A vantagem de ter vencido a partida de ida por 2 a 1 fora de casa, há uma semana, e o placar de 2 a 0 ao final do primeiro tempo causaram a ilusão de que o Barcelona se classificaria para as semifinais da Copa do Rei tranquilamente, mas a equipe catalã teve que sofrer nos últimos 45 minutos para conseguir a vaga.
Depois de várias chances perdidas pelo Real, o Barça abriu dois gols de frente pouco antes do intervalo no estádio Camp Nou, com Pedro e Daniel Alves. Cristiano Ronaldo e Benzema empataram, e houve pouco mais de 20 minutos de apreensão até o apito final e a festa da torcida local.
Com o resultado, os donos da casa mantiveram o rival como freguês. No retrospecto recente, foram três títulos do Campeonato Espanhol e vitórias nas semifinais da última Liga dos Campeões e na Supercopa desta temporada. Os madrilenhos, por sua vez, venceram apenas na decisão da última Copa do Rei.
A derrota no jogo de ida gerou uma crise na equipe de Madri. Líderes do elenco, o goleiro Iker Casillas e o zagueiro Sergio Ramos discutiram asperamente com o técnico José Mourinho, segundo o jornal “Marca”. Nem a vitória por 4 a 1 sobre o Athletic Bilbao no último domingo, que manteve o Real na liderança do Campeonato Espanhol, aliviou a tensão.
Nos anfitriões, o técnico Josep Guardiola repetiu a escalação da partida da última semana, inclusive com José Pinto como goleiro titular. O lateral Adriano ficou novamente no banco de reservas.
Já Mourinho surpreendeu escalando Higuaín na vaga de Benzema e principalmente mandando a campo Pepe, que pisou na mão de Messi no Santiago Bernabéu e foi chamado de “assassino” pela torcida do Barça nesta quarta-feira. Kaká teve mais uma chance, mas, após atuação discreta, foi substituído por Callejón no decorrer do clássico.
O Real precisava quebrar um tabu de quase dez anos sem vencer o rival por dois gols de diferença, e em apenas três minutos criou mais chances de gol do que havia feito em todo o primeiro tempo da partida de ida. Com menos de um minuto, Piqué errou o domínio após recuo de
Daniel Alves, e a bola ficou com Higuaín, que bateu colocado e tirou tinta da trave esquerda.
O atacante argentino voltou a dar trabalho pouco depois. Xabi Alonso cobrou falta e ele cabeceou bem. A bola bateu no goleiro Pinto e encobriu a meta.
O jogo era completamente diferente do visto na semana passada, e a equipe madrilenha pressionava. Aos 11 minutos, Kaká arrancou pelo meio e serviu Cristiano Ronaldo, que invadiu a área e bateu cruzado. Pinto segurou em dois tempos.
Algumas jogadas já davam a entender que, mais uma vez, a noite não era do Real, como aos 25 minutos. Özil finalizou bonito de fora da área, mas acertou o travessão, a trave, e viu a bola sair mansamente pela linha de fundo.
As melhores chances eram mesmo da equipe visitante, que reclamou muito de um lance ocorrido aos 37 minutos. Após tentativa de bicicleta de Sergio Ramos, a bola bateu na mão de Abidal, mas o árbitro Fernando Teixeira Vitienes disse que a jogada foi legal.
Foi o time madrilenho que passou a primeira etapa inteira tentando, mas quem deixou o campo para o intervalo em vantagem foi o Barça. Aos 42 minutos, Messi arrancou pelo meio e descolou belo passe para Pedro, que finalizou com categoria no canto esquerdo.
Já nos acréscimos, cinco minutos depois, Daniel Alves marcou o segundo. Xabi cobrou falta e parou na barreira, mas, na sobra, o lateral brasileiro acertou belo chute de primeira e ampliou.
A equipe anfitriã voltou do vestiário atacando mais, mas quem teve a primeira chance e até balançou a rede foi o Real. Aos sete minutos, Xabi Alonso bateu falta e Sergio Ramos cabeceou para o gol. No entanto, o zagueiro puxou Daniel Alves, e o gol foi anulado.
Se no primeiro tempo o time de Madri mostrava bastante gana e vontade de virar a eliminatória, no segundo, pelo menos no começo, foi colocado na roda pelas tabelas do rival. Mourinho mexeu na equipe, trocando Kaká e Higuaín por Callejón e Benzema, que muitos esperavam que começariam jogando e que incendiaram a partida.
Se as coisas não davam muito certo, foi necessário que brilhasse a estrela de Cristiano Ronaldo, sumido na partida até então. O português recebeu passe preciso de Xabi Alonso e, sozinho, tocou na saída do goleiro.
Quatro minutos depois, Benzema colocou fogo no clássico. Em jogada de atletas que entraram na etapa final, Callejón passou para o atacante francês, que deu um lençol em Puyol e finalizou para empatar com um golaço.
A partir daí, os visitantes foram para cima, mas de forma desorganizada e até certo ponto nervosa. Aos 29 minutos, por exemplo, Callejón desceu pela direita e cruzou rasteiro. Cristiano Ronaldo tentou de primeira e furou feio.
O Barça era todo defesa, e saía nos contragolpes, como aos 38 minutos, quando Messi foi acionado pelo meio, conduziu até a entrada da área e bateu no canto, mandando perigosamente à esquerda.
Os minutos finais foram de poucos lances bons e de muita tensão. O Real não conseguiu o terceiro gol, que garantiria a classificação, e ainda teve Sergio Ramos expulso.