Terno Rei lança o álbum “Gêmeos” – Fotos: Fernando Mendes

Eu acho que esse disco é mais eclético, tanto em estética quanto em mood”, afirma Bruno Paschoal, em entrevista ao Virgula, sobre “Gêmeos”, o quarto álbum da Terno Rei que chegou nas plataformas digitais na noite desta quarta-feira (09).

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Formada por Ale Sater (voz, violão, baixo), Bruno Paschoal (guitarra, baixo, sintetizador e voz), Greg Maya (guitarra e sintetizador) e Luis Cardoso (bateria, voz), a banda apresenta o disco em um momento que coincide com os 12 anos do grupo. O novo trabalho traz um frescor para o som dos músicos que, ao passo que exploram novas sonoridades, cantam sobre como é chegar em um momento da vida em que as dúvidas e certezas começam a se equilibrar.

Em janeiro, a Terno Rei apresentou “Dias da Juventude”, primeiro single de “Gêmeos”. No clipe da faixa, encontramos Ale, Bruno, Greg e Luis em versões mais velhas, com profissões tradicionais e sendo os adultos responsáveis da história. A faixa ainda traz um tom nostálgico em que, apesar de precisar lidar com os novos jovens, os artistas lembram dos seus próprios dias da juventude.

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O primeiro single já anunciava o que viria a ser o quarto disco da Terno Rei. “Gêmeos” chega de uma banda que começou em meados de 2010 tocando rock experimental com influências do shoegaze e guitarras ruidosas, seguindo para uma sonoridade lo-fi e passando para uma vibe oitentista com direito ao resgate dos sintetizadores. Agora, o grupo entrega um álbum que traz um pouco de cada um desses elementos junto com novas referências. Como uma tentativa de ressaltar que essas versões passadas da Terno Rei ainda existem, mas que o quarteto ainda tem muito para mostrar e explorar.

A gente queria fazer uma coisa diferente de tudo que já tínhamos feito. Queríamos fazer um negócio com mais hi-fi, estávamos com vontade de voltar a botar umas guitarras e dar umas guitarradas a mais. Além de ter tudo a ver com as referências que estávamos escutando na época, que era umas bandas mais anos 2000. Ao mesmo tempo, tem synth para caramba e tem quarteto de cordas. Então foi um álbum que a gente experimentou bastante coisa e novas estéticas”, explica Bruno.

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Sobre nostalgia, aprendizados e novas perspectivas

“Gêmeos” chega como um balanço, tanto da sonoridade do grupo quanto da vida. No primeiro aspecto, a banda paulistana traz um destaque maior para as guitarras, que lembram os álbuns “Vigília” (2014) e “Essa Noite Bateu Como Um Sonho” (2016). Mantém os sintetizadores que fizeram sucesso em “Violeta” (2019) e ainda incorpora novos elementos nas faixas como o violão, quarteto de cordas e o saxofone. Conhecidos por músicas mais introspectivas, no novo disco a Terno Rei apresenta faixas com melodias mais solares, como “Internet” e “Só Eu Sei”.

Agora a gente está olhando para frente. Fizemos o disco sem pensar muito em uma estética fechada, e sim nas canções. Trabalhar mais pelas canções e fazer o som ficar legal, independente do que ele precisa. Se ele precisar de violão para ficar legal, ele vai ter violão. Se a gente acha que um sax fica maneiro na música, a gente vai colocar. Isso vai naturalmente nos distanciando daquela estética que a gente usou em 2019 que está lá guardadinha pra quem estiver com saudade revisitar”, destaca Luis Cardoso.

Na parte lírica, o grupo reflete um processo de amadurecimento e envelhecimento. Aquele momento em que você consegue olhar para o seu passado de forma mais racional, entendendo o motivo de cada atitude que foi tomada, ao passo que essa lembrança muitas vezes acontece com um tom nostálgico. Como em “Difícil”, single lançado em fevereiro, em que é retratado o desfecho de uma relação de amizade por um olhar do futuro, e como as atitudes tomadas foram necessárias para chegar no momento atual.

Apesar desse olhar mais gentil com as vivências antigas, os artistas versam sobre como esse processo traz convicções e novos questionamentos. Em “Olha Só”, a banda questiona “Será que todo mundo é tão melhor assim/ Será que eu cresci mais que minhas roupas, mais que minhas coisas”, dessa forma, refletindo sobre as escolhas feitas e qual caminho será seguido daqui para frente. Mostrado que, apesar das certezas passadas, ainda há muito o que questionar sobre o futuro.

Nas letras está bem impresso esse negócio da recordação, do lembrar e de entender o que aconteceu. Ao mesmo tempo, tem alguma coisa para ver no futuro. É exatamente o momento que estamos vivendo, de estarmos mais velhos. Teve todo esse período tanto da pandemia quanto depois do lançamento de Violeta, que foi um período muito intenso para todos nós, e isso está refletido nas composições”, diz Ale Sater. “As coisas são mais amenas nesse conjunto de composições. Mas alguma confusão sempre sobra”, completa.

Uma nova fase para Terno Rei

“Gêmeos” foi produzido por Amadeus De Marchi, Gustavo Schirmer e Janluska, que também tocou o saxofone. Os arranjos de corda são de Érica Silva e o quarteto de cordas é formado por Anadgesda Simoni Guerra, Carla Grisolia Zago, Rebeca Friedmann Zetzsche e Karina Romanó Santos. A gravação foi feita no Nico’s Studio, em Curitiba, com mixagem e masterização por Nico Braganholo, repetindo a parceria da gravação de “Violeta” (2019). O álbum sai pelo selo paulistano Balaclava Records.

Com um show marcado para o dia 25 de março no Lollapalooza, o grupo também anunciou a sua turnê pelo Brasil e tem apresentações confirmadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Porto Velho, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Natal.

A Terno Rei encontrou os sinais que procurava pelas esquinas do tempo e, ao mergulhar cada vez mais profundamente neles, se sente mais livre para criar. “A gente tem uma personalidade, mas eu acho que dentro dela tem muito para explorar ainda”, afirma Greg Maya.


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Terno Rei explora certezas e busca novas respostas no álbum “Gêmeos”