O Instituto Sul-Africano de Relações Raciais descartou que as tensões raciais que vivem esses dias a África do Sul por causa do assassinato do dirigente ultraconservador Eugene Terreblanche possam afetar a Copa de 2010.
“Não há nenhuma razão para que essas coisas, por mais trágicas que sejam, afetem a segurança dos torcedores ou dos jogadores durante a Copa”, disse Lawrence Sclemmer, vice-presidente da instituição, citado hoje pela imprensa local.
“A Copa e o esporte, como se supõe, canalizam paixões e reconciliam”, acrescentou Sclemmer, apelando mais uma vez para a suposta capacidade do esporte para cicatrizar feridas profundas.
A África do Sul viveu um tenso final de semana depois que dois jovens negros assassinaram violentamente no sábado Eugene Terreblanche, dirigente do partido ultraconservador e racista AWB (Movimento de Resistência Africâner).
O Governo e o principal partido da oposição tiveram que pedir calma depois que os seguidores de Terreblanche asseguraram que vingariam o assassinato de seu correligionário, mas depois asseguraram que não tomarão nenhuma medida violenta.
Várias pessoas vinculam o assassinato de Terreblanche com a canção “Matar os Boers”, muito popular durante o apartheid e proibida hoje, mas que nas últimas semanas voltou a ganhar força.
Aumentam as tensões raciais em um país que, apesar do que possa sugerir Hollywood, arrasta sérias feridas desde o apartheid, que não foi totalmente curado.
“Desde o fim da década de 1950 houve prognósticos de guerra racial na África do Sul”, disse o ministro da Polícia, Nathui Mthethwa. Ele definiu hoje o ocorrido como “um incidente isolado” e assegurou que não há razão para que os turistas estejam preocupados.
O Comitê Organizador da Copa, por sua vez, não quis se pronunciar sobre um assunto que considera político.
Faltam 65 dias para o início da Copa do Mundo de 2010. A África do Sul está sendo observada atentamente por causa do assassinato de Terreblanche, embora aparentemente insuficientes para pôr em xeque a Copa, não ajudam a melhorar a imagem do país, deteriorada pela violência.