Cercado de expectativas, com eram os lançamentos dos discos de Elis Regina, e tão alto astral quanto a própria cantora, “Elis, A Musical” estreia no próximo dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro. Com texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade, a superprodução é mais uma empreitada da Aventura Entretenimento, e leva a assinatura do diretor Dennis Carvalho. No papel da “Pimentinha”, a estreante em musicais Laila Garin, escolhida entre outras 200 candidatas. Felipe Camargo é Ronaldo Boscoli, primeiro marido de Elis e pai de João Marcelo Bôscoli, e Claudio Lins vive Cesar Camargo Mariano, o segundo marido e pai de Maria Rita e Pedro Mariano.
“Não estamos fazendo um documentário sobre a vida da Elis nem uma imitação da cantora. Somos apenas uma trupe de artistas que resolveu contar um pedacinho da vida dela”, diz Dennis Carvalho, que faz sua estreia no teatro: “Estou com frio na barriga”. Para contar a história da cantora gaúcha, Nelson Motta e Patrícia Andrade escolheram 51 canções, entre músicas, medleys e vinhetas. De “Fascinação” a “Como nossos pais”, passando por “Madalena” e “O Trem Azul”, quase todos os clássicos da cantora estão presentes. “Não foi fácil escolher porque Elis gravou todos os ritmos possíveis. Ela possui o mais extraordinário repertório da música brasileira, no qual estão representados os maiores compositores dos anos 60 e 70”, explica Motta. “Além do mais, temos que contar a história da vida dela por meio das canções”.
Para narrar o clima de romance entre Elis e Mariano, por exemplo, a dupla escolheu “Dois pra lá, dois pra cá”, de João Bosco e Aldir Blanc, aproveitando para explicar a relação profissional entre os dois, que resultou na gravação do LP só com músicas destes dois compositores, em 1983. Já para contar a importante passagem da cantora pelo programa “O Fino da Bossa”, na TV Record, entre 1965 e 1968, uma cena reproduz fielmente o dueto de Elis e Jair Rodrigues – interpretado por Ícaro Silva – cantando o clássico pout-pourri de samba que inclui “O morro não tem vez” e “Acender as velas”, entre outras. Além de Jair, aparecem no palco outros personagens importantes na vida da cantora, como Miele, Vinícius de Moraes e Tom Jobim. “Estou morrendo de medo, não consigo dormir”, admite Dennis. “Mas estou feliz de poder contar a história desta pessoa extraordinária, como cantora, como mãe, como mulher”.
Embora a cantora tenha morrido de overdose, causada possivelmente por uma mistura de álcool e cocaína, a relação de Elis com as drogas não é abordada no musical. “Simplesmente porque isso não tem a menor importância na vida dela. Ao contrário do Tim Maia, Elis não era drogada e ninguém nunca sequer a viu caindo de bêbada. O que aconteceu foi um acidente, ela errou na dose. Elis era briguenta, sim, as pessoas diziam que ela era mau caráter, mas não doidona. Nos anos 70, quando até o Papa fumava maconha, ela não fumou”, argumenta Nelson Motta. Para Luiz Calainho, sócio da Aventura Entretenimentos, a decisão dos autores foi acertada: “A história é contada com delicadeza e gentileza. Eles quiseram não falar sobre drogas e a gente respeitou, claro. Os autores, o diretor, toda a criação tem liberdade para trabalhar com absoluta isenção artística”, diz o empresário, que investiu R$ 10 milhões na peça.
Para realizar “Elis, A Musical” foram necessárias 265 pessoas envolvidas na produção, que tem 19 atores e 9 músicos em cena. O espetáculo marca o início da empreitada batizada de Aventura Brasileira, da empresa de Calainho, Aniela Jordan e Fernando Campos, maior produtora de espetáculos musicais do país. “Chegou a hora de investir em contar histórias dos artistas brasileiros, dos nossos grandes mitos. Elis é a primeira, e estamos preparando ‘O Velho Guerreiro, O Musical’, sobre Chacrinha, com texto de Pedro Bial, e ‘Se eu fosse você, O Musical’, adaptação do filme que também terá direção de Daniel Filho”, conta o empresário. Depois de trazer musicais consagrados da Broadway para o Brasil, como “Hair” e “A Noviça Rebelde”, Calainho agora sonha em exportar os espetáculos nacionais. “Acho que há um forte interesse lá fora por tudo o que vem do Brasil”, justifica. “Ninguém melhor que Elis, um ícone da nossa música, para começar essa aventura”.
Serviço:
De 8/11 a 2/3/2014
Teatro Oi Casagrande – Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, Rio de Janeiro.
21-2511-0800
Quinta e sexta, às 21 horas; Sábado, às 17 e às 21 horas. Domingo, às 19 horas.
Ingressos de R$ 50,00 a R$ 180,00