986. Porém, as convocações de seus jogadores para disputar Copas do Mundo ficaram mais marcadas no futebol brasileiro.
Ídolo do clube, Zizinho foi primeiro atleta da história do Bangu a disputar um Mundial com a seleção. O meia foi titular na decisão contra o Uruguai, em 50, no Maracanã, e marcou dois gols durante a competição.
Após Zizinho, vice-campeão em 1950, Zózimo fez história ao participar das conquistas de 1958 e 1962. Enquanto que o lateral Fidelis, também jogador do Bangu, foi o último atleta do clube a ser chamado para uma Copa, no Mundial de 66, na Inglaterra.
7º – Obras inacabadas no Maracanã e jogador machucado
Assim como acontece na organização para a Copa de 2014, muita coisa no Mundial de 1950 foi feita às pressas e entregue depois do prazo. No dia 1 de julho de 50, no duelo entre Brasil e Iugoslávia, no Maracanã, o meia iugoslavo Mitic bateu a cabeça numa barra metálica exposta pelas obras não finalizadas ao subir uma das escadas de acesso ao gramado e sofreu um corte profundo na testa.
A comissão técnica tentou retardar o início da partida para realizar um curativo no titular da Iugoslávia, mas a arbitragem não permitiu. Após 10 minutos de jogo, quando o Brasil já vencia por 1 a 0, é que Mitic foi autorizado a entrar em campo.
O jogo terminou com vitória brasileira por 2 a 0, eliminando assim a Iugoslávia da Copa e classificando a seleção para a segunda fase do Mundial.
8º – Viagem de navio por medo de tragédia
Atual campeã do mundo na época, a seleção italiana viajou ao Brasil de navio por conta da Tragédia de Superga. O acidente de avião ocorrido no dia 4 de maio de 1949, onde a base da equipe da Itália viajava e acabou falecendo, fez com que a nova comissão técnica optasse por uma forma diferente de deslocamento para o Brasil.
Os italianos, que antes do acidente em Torino era uma das favoritas ao título, acabaram sendo eliminados na primeira fase da Copa de 1950.
9º – Copa do Mundo sem Heleno de Freitas
Grande artilheiro do Botafogo nos anos 40, Heleno de Freitas foi a principal ausência da Seleção Brasileira na Copa de 1950. O jogador, sempre renegado da equipe, principalmente após a Copa Rio Branco, de 47, não foi lembrado por Flávio Costa, e perdeu a única chance de disputar um Mundial.
Aos 30 anos de idade, Heleno acompanhou a Copa de fora do gramado e depois passou a sofrer de sífilis cerebral, em 1952, e morreu esquecido em um sanatório em 59.
10º – Brasil nunca ganhou em São Paulo jogando Copa do Mundo
Local de estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2014, a cidade de São Paulo não trouxe um bom resultado à seleção em 1950. Na única partida disputada pelos donos da casa em território paulista, o jogo acabou empatado, em 2 a 2, diante da Suíça, no Estádio do Pacaembu, para um público de 42 mil pessoas. Seria isso um mau sinal para o jogo na Arena Corinthians?