Um domingo ensolarado para Robinho e uma tarde nublada para Tevez, assim pode-se descrever o que representou o clássico para os dois maiores ídolos das torcidas santista e corintiana. Robinho brilhou e sobrou no jogo na Vila Belmiro. O craque armou, tabelou, e meteu dois gols no ex-companheiro Fabio Costa. Enquanto Robinho sambava, Carlitos sofria com a falta de entrosamento do time e a ausência de Carlos Alberto. Quase não apareceu. Mas explicou: "Se a bola não chega não dá para jogar bem", disse após a partida. E não foi preciso que o grande duelo do Campeonato Paulista terminasse para ver que Tevez estava insatisfeito com o futebol apresentado pelo Timão. Muitas vezes o argentino era flagrado com as mãos na cintura e balançando a cabeça.

A desgraça corintiana começou cedo. Logo aos 6 minutos, Robinho driblou dois e rolou para Léo que tocou rasteiro por baixo do goleiro. O Timão demorou a reagir e isso só aconteceu porque o técnico Tite, assustado com o poder ofensivo do Santos, trocou o esquema tático do início, 4-4-2, pelo 3-5-2, tirando Dinélson – apagado em campo – por Marinho para reforçar a marcação.

A partir dos 30 minutos o jogo ficou mais equilibrado. Finalmente o Corinthians chegava ao gol santista com qualidade. Porém, um outro herói surgia no clássico: Mauro. O goleiro santista pegou tudo. Em uma defesa espetacular, que começou com cruzamento rasteiro de Tevez para Gil dentro da pequena área, o atacante corintiano chutou no contrapé de Mauro, mas o goleiro se esticou todo e conseguiu se recuperar a tempo de pegar a bola. Em outras finalizações de Tevez e Jô, Mauro também fez milagres.

No segundo tempo, o Corinthians pouco pôde fazer. Em tarde inspirada, Robinho esbajou seu futebol em campo como quem dá um recado às comparações entre ele e o argentino. Com um minuto o garoto da Vila recebeu passe de Deivid e bateu cruzado sem chances para Fábio Costa. E Robinho ainda teve tempo de marcar mais um. Aos 11 minutos o craque pressionou a saída de bola da zaga corintiana, roubou a bola e marcou seu segundo no jogo: 3 a 0.

Visivelmente abalada, a jovem equipe do Timão passou o resto do tempo sem esboçar reação, assistindo ao show santista.

Com o resultado o Santos manteve um tabu. Já são 10 confrontos invicto: 8 vitórias e 2 empates. Além disso, como profissional Robinho nunca perdeu para o Timão.

<b>Espetacular</b>

Oswaldo de Oliveira não poupou elogios ao atacante santista. "O Robinho desequilibrou. Foi espetacular!", disse em entrevista coletiva. E não foi só o técnico que elogiou o garoto da Vila. Serginho Chulapa, ídolo da torcida do Peixe, dizia no camarote do estádio: "Tevez ? O Robinho joga muito mais".

<b>Sem rivalidade</b>

Apesar de toda a empolgação em torno do duelo entre Tevez e Robinho, o santista preferiu não polemizar ao falar sobre o jogo. "O Tevez é um excelente jogador, mas não tem essa de duelo. O jogo era entre Santos e Corinthians", afirmou.

<b>Na lata</b>

Decepcionado depois da derrota para o Santos, Tevez foi seco ao responder para um repórter que cobrava dele um futebol digno dos US$ 20 milhões de dólares investidos em sua compra. "Eu não jogo por milhões de dólares, jogo pelo Corinthians", respondeu.

<b>PM explica incidentes</b>

Apesar de um belo espetáculo dentro de campo, o jogo teve uma atração a parte fora dele: a falta de segurança. Mais uma vez o forte esquema de segurança da polícia, com 310 homens – número superior ao utilizado em jogo no Morumbi e Pacaembu -, não foi suficiente para impedir fatos isolados de violência. O goleiro Mauro, no segundo tempo, recebeu pedrada na cabeça e até um cassetete da PM foi atirado dentro de campo.

"Coisas como estas têm que ser banidas do futebol. A polícia tem que acabar com isso", dizia o goleiro santista indignado após o fim do jogo.

O Major Roberto Alves, do 6º Batalhão da Ponta da Praia, responsável pelo comando do policiamento na Vila Belmiro, classificou como grave o incidente com o cassetete e deu explicações sobre o ocorrido com a pedra. "É grave. Está sendo averiguado porque isso aconteceu, como aconteceu, em que circunstâncias isso ocorreu. Hoje, a partir das 15 horas, terei uma reunião para receber o relatório completo sobre o que houve. Vamos verificar com o policial, ouvir testemunhas. Vamos tomar providências para que isso não aconteça novamente", disse.

"A pedra foi um imprevisto. Deslocamos 310 homens para o policiamento, um número superior ao que se usa em jogos no Morumbi e Pacaembu pelas características físicas desta região. Para se ter uma idéia, proibimos até a entrada de máquinas fotográficas. Foi um imprevisto. Não temos como projetar todas as possibilidades", completou.

O Major também respondeu às críticas de torcedores corintianos, que afirmaram que o setor reservado para a torcida do Corinthians estava superlotado. "Foi respeitada a capacidade do setor – 3.309 pessoas. Não autorizamos a troca de setores pelos torcedores. O Marcelo Teixeira (presidente do Santos) me pediu atenção nesse sentido e assim foi feito. Não havia superlotação", afirmou.

O Santos corre o risco de perder o mando de campo caso o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puna o clube, mandante do jogo, pelos fatos ocorridos.


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Clássico: PM explica incidentes na Vila