Fãs de rúgbi aderem as fantasias para torcer
Créditos: Divulgação/IRB.com
Se dentro de campo o Wellington Sevens é um dos torneios mais importantes do Rugby Sevens, do lado de fora é a maior festa à fantasia da Nova Zelândia. Na disputa são 192 jogadores representando 16 seleções, nas arquibancadas são 45 mil pessoas (por dia) representando centenas de personagens diversos.
Quarta etapa da Série Mundial de Rugby Sevens HSBC, o torneio leva hordas de pessoas fantasiadas para o estádio, mas a grande maioria está lá pela festa e deixa o rugby em segundo plano. O fotógrafo Micheal, da agência Fairfax Media, comenta que em outros anos a maioria dos “expectadores” sequer saberia dizer quem foi o campeão da etapa no dia seguinte.
Os ingressos se esgotam em 15 minutos, mas as arquibancadas só ficam realmente cheias nos jogos da seleção da Nova Zelândia. Durante as outras partidas, o pessoal fica mesmo é pelos corredores e arredores do estádio. Alguns fatores importantes para tal fenômeno são as televisões e telões por todo o Westpac Stadium, stand dos patrocinadores com música, competições, brindes e prêmios, além da liberdade de transitar por todos os setores da arquibancada.
E claro, todo mundo que está lá fantasiado quer ver e ser visto e, com cerveja sendo vendida por todo o complexo do Westpac, fica difícil se interessar pelos jogos o dia inteiro. O formato da competição, com jogos seguidos por nove horas ininterruptas, cansa até o maior fã do esporte.
Por maior que seja seu interesse pelo rúgbi, as distrações são diversas. Um pulo no banheiro ou na fila para comprar água (ou cerveja), e você já parou para ver fantasias, engatou no papo com uma Wally canadense, brindou com um casal de Power Rangers, cantou abraçado com um ninja tongano ou parou para tirar foto com um jogador da França que resolveu dar uma relaxada.
O pessoal dessas bandas, assim como em alguns lugares da Europa, são adeptos do “binge-drinking”, o famoso beber para cair. Aí somos obrigados a assistir imagens menos lúdicas do que se espera de uma fadinha, ou de um Buzz Lightyear, caídos no chão, com o jantar do dia anterior espalhado pela fantasia e pelo chão.
Ou seja, muito semelhante a uma festa universitária, ou aos nossos conhecidos carnavais, dentro e fora de época. Só que ao invés de dar a volta no trio, dá-se a volta nos corredores do estádio, e no lugar das bandas de axé, partidas com o melhor do rúgbi sevens.
Todo esse clima aumenta ainda mais as expectativas para as Olimpíadas do Rio em 2016, quando o rúgbi sevens faz seu retorno depois de 96 anos fora dos Jogos. Com certeza os cariocas não terão dificuldades em manter esse espírito fantasioso do Sevens.
E dentro de campo?
Sete jogadores de cada lado, correndo por um campo de 100m X 70m. Não tinha como ser diferente, o Wellignton Sevens foi uma baita correria. Muito dinâmico, o jogo dura 14 minutos, divididos em dois tempos de sete, o que não deixa muito tempo pra enrolação.
Mas a velocidade é o que deixa a modalidade tão interessante. Cada time acaba jogando três vezes por dia, possibilitado um campeonato mundial inteirinho em apenas um fim de semana. No primeiro dia, todos os jogos dos quatro grupos, e no segundo, as finais, que são divididas em quatro taças: Cup, Plate, Shield e Bowl.
Favoritos em todas as etapas, os All Blacks do Seven-a-side venceram mais uma vez em casa. A seleção da Nova Zelândia passou por Fiji com facilidade na final em frente a uma arquibancada lotada como não havia acontecido desde o início do torneio. A vitória deixou a equipe New Zealand Sevens em primeira na tabela geral com 73 pontos, seguida de perto por Fiji com 70, e a Inglaterra com 64.
Os Fijianos Voadores também deram a um show, arrancando muitos aplausos dos espectadores. O time de Fiji é tão emocionante de assistir que pode ser considerado o estilo de jogo a se alcançar quando se joga sevens. Por gerações, eles criam mágica dentro de campo, com muita habilidade nos dribles, explosão e velocidade assombrosas.
Inglaterra e África do Sul, que foram respectivamente campeões e vice na segunda etapa, em Dubai, jogam bem, apresentam técnica muito apurada e conhecimento de jogo. O físico espanta, afinal são todos atletas de ponta, com “fitness” olímpico. Mas falta um “je ne se qua“, um pouco de magia.
Por mais que o sul-africano Cecil Afrika seja um jogador fantástico, dando nó na defesa e criando jogadas magníficas, o time carece de fibra de campeão. Os aquecimentos da África do Sul valem uma menção. Ao final de cada exercício, o time se junta e se cumprimenta, se incentiva. A união dos jogadores mostra que a boa temporada tem razão de ser, e a mágica pode aparecer ainda.
Favoritos da torcida, e nosso adversários na chave de Las Vegas, o time do Quênia joga bem e levanta a arquibancada. Jogadores como Humphrey e especialmente o monstrinho Collins Injera mostram a potência física dos africanos. Grandes, fortes, magros e rápidos, os quenianos impõe um ritmo de jogo muito físico.
Atualmente em 14º na tabela geral, ainda perdem para times como Canadá e França, que são mais profissionalizados. Outro fator importante é a falta de tradição de Quênia no rugby XV, impedindo uma evolução maior dos jogadores. No mês passado, os times de XV do Brasil e Quênia se enfrentaram nos Emirados Árabes, com vitória africana por apenas um ponto de diferença.