Neste sábado (12/12) Silvio Santos completa 85 anos de vida. E já são mais de 50 anos roubando a cena na televisão, coroando sua posição inabalável de “Rei do Brasil” – se Chatô, o empresário Assis Chateaubriand (1892-1968), foi apelidado dessa forma por seu biógrafo Fernando Morais, hoje a alcunha serve perfeitamente a SS.
E para homenagear essa figura-símbolo do Brasil, decidimos listar os momentos mais marcantes / absurdos / bizarros / inacreditáveis da trajetória do “Homem do Sorriso”. Embarque nesse Carrossel!
Olha o rapa!
Como já é fato notório, SS iniciou sua carreira profissional como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, aos 14 anos de idade. Vendia capinhas de plástico para colocar o título de eleitor, canetas, bugigangas e cacarecos – bem na linha Tio Patinhas, o famoso pato milionário da Disney.
It’s Now or Never… Eu vou pular…
SS serviu o exército e se destacou como… pára-quedista! Ele foi um astro da Escola de Pára-Quedistas de Deodoro, no Rio de Janeiro, e por causa disso deu um tempo nas atividades de camelô.
Rádio não, prefiro as ruas!
Num concurso para locutor na Rádio Guanabara, SS derrotou 300 candidatos e foi contratado. Mas ficou só um mês no emprego. O motivo: o salário de um mês na rádio ele ganhava em um dia como camelô!
Hoje tem marmelada
SS trabalhou em circos, sim. Ele se apresentava ao lado de ventríloquos, macacos, cantores… Acabou fundando sua própria companhia: A Caravana do Peru que Fala!
Santos, Silvio Santos
Batizado como Senor Abravanel, o rapaz vivia ganhando concursos de locução que davam prêmios. Depois de ganhar vários, foi impedido de continuar participando. O que fez ele? Decidiu mudar de nome para enganar os organizadores desses concursos e continuar participando (e ganhando). Então resolveu usar Silvio (nome pelo qual sua mãe já o chamava desde a infância, ninguém sabe porque!). O produtor de um desses concursos sugeriu o sobrenome Santos. Pronto, foi assim.
Silvio Santos vem aí… na Globo
Em 1960, SS comprou um horário na TV Paulista e estreou o game Vamos Brincar de Forca. O programa era apenas um pretexto para vender comerciais aos anunciantes. Em 65, a TV Paulista foi comprada pela Globo. E assim, SS continuou no ar… na TV Globo! A essa altura, ele já apresentava o Programa Silvio Santos, que ocupava as tardes de domingo. Ele só saiu da Globo no início dos anos 70, quando levou seu programa para a Tupi e a Record.
Fotonovela
Acredite se quiser: SS foi o astro da fotonovela Quando Nasce o Amor, publicada pela revista Melodias, nos anos 60, fazendo par romântico com… Wanderlea!
Careca
Mais bizarrices em revistas: em 1971, SS posou para a capa da mesma Melodias, só que… careca! A manchete de capa dizia: “Silvio é careca, fez plástica e não é casado”. Era tudo mentirinha, para ajudar a revista a vender mais. E a foto careca? Era montagem.
Cantei, Cantei!…
SS gravou mais de 40 discos, incluindo compactos e LPs. Boa parte deles: coletâneas de marchinhas de carnaval! Outro filão: histórias infantis, narradas por ele mesmo. Esses discos são raridades em sebos, hoje em dia.
Amigo é coisa pra se guardar
Para conseguir a concessão dos canais de TV que desejava, SS fez muita amizade com os poderosos políticos dos tempos da ditadura militar. E assim, a TVS (1ª iniciativa dele no ramo, em 1975) se tornaria o SBT, em 1981. Em troca do “favor”, SS criou um programete que ia ao ar nos intervalos da programação: a famigerada Semana do Presidente! Alguém se lembra?
Freak Show
O SBT sempre se caracterizou por uma programação insólita. Popular, “brega” ou “trash”, o fato é que a rede conquistou o Brasil e a vice-liderança, ameaçando (e vencendo muitas vezes) a então líder absoluta, a Globo. Por trás desse sucesso, estava a ensandecida mente de SS, um talento para criar programas marcantes. Exemplos: Namoro na TV, Qual é a Música, Porta da Esperança (foto abaixo), Topa Tudo por Dinheiro, Show do Milhão… Muitos deles, na verdade, eram “inspirados” em originais gringos. O próprio SS chegou a declarar: “Não crio nada, eu copio!”
Do mundo não se leva nada… vamos sorrir e cantar!
Quem foi criança nos anos 70 e 80 jamais esquecerá o Domingo no Parque. O programa passava nas manhãs de domingo, chegando a ficar 6 horas no ar. SS comandava uma plateia de crianças eufóricas, e arrasava com brincadeiras inesquecíveis como a do 1,2,3, Pin! e a do foguete (Siiim! Nããão!). E quem não queria ganhar um tênis Montreal??? E como esquecer a melancólica música Pequeno Mundo, versão de It’s a Small World, da Disney? “Para ser feliz é preciso ter este céu azul, esta imensidão…”
Silvio Santos… é coisa nossa!
As noites de domingo, por sua vez, se encerravam com o hilário Show de Calouros. SS pilotava uma trupe de jurados peculiares: Aracy de Almeida, Pedro de Lara, Wagner Montes, Sônia Lima, Flor, Leão Lobo, Décio Piccinini, Elke Maravilha… E as apresentações de travestis e transformistas que disputavam prêmios no programa? E SS anunciando o filme que passaria depois do programa, na Sessão das Dez? “Eu não vi o filme, mas minha mulher viu, minhas filhas viram, e é muito bom!”
Golpe de Mestre
Em 1985, SS comprou os direitos de exibição de Pássaros Feridos, badalada minissérie da TV americana. Ele programou a série em capítulos para às 21h, para não competir com a novela das 20h da Globo. E com razão: a novela em questão era Roque Santeiro, megasucesso nacional. E SS ainda anunciava: “Logo depois da novela da Globo, começa Pássaros Feridos. Só começa quando a novela termina”. A Globo decidiu provocar e começou a esticar cada vez mais a novela, terminando depois das 21h. SS não se fez de rogado: colocava no ar desenhos da Pantera Cor de Rosa. No instante em que Roque terminava, a Pantera saía do ar abruptamente e entravam os Pássaros Feridos. Deu certo: todo mundo via Roque e na sequência mudava para o SBT!
BBB no SBT
Em outubro de 2001, SS estreou o Casa dos Artistas, uma cópia descarada do Big Brother, cuja 1ª edição brasileira a Globo estrearia somente em janeiro de 2002. A diferença entre um e outro: no programa do SBT, os confinados na casa eram figuras artísticas como Supla, Alexandre Frota, Bárbara Paz, e não anônimos querendo virar artistas. A Globo quis abrir processo, mas tudo acabou em pizza.
Vivo ou Morto
Quem se lembra? Em agosto de 2001, SS virou tema de enorme reportagem no Jornal Nacional da Globo. O motivo: Silvio passou 8 horas mantido como refém em sua casa em SP por um sequestrador. Detalhe: o sequestrador invadiu a mansão, e era ele quem tinha sequestrado Patricia Abravanel, filha de SS, dias antes – ela foi mantida 7 dias em cativeiro. O sequestrador apontou arma para a cabeça de SS, que conduziu a negociação com calma, chamou Geraldo Alckmin, governador do estado, e conseguiu convencer o criminoso a se entregar. Em 2002, o sequestrador morreu na prisão.
Na Avenida
No Carnaval de 2001, SS foi tema de enredo da escola de samba carioca Tradição: O Homem do Baú. SS desfilou em cima de um carro alegórico, e várias estrelas do SBT desfilaram também. O que resultou num raro fenômeno: a Globo transmitiu durante 80 minutos um desfile protagonizado pelo elenco do SBT.
Pai do Povo
As eleições diretas para Presidente do Brasil, em 1989, foram sacudidas por uma bomba: Silvio Santos era candidato. Inicialmente pelo PFL, depois pelo PMB. Neste último, substituiu o candidato Armando Corrêa. Como na época a votação era por cédula, e estas já haviam sido impressas, SS aparecia na TV dizendo: “Vote no Armando que você estará votando em mim!” Por fim, o PMB foi impedido de concorrer, por problemas legais. SS ficou de fora da disputa pela Presidência da República. Mas o nome de Silvio foi cogitado por diversos partidos outras vezes: em 88 e 92 para prefeito de São Paulo, e em 90 para governardor de SP. Em todas essas vezes, a candidatura de SS nunca foi oficializada.
Depois dessa retrospectiva, alguém tem dúvidas de que Silvio Santos seja o verdadeiro Rei do Brasil? Se tiver, vale ler o livro A Fantástica História de Silvio Santos, de Arlindo Silva, publicado pela Editora do Brasil em 2000.
Os programas de auditório mais "trash" do passado
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