O drama que vive Robinho e sua família, com o seqüestro de sua mãe, expõe como estão desprotegidos os jogadores de futebol. A fama e o sucesso despertam nos marginais a idéia de que atletas podem ser boas fontes de receita. E, infelizmente, eles têm razão.

Afinal, é público que jogadores de futebol ganham bem. Mesmo os mais desconhecidos recebem muito mais do que um cidadão que ganha um salário mínimo. O abismo econômico é brutal no Brasil. Isso sem contar que quase sempre os boleiros gostam de ostentar a riqueza, desfilando com relógios caros, carros importados e outras extravagâncias.

Quem não se lembra, por exemplo, de Ronaldo, o Fenômeno, exibindo sua Ferrari em pleno “Jornal Nacional”. Na época, o gesto foi interpretado como um soco na boca do estômago de cada brasileiro, já que o atacante estava se recuperando de lesão, não jogava há meses e a matéria era pura e simplesmente para Ronaldo obter um desconto no automóvel. O fato acarretou em uma sonora vaia da opinião pública e fez com que o jogador contratasse um assessor de imprensa para cuidar de sua imagem. Uma tremenda bola fora do Fenômeno.

Não quero aqui defender que os jogadores de futebol recebam menos. De jeito nenhum. Cada um ganha o que merece. Quem avalia é o empregador. Mas eles precisam ter mais cuidado. Quem vive no Brasil sabe que não existe um plano sério de segurança. Sabe também que há uma guerra diária contra os bandidos e em muitos lugares os mocinhos estão perdendo feio.

Robinho e outros craques deveriam ficar tranqüilos em jogar no Brasil, mesmo ganhando um ótimo salário. Por que segurança é o mínimo que o governo deveria dar aos seus cidadãos, que pagam altíssimos impostos. Mas enquanto isso não passa de uma utopia, é melhor os boleiros tomarem suas próprias precauções. Do contrário, teremos que rezar. Como estamos fazendo por Dona Marina, mãe do atacante do Santos.

<i><b>Márcio Ogata</b> é Editor-Chefe da Rede TV! e Diretor-Executivo de Novos Negócios da agência MBPress. Escreveu para a revista PLACAR, foi Editor do Sportv, Editor-Chefe dos sites oficiais do Campeonato Brasileiro e da Liga do Nordeste, além de Editor de Esportes do portal iG.</i>


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Craques não driblam bandidos