<b><i>Por João Ricardo Cozac</i></b>

A possibilidade de disputar uma Olimpíada representa o grande momento na vida de qualquer atleta . São poucos os que conseguem alcançar o tão sonhado índice olímpico.

O Brasil, nos Jogos disputados na Austrália, em 2000, sucumbiu diante do próprio nervosismo. Não conquistamos nenhuma medalha de ouro. Até o cavalo de Pessoa refugou quando todos já comemoravam o êxito maior do cavaleiro.

Tomara que o lado emocional não prejudique a performance daqueles que estão treinando há tanto tempo em busca do sonho dourado. As competições costumam ser bastante equilibradas. Na maioria dos casos, o lado psicológico é o divisor de águas entre o ouro e o bronze.

Estados Unidos, Austrália, Rússia, China e Cuba priorizam a preparação psicológica. Não são adeptos dos trabalhos de última hora nem, muito menos, dos motivadores de plantão. Nestes países, a mente é levada tão a sério quanto o físico e o técnico.

E as nossas grandes promessas de medalhas já começaram a tremer. Guga, Saretta e André Sá foram eliminados. Será que é desleixo ou falta de equilíbrio emocional? O futebol masculino nem viajou. O vôlei masculino precisa acalmar os nervos. Os garotos do Bernardinho venceram a Itália num combate de 5 sets. Tiveram tudo para garantir uma vitória mais tranqüila. Vânia Ishii, outra grande promessa de medalhas, foi eliminada na estréia. A judoca brasileira perdeu para a belga Gella Vandecaveye e, sem possibilidade de disputar a repescagem, a brasileira teve apenas 44 segundos de Jogos Olímpicos. A judoca admite que ficou bastante decepcionada com o resultado. Todos nós ficamos, Vânia.

Como estará a cabeça de Daiane dos Santos? Nossa maior promessa de medalhas está sendo olhada por toda a nação com grande expectativa de sucesso. Não é nada fácil gerenciar esta pressão. De quebra, a moça está com o joelho contundido. Será que o nervosismo de nossa atleta andou aprontando estragos psicossomáticos? Tomara que não. Daiane tem talento de sobra. Nasceu para alegrar os ginásios do mundo com sua graça e genialidade e já está mostrando tudo isso nos Jogos de Atenas.

Valerá muito nossa torcida pelas meninas comandadas pelo treinador René Simões. Tiveram bastante tempo para treinar. Caíram num grupo dificílimo e enfrentarão muitas dificuldades durante a competição. Bola elas têm de sobra. Precisam colocar a cabeça na ponta da chuteira e as emoções em ordem.

A verdade, amigos, é que o esporte bretão carece de patrocínio e investimento. Nossos atletas são verdadeiros heróis. Deviam receber, todos, sem exceção, várias medalhas de ouro por não sucumbirem diante do descaso e da falta de incentivo dos investidores e políticos. Precisar matar um leão por dia não é nada fácil. Olimpíadas e política caminham juntas. No meio de tanta vaidade, nossos esportistas buscam a superação dos limites, evidenciando a total falta de apoio dos administradores do esporte nacional.

Em Atenas, triunfarão aqueles que estiverem centrados nas próprias potencialidades e cientes de suas dificuldades. Alguns fatores, no esporte, são imponderáveis. Outros, perfeitamente controláveis. O Brasil poderá surpreender o mundo, caso consiga administrar a tensão que envolve representar o país num momento tão importante como este.

Nestas ocasiões, o adversário mais temido está dentro de cada um. Vencer a si mesmo é o desafio do esporte e da vida.

<i><b>João Ricardo Cozac</b> é psicólogo formado pela PUC-SP. Atua no esporte há 11 anos. Professor de psicologia do esporte na Universidade Mackenzie de São Paulo. Presidente da Consultoria, Estudo e Pesquisa da Psicologia do Esporte (www.ceppe.com.br). Atende atletas de diversas modalidades em consultório. Atuou em grandes equipes do cenário futebolístico brasileiro. Colunista do site “Gazeta Esportiva.net” .Autor do livro ‘Com a cabeça na ponta da chuteira: um ensaio sobre a Psicologia do Esporte’, pela editora Anablume, e ‘Psicologia Esportiva: reflexões e prática’, em fase final de edição.</i>

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