Morreu Yoná Magalhães, aos 80 anos, nesta terça-feira (20/10). Para a galera mais nova, ela era apenas uma atriz já bem “tiazona”, que surgia em aparições nas novelas globais. Mas Yoná foi muito mais do que isso: foi uma grande atriz, além de pioneira das “periguetes” ou “sex girls” de hoje – e com muito mais classe e elegância, é claro. As jovens atrizes globais que hoje sensualizam nas novelas não sabem de nada, inocentes. Yoná abriu caminho para todas elas. Veja só:
Em 1965, aos 30 anos, Yoná foi contratada como “primeira atriz” da TV Globo, e protagonizou várias novelas. Foi a heroína Janet Legrand em O Sheik de Agadir (1966)…
Foi a personagem-título de Eu Compro Esta Mulher (1966)…
E a diva glamourosa Meggy Parker em A Gata de Vison (1968), que se passava em plena Lei Seca na Chicago dos anos 20!
Só por esses personagens Yoná já teria deixado sua marca de pioneira em matéria de mulheres fortes e sensuais nas novelas. Mas ela foi além: foi a primeira “vilã loira” das novelas (hoje um padrão básico em qualquer novela), vivendo a ricaça blasé Nara Paranhos de Vasconcelos em Uma Rosa com Amor (1974)
Quer mais? Tem. Em 1975, na tensa novela O Grito, Yoná viveu uma mulher que faz um strip tease em plena janela de seu apartamento de frente para o Minhocão, em São Paulo, provocando acidentes no trânsito!
Isso sem falar de seu trabalho no cinema. Em 1964, ela protagonizou Deus e o Diabo na Terra do Céu, de Glauber Rocha, consagrando o Cinema Novo e tornando-se uma das musas do movimento
Em 1985, aos 50, Yoná viveu a deslumbrante Matilde, a provocadora e insinuante dona da boate Sexus no hit Roque Santeiro
Matilde tinha como partners as “meninas” Ninon (Claudia Raia) e Rosaly (Ísis de Oliveira), que seguiam atentas os passos da mestra (na novela e na vida real)
As pernas de Yoná foram um must da novela. Ela protagonizava shows na Sexus, deixando todos boquiabertos, em cenas ainda hoje ousadas – numa delas, chegou a mostrar a retaguarda no palco. Se hoje Paolla Oliveira e outras mostram tudo na TV, é porque Yoná abriu avenidas…
O sucesso em Roque Santeiro levou Yoná para a capa da Playboy em 1986, aos 50 anos – até então, nenhuma estrela tinha posado nua com essa idade. Marmanjos com mais de 37 anos com certeza curtiram essa revista
E quem esquece Tonha, a personagem de Yoná em Tieta (1989)? A reprimida nordestina se liberta e vira a mesa, transformando-se num vulcão esfuziante. A trilha sonora, com Simone cantando “Que venha essa nova mulher, de dentro de mim…” simbolizou tudo isso
Bravo, Yoná!