Cada jogador recebe duas cartas e, com sorte, terá algum personagem poderoso como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o empresário Eike Batista, que levam dinheiro, material de construção e licitações para jogar assim em “A Conta da Copa é Nossa”.

Na mesa, estádios-sede do mundial, aeroportos e grandes instalações de infraestrutura, assim como patrocinadores globais como Castrol e Coca-Cola e os governadores de estados como São Paulo e Rio Grande do Sul, com os quais os jogadores interagem para conseguir um tratamento de graça.

“Não pretendemos criticar a Copa, não estamos contra o torneio nem contra o futebol, mas contra tudo que foi roubado durante a construção de estádios ou estradas”, declarou, à Efe, Guilherme Cianfarani, da Quéquéré Jogos e um dos criadores do jogo de mesa crítico com a Fifa e com como se organizou a Copa.

Cianfarani lembrou que as sedes do Mundial, que começa em 12 de junho em São Paulo e termina em 13 de julho no Rio de Janeiro, eram oito em um primeiro momento, mas passaram a 12 “justamente para distribuir esses lucros ilegais”.

Os jogadores também podem fechar acordos comerciais com os patrocinadores do Mundial, aumentando assim sua influência e garantindo mais pontos no final do jogo, explica a Quéquéré em seu site, onde continuam com a campanha de arrecadação de fundos para comercializar o jogo.

Foram dois anos de pesquisa para encontrar aos personagens e classificá-los por números em relação a seu poder, como também alguns ex-jogadores de futebol que estão presentes, como Pelé e Ronaldo, que jogam com sua fama de “garotos-propaganda” para acumular pontos.

Além disso, Cianfarani demorou quatro meses para idealizar as regras do jogo, como a que diz que em caso de arrecadar os fundos necessários, o jogador lançará mil unidades ao mercado a R$ 100.

Apesar do espírito crítico do jogo de mesa que tem um elefante branco como símbolo, em alusão às obras construídas para grandes eventos que ficam abandonadas com o passar do tempo, o idealizador disse que “também há personagens que combatem as despesas exageradas do Mundial” assim como “críticas positivas”.

“É uma crítica estrutural, não contra o governo”, afirmou o criador, mirando com sua denúncia a Fifa, que, analisou: “Escolhe o país onde pode ter mais lucro e onde as contas ficam para a população”.

A denúncia da Quéquéré Jogos se destaca por sua originalidade mas não se sai da linha comum dos protestos contra o torneio, na qual diferentes classes sociais pedem melhoras dos serviços públicos e acusam o governo de destinar parte dos orçamentos para construir estádios e infraestruturas da Copa.

“Estamos nos unindo ao ambiente geral, sem dúvida há quem se aproveita da questão partidária, da parte governamental, para criticar o governo, mas minha crítica não é unicamente contra o Executivo: se fosse outro partido, a estrutura da Copa seria igual”, opinou.


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'A Conta da Copa é Nossa': o jogo contra a corrupção

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