Barcelona, 12 mar (EFE).- Acostumado a grandes conquistas em sua história recente, o Barcelona precisava, na opinião inclusive de seus próprios jogadores, de uma virada histórica, mas não precisa mais: o time espanhol goleou o Milan por 4 a 0 nesta terça-feira e se classificou para as quartas de final da Liga dos Campeões.
Nunca até hoje na “fase moderna” do torneio continental, iniciada em 1992, um time havia revertido uma desvantagem de dois gols sem ter marcado fora de casa.
Até hoje, porque agora o Barça entra para a história com mais esse feito, depois de ter perdido por 2 a 0 no estádio de San Siro há três semanas. Messi, com dois gols, abriu caminho para a vitória, e Villa e Alba confirmaram a vaga da equipe catalã entre os oito melhores da Europa.
A conquista não foi obtida contra o um adversário qualquer. Sete vezes campeão continental, o Milan ainda não havia sido derrotado no tempo normal em 2013, tendo acumulado oito vitórias e três empates. O único revés foi na prorrogação das quartas de final da Copa da Itália, contra a Juventus.
Com a tão almejada “remontada”, o Barça se colocou nas quartas da ‘Champions’ pela sexta vez consecutiva. A última eliminação nas oitavas aconteceu em 2007, para o Liverpool. A equipe agora espera o sorteio da próxima sexta-feira, em Nyon (Suíça), para conhecer o adversário por um lugar nas semifinais.
Jordi Roura surpreendeu deixando Puyol no banco e colocando Mascherano no miolo de zaga. Além disso, como já era previsto, Fàbregas deixou o time titular para a entrada de o centroavante, no caso Villa, que levou a melhor na disputa com Alexis Sánchez.
No Milan, o atacante Pazzini se machucou e proporcionou a entrada de Niang, segundo jogador mais jovem da história a disputar uma partida de ‘Champions’. Mexes, que era dúvida, começou jogando.
O clássico europeu ganhou em emoção logo aos quatro minutos do primeiro tempo, quando o Barcelona fez um dos três gols de que precisava. Messi tabelou com Xavi na entrada da área e chutou no ângulo direito do goleiro Abbiati, que pouco poderia ter feito.
O gol deu confiança aos donos da casa, que partiram para cima na tentativa de marcar o segundo o quanto antes. Aos 12 minutos, Daniel Alves levantou da direita, Messi resvalou e Iniesta encheu o pé. Abbiati fez linda defesa e, na sobra, o melhor do mundo cabeceou para fora.
Quatro minutos depois, Iniesta desceu pela direita e rolou para o meio até Xavi. De fora da área, o meia bateu e o arqueiro ‘rossonero’ defendeu com a ponta dos dedos.
O Barça fazia o tradicional “tiki taka”, trocando passes na frente da área, mas finalizava pouco e mal. Aos 24, Daniel cruzou mais uma, desta vez para Pedro, que cabeceou para muito longe do alvo.
Acuado no começo, o Milan aos poucos foi conseguindo encaixar alguns contra-ataques. Num deles, aos 29 minutos, Niang avançou pela direita e mandou para a área buscando El Shaarawy. O ‘Faraó’ arriscou um voleio e não pegou em cheio.
Aos 37, os visitantes tiveram uma chance clara de empatar e fazer o tão procurado gol fora de casa, mas a desperdiçaram. Niang aproveitou falha de Mascherano e arrancou da intermediária de ataque, saindo na cara do goleiro. Na hora de decidir, o jovem atacante, bateu rasteiro e acertou a trave direita.
O castigo para os italianos aconteceu logo na sequência, aos 39. Iniesta rolou para Messi, que, de fora da área, ajeitou para o pé esquerdo e soltou um chute forte e seco no canto. Abbiati ainda caiu, mas não conseguiu evitar o segundo.
Após o intervalo, o Milan voltou do vestiário agredindo um pouco mais, mas não chegou a incomodar Valdés. Mais eficiente, o Barça marcou o terceiro aos nove minutos, com Villa. O camisa 7 foi acionado por Xavi dentro da área, ajeitou e chutou no canto direito.
A partir daí, o Milan precisou atacar para valer, e não esperar passivamente um gol “cair do céu”, como fazia. Massimiliano Allegri então mandou ao jogo Muntari e Robinho, sacando Ambrosini e Muntari.
Quem continuou assustando, no entanto, foi o Barcelona. Aos 16 minutos, Messi ficou com a sobra na entrada da área, matou no peito e finalizou sem deixar cair, tirando tinta do travessão.
Mantendo-se com a bola nos pés, o time anfitrião não deixava o adversário sufocar. O Milan chegava mais na base do “abafa”, como aos 22, quando Muntari aproveitou confusão na área e tentou de letra, mas não teve sucesso.
O gol do alívio para os donos da casa chegou a sair aos 33 minutos, com Sánchez, que substituiu Villa, mas o lance foi invalidado. O chileno apareceu sozinho, driblou o goleiro e tocou para a rede, mas a arbitragem já havia assinalado impedimento.
A tranquilidade então só aconteceu mesmo nos acréscimos, mas antes, aos 36, a equipe italiana ainda teve uma última oportunidade. Bojan, ex-Barcelona, fez boa jogada pela esquerda, foi ao fundo e tocou para o meio da área. Robinho apareceu para concluir, mas foi travado e ficou com o escanteio.
A virada histórica dos catalães foi confirmada aos 46, em um erro do Milan. Os visitantes tiveram falta para cobrar na intermediária de ataque, mas não só desperdiçaram a chance de fazer o “chuveirinho”, como também viram Alba partir no contragolpe e marcar o quarto.