Um grupo de arquitetos brasileiros que participa da construção e reforma dos estádios da Copa de 2014, em visita à África do Sul para acompanhar as obras deste ano, afirmou à Agência Efe que o evento será “um grande desafio” para o país, que terá de melhorar muito suas infraestruturas e serviços.
A delegação, formada por 20 arquitetos, foi hoje ao estádio Soccer City, no famoso bairro de Soweto, em Johanesburgo.
Eles foram ao local das partidas de abertura e encerramento do evento, que vai de 11 de junho a 11 de julho, para trocar experiências com os profissionais envolvidos com os projetos dos estádios sul-africanos.
Os arquitetos, que ontem viram o estádio de Ellis Park, situado no coração de Johanesburgo, ficaram “impressionados” com a estética do Soccer City e destacaram os altos níveis de exigência que a Fifa vem impondo ao comitê organizador brasileiro, no mesmo nível que o solicitado aos sul-africanos.
Além dos palcos de Johanesburgo – em que o Brasil fará as partidas da primeira fase contra Coreia do Norte e Costa do Marfim -, o grupo visitará o estádio Loftus Versfeld, de Pretória, e o Moses Mabhida, de Durban, que recebe amanhã o amistoso entre as seleções da África do Sul (do técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira) e a Namíbia.
Além disso, eles viajarão para ver o estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, e o Green Point, na Cidade do Cabo.
Vicente de Castro Mello, encarregado do projeto do novo Estádio Nacional de Brasília, que custará US$ 264 milhões e terá capacidade para 70 mil pessoas, disse hoje à Efe que o Soccer City “representa o grande desafio que os arquitetos terão com todos os novos projetos no Brasil”.
“Estamos a 100 dias do Mundial da África do Sul e ainda há muito a fazer, mas vemos isso como um exemplo para tentar terminar os estádios do Brasil pelo menos 6 meses antes (da Copa de 2014) e poder testar todas as instalações, o que não acontece aqui na África”, afirmou.
Já Adriana Oliveira, arquiteta do novo estádio a ser erguido em Cuiabá, que custará US$ 203 milhões e abrigará mais de 48 mil espectadores, afirmou que “a arquitetura das infraestruturas do Mundial é muito bonita, e as ideias que estão por trás são muito originais”.
“Esta visita à África do Sul será muito útil. Vimos os estádios do Mundial de 2010 para tentar fazer algo parecido no Brasil”, disse Oliveira.
Para ela, o território brasileiro tem infraestrutura melhor que a da África do Sul e deu como exemplo as cidades da região Nordeste, que recebem muitos turistas mesmo sem grandes eventos. “É um país que está mais bem preparado, embora ainda haja muito o que fazer”.
“O Mundial de 2014 é um grande desafio para o Brasil: é preciso melhorar os aeroportos e há cidades no país que não são tão turísticas, que têm de se preocupar com o transporte dentro das cidades”, completou Adriana Oliveira.
Sobre a preparação da África do Sul, a arquiteta afirmou: “Esperava que os estádios e as infraestruturas da África do Sul estivessem mais completos a esta altura. Apesar de tudo, acho que terão tempo para acabar tudo, mas deverão ter pressa”.
No mês passado, o francês Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, expressou a preocupação da organização pelo ritmo de trabalho nos preparativos para o Mundial de 2014: “Está claro que o trabalho nos estádios não começou. O Brasil não pode perder tempo”, afirmou.
A Copa de 2014 acontecerá em 12 cidades diferentes. A melhora das infraestruturas, contemplada até o momento em 59 projetos, entre eles a construção ou remodelação dos 12 estádios, está orçada em US$ 9,420 bilhões.