Elis - A Musical
Créditos: Gabriel Quintão
“Laila, fecha as pernas que está dando para ver sua calcinha”, grita, das poltronas da plateia do teatro Alfa, em São Paulo, uma atriz do elenco de Elis, a Musical. Sentada em uma cadeira no palco, na coletiva de imprensa da peça, Laila Garin ri da situação e se ajeita. Dali a pouco, está de pernas abertas novamente, sem se importar. “Cruza as pernas, Laila, pelo amor de Deus”. A artista baiana é tão à vontade quanto Elis Regina. Ao levar essa espontaneidade ao palco e traduzi-la por meio de seu expressivo aparelho vocal, ela impressiona horrores. É uma emocionante Elis Regina.
A superprodução da Aventura Entretenimento Elis, a Musical depois de uma temporada de três meses no Rio de Janeiro, chega a São Paulo nesta sexta-feira (14). Laila, que recebeu o prêmio Shell de melhor atriz de teatro na terça-feira (11), senta-se ao lado do diretor Dennis Carvalho durante o evento. “A Laila foi meu grande presente este ano”, elogia o global, que, minutos antes, cantarolava, descontraído, a canção Aprendendo a Jogar. “O que vocês estão rindo? Minha voz é ótima”, brincava.
“Foram dois meses de ensaio antes de estrear, mas minha preparação começou antes”, conta Laila. “Vi muitas entrevistas dela, ouvi discos. Elis era muito espontânea. Peguei dela o que reverberava em mim como verdadeiro, pois se eu somente imitasse, não soaria espontâneo. Tive de entrar em contato comigo para encontrar Elis”, disse.
Laila, durante o evento, concedeu uma entrevista exclusiva ao Virgula Diversão e falou sobre sua surpresa por ser escolhida para o papel de Elis. Ela discorreu ainda sobre os desafios de viver um grande ícone da música brasileira. Dá uma olhada aqui embaixo.
Você acaba de receber o prêmio Shell. Quando se preparava para estrear no Rio, há quatro ou cinco meses, imaginava que esse trabalho faria tanto barulho? Ficou com medo de não fazer jus à memória de Elis?
Eu não imaginava. Porém, mais do que os prêmios, existe o reconhecimento de todo dia, que é a reação do público. É demais. As pesssoas vêm emocionadas para falar comigo. Eu prefiro que alguém saia tocado do espetáculo do que me diga, ‘Como você parece a Elis’. O Dennis sempre conduziu esse projeto como uma homenagem à Elis, não uma imitação. Isso me fez ter calma em relação a fazer jus à memória dela.
Como foi receber a notícia de que viveria Elis, depois de ter sido selecionada em audições com mais de 200 atrizes disputando o papel?
Eu nem sabia que eram 200 pessoas. Não sou muito boa de competição, não. Isso não me estimula. Eu estava em turnê com o musical sobre Luiz Gonzaga [Gonzagão – A Lenda] e fiquei muito surpresa por ter sido escolhida, já que não me pareço nem um pouco com ela. Eu tive de sair da peça e ser substituída, mas o pessoal do Gonzagão me ajudou muito, porque sabia que seria muito especial representar essa mulher tão linda.
Ser fisicamente diferente de Elis não foi um problema?
A gente tem um trabalho lindo de caracterização, que envolve uma equipe inteira. Além disso, eles não buscavam uma atriz pelo tipo físico, porque senão não teriam me escolhido. Isso me animou bastante. Eles queriam alguém pela interpretação. Na peça, posso colocar um pouco de mim.
Quais são os principais desafios para fazer esse papel?
Um desafio é você saber até que ponto estuda a Elis e até que ponto coloca um pouco de você na personagem, para manter a visceralidade tão característica dela. O outro desafio é físico, pois são três horas cantando e interpretando. Você precisa ter vida de atleta.
Estrear em São Paulo é diferente de estrear no Rio? O nervosismo, depois de uma temporada inteira, é menor?
São Paulo é outra a expectativa. Metade da nossa equipe é diferente. É outro teatro, é outro som. Tecnicamente, é outra peça. É claro que sei que a peça toca as pessoas, mas sei que o público de São Paulo é diferente. É outra temperatura, outro tipo de senso de humor. Estou curiosa para ver a reação. São Paulo é muito importante para mim, porque vivi aqui por sete anos. É a cidade que Elis escolheu para viver e, aqui, viveu coisas importantíssimas. Muitas pessoas que conhecem bem a Elis são de São Paulo. Estou curiosa para ver a reação delas.
Qual é a canção que você mais gosta de cantar no espetáculo? Há uma preferida?
Eu não tenho uma escolhida. Quase todas as músicas são as minhas preferidas. Porém, tem dois momentos muito especiais no espetáculo, que são Como Nossos Pais e Bêbado e o Equilibrista. A energia que o público manda para mim é inacreditável.
Qual é a sua relação pessoal com a música de Elis?
Quando criança, eu sempre ouvia Elis porque, na minha casa, sempre se ouviu música brasileira. Minha mãe se emocionava muito com ela. Eu não era fanática, mas a ouvia dentre outras grandes mulheres intérpretes, como Gal Costa e Maria Bethânia. Depois, já adulta, ouvia Cássia Eller, que chegava próximo da intensidade de Elis. Depois que comecei a estudá-la, fiquei louca porque ela era muito visceral e, ao mesmo tempo, tinha uma técnica absurda e cantava bem todos os gêneros
Para você, qual foi o principal legado que ela deixou?
Lançar compositores importantes como ela lançou. Tudo que ela gravou foi marcante para a história do País. Ela lançou compositores que formaram várias gerações que estão aí até hoje.
O Dennis Carvalho e o Nelson Motta [responsável pelo texto da peça], que conheceram bem a Elis, te alimentaram com informações importantes sobre ela?
Sim. Principalmente sobre o jeito dela, sobre o temperamento dela. Eles sempre me assessoraram com isso. O João Marcello [Bôscoli, filho de Elis] também me ajudou muito.
Veja trechos de Elis, a Musical neste vídeo:
Veja trecho de Elis, A Musical, que chega a São Paulo nessa sexta
Laila Garin convida paulistas ao musical sobre Elis Regina:
SERVIÇO – ELIS, A MUSICAL
Local: Teatro Alfa (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro, São Paulo, Telefone: (11) 5693-4000
Data: de 14 de março a 13 de julho de 2014
Horários:
Quintas feiras: 21h00;
Sextas-feiras: 21:30hs;
Sábados: 16h00 e 20h00;
Domingos: 17h00
Preços:
Quintas-feiras, Sexta-feiras
VIP: R$140,00
PLATEIA: R$120,00
BALCÃO I: R$70,00
BALCÃO II: R$40,00
Sábados (duas sessões) e Domingos
VIP: R$180,00
PLATEIA: R$160,00
BALCÃO I: R$110,00
BALCÃO II: R$60,00
Vendas online por meio do site Ingresso Rápido