Depois da derrota, as explicações. Sempre que a seleção brasileira perde, comissão técnica e jogadores tentam explicar como que Ronaldo, Ronaldinho, Kaká e companhia não conseguem superar uma seleção fraca como a do Equador. Dessa vez, eles encontraram 2.800 justificativas na elevadíssima altitude da cidade de Quito, capital equatoriana.

"É desumano jogar aqui. As autoridades têm de fazer alguma coisa para não haver mais jogos em grandes altitudes", protestou Ronaldo. O Fenômeno foi o jogador que se disse mais afetado com as condições locais. "No intervalo tive muita dor-de-cabeça, falta de ar e até precisei de oxigênio para respirar", disse o craque.

A história, entretanto, não é bem assim. De acordo com a professora de Educação Física Magali Barbosa, os efeitos são bem menores do que os sugeridos pelo artilheiro da seleção. "O que foi veiculado é que a seleção chegou em Quito poucas horas antes da partida. Esse tempo não é suficiente para que aconteçam grandes alterações fisiológicas", explica. "Para mim, os verdadeiros problemas são os poucos dias de treinamentos e a falta de entrosamento entre os jogadores".

Como explicar, então, a falta de ar de Ronaldo? Para quem se lembra do ocorrido na final da Copa de 98, quando o atacante teve até convulsões antes do jogo, não é possível deixar de levar em conta o chamado "fator psicológico". Na opinião do psicólogo esportivo João Ricardo Cozac, a altitude é supervalorizada pelos brasileiros. "Existem diversos fatores externos que um time é obrigado a enfrentar – como as horas de vôo ou a pressão da torcida adversária – e a altitude é só mais um deles. Essas questões devem ser desmitificadas e encaradas com objetividade, para que os jogadores não percam o foco do jogo", explica.

De fato, o próprio treinador da seleção brasileira relativiza os efeitos da altitude. "A altitude influi, mas não decide", disse Parreira, após a derrota.

Como definiu Cozac, "A altitude pode servir de bode-expiatório para os verdadeiros problemas da equipe". Realmente, diante de uma apresentação medíocre como a da seleção canarinho nesta quarta-feira, os 2.800 m de Quito ficam com ares de desculpa esfarrapada.

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<i>Foto: CBF/Divulgação – Nilton Santos</i>


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'Altitude desumana' ou desculpa esfarrapada?

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