O atacante brasileiro Brandão conheceu momentos difíceis e felizes em Marselha, recebeu aplausos e vaias, críticas e elogios. O gol marcado na terça-feira à noite no Giuseppe Meazza de Milão que prolonga a aventura europeia do Olympique na Liga dos Campeões o eleva à categoria de herói poucos meses após ter sido tratado como vilão.

Brandão marcou aos 46 minutos da segunda etapa de um jogo que se dirigia à prorrogação. Com o gol de empate do Milito, os time de Marselha dava sinais de cansaço, de que não aguentaria outra meia hora de jogo.

No banco, restavam poucas opções ao técnico francês, Didier Deschamps. Apenas o atacante brasileiro desacreditado. O atleta chegou ao clube pela primeira vez em 2009 e retornou nesta temporada após quase um ano de exílio forçado no Brasil.

“Treinador, me coloca em campo que vou marcar”, disse Brandão ao técnico, como contou o próprio Deschamps.

Já passava da metade do segundo tempo, quando o treinador francês apostou na intuição do atacante. Brandão precisou de apenas cinco minutos para marcar o gol que evitava a prorrogação e enviava o Olympique de Marselha direto ao limbo onde só têm direito de entrada os oito melhores do continente.

O gol não entrará para galeria dos mais belos. Um chute longo do goleiro Mandanda atravessou o campo, bateu nas costas de Brandão e, de forma perigosa, enganou o zagueiro brasileiro Lúcio, da Inter de Milão. A partir daí, o atacante disparou pela esquerda e bateu na saída do goleiro também brasileiro Julio César.

“Nem sequer olhei a bola, só chutei”, afirmou o jogador que descartou a genialidade e atribuiu o feito a sorte.

O gol representou a redenção de um jogador polêmico, atleta construído a partir de excessos, um sobrevivente que teve de remontar situações complicadas.

A imprensa francesa não economiza elogios ao jogador como não economizou nas críticas no passado.

Brandão conheceu a glória no mesmo estádio em que dois anos atrás esteve de frente para o inferno. No mesmo San Siro, o brasileiro acertou o travessão do Milan com um chute a quatro metros da área, um gol cantado que não balançou as redes, o que lhe valeu inúmeras críticas da imprensa.

Na época, o Olympique de Marselha ficou de fora das oitavas de final da Liga dos Campeões e Brandão foi o vilão.

Seu rendimento não foi muito melhor nos jogos seguintes e o brasileiro teve de se acostumar a animosidade do público marselhês.

Chegou ao fundo do poço em março, quando uma jovem francesa o acusou de estupro e ele foi processado pela justiça gala.

Incapaz de suportar a pressão do futebol e da justiça, o jogador pediu para deixar a França e retornar ao Brasil. Cedido ao Grêmio em um primeiro momento e ao Cruzeiro depois, o jogador resgatou o prazer de jogar futebol.

Na última janela, sem dinheiro para fazer grandes contratações, o Marselha o reintegrou ao grupo. Retornou para salvar a equipe que se agarra à Liga dos Campeões como tábua de salvação de toda uma temporada.


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Ao garantir Olympique na Liga dos Campeões, Brandão passa de vilão a herói