O ex-jogador Dunga foi apresentado nesta terça-feira (22) na sede da CBF, no Rio de Janeiro, como novo técnico da seleção brasileira, voltando ao cargo que ocupou entre 2006 e 2010, mas desta vez para suceder Luiz Felipe Scolari após a eliminação na Copa do Mundo deste ano.
Além de confirmar o retorno de Dunga, que era especulado na semana passada, a CBF também anunciou que Alexandre Gallo, “espião” de Felipão no último Mundial, será o treinador da equipe sub-23 do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O restante da comissão técnica não foi revelado.
Sob o comando de Dunga, a seleção conquistou a Copa América de 2007 e a Copa das Confederações de 2009, além de ter sido primeira colocada nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. No Mundial da África do Sul, porém, o Brasil caiu nas quartas de final, com derrota para a Holanda por 2 a 1, de virada. O saldo em 60 partidas foi de 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas. E são nesses números que o treinador aposta para defender sua volta ao cargo.
Em entrevista coletiva ao lado de Gallo e do presidente da CBF, José Maria Marín, do futuro mandatário da entidade e atual presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero, e do coordenador de seleções da entidade, Gilmar Rinaldi, Dunga não fez críticas a seus antecessores – Mano Menezes e Felipão – e disse que não terá que apagar todo o trabalho da comissão técnica anterior.
“A CBF está nesse planejamento há dois anos, e vamos dar sequência. Não precisamos fazer dessa Copa do Mundo terra arrasada, há coisas que podem ficar. A gente viu na Copa que é importante o talento, mas o planejamento também. Como é importante o marketing, mas o resultado dentro de campo também”, afirmou.
Dunga reconheceu que terá que mudar no trato com a imprensa, marcado negativamente em sua primeira passagem no comando da seleção, mas ressaltou que seus princípios de trabalho são os mesmos.
“Vocês me conhecem e sabem que dificilmente uma pessoa muda em seus princípios, quanto a ética e trabalho. Tenho que melhorar muito no contato com os jornalistas. Por ser oriundo do futebol, foquei muito no trabalho em campo. Os resultados que eu obtive, não é preciso falar muito. Agora é normal que tenha que aprimorar meu relacionamento com a imprensa, é a reflexão que eu tive nesses anos”, declarou.
O treinador confirmou que o principal objetivo de seu retorno é preparar a seleção para as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, mas que os Jogos Olímpicos de 2016 também estão em vista, e por isso ele trabalhará em conjunto com Gallo.
“Temos no caminho a Copa América, com seleções que cresceram muito, nessa mescla de jogadores novos e outros de maior experiência. Nossa maior ideia é preparar uma equipe para as Olimpíadas e nos prepararmos para as Eliminatórias, que serão difíceis, e teremos que estar prontos”, disse.
Sobre renovação de jogadores, Dunga deu a entender que não será um processo radical, e que com isso alguns jogadores considerados experientes ainda terão vez.
“Temos que ter resultados e também montar um time para 2018. O importante é colocar no momento certo jogadores novos com certa experiência. O caminho é ter resultado para dar tranquilidade no trabalho e ir colocando os jogadores. Você não coloca um jogador só porque ele é novo, você coloca pelo seu rendimento e competência”, argumentou.
Ciente de que sua escolha teve alto índice de rejeição popular, o novo treinador afirmou que também tem uma parcela de apoio e que quer aumentá-la.
“Também tem pessoas que apoiam. É como eleição, nem sempre ganha aquele que é favorito nas pesquisas. Tenho que buscar força nos 20% que tenho a meu favor e buscar os demais”, disse, também frisando seus números à frente da seleção.
“Os meus números foram os indícios que me chamaram para a seleção brasileira. Injustiça, a gente usa muito essa palavra, mas não existe. Tanto que estamos aqui. Temos que passar, principalmente para as crianças, que temos de ter um perfil de ética, transparência. Isso não quer dizer que não cometemos erros, mas temos que tentar melhorar a cada minuto”, acrescentou.
Dunga também declarou que é preciso mudar a visão de que “camisa ganha jogo” em relação à seleção.
“É um trabalho da conscientização. Não podemos cair de passar para o torcedor que somos os melhores, que temos os melhores jogadores. Quando o adversário olha no seu olho e vê que você não quer ganhar, ele ganha de você. A camisa do Brasil vai ser sempre respeitada. Nós temos que estar preparados e sermos melhores a cada dia. O adversário quer ganhar do Brasil, isso é notícia no mundo todo. Não podemos vender para o torcedor que vamos vencer a Copa do Mundo antes da Copa do Mundo”, ressaltou.
Com experiencia como jogador no Stuttgart de 1993 a 1995, o técnico também comentou o sucesso da Alemanha na última Copa.
“Parece que o mundo descobriu a Alemanha agora. Eles sempre foram assim, sempre foram organizados. A Alemanha sempre deu importância para o esporte em geral, na formação dos atletas, do ser humano, na educação. Agora está se achando que a Alemanha fez isso nos últimos três anos. O que aconteceu foi que a Alemanha achou uma geração ótima e deu tempo para fazer um planejamento”, explicou.