Nesta segunda-feira (03) estreia a nova novela das 21h na TV Globo, “A Força do Querer”, de Glória Perez. A atriz Isis Valverde vai interpretar Ritinha, personagem que acredita ser filha de um homem-boto, se sente uma sereia e participa de eventos animando festas fantasiada. Será que a personagem está distante da vida real?
Sereias: seres aquáticos com a cabeça e o torso humano e cauda de peixe. Se existem ou existiram é um grande mistério, mas é bem provável que você já tenha ouvido falar delas, né?! Seja em diversas lendas da sua infância, em filmes e até desenhos, sempre com canto hipnotizante levando homens para o fundo do mar.
Acredite ou não, mas muitas “sereias” nadam por aí nos dias de hoje, inclusive nas redes sociais. O Sereismo ganhou força real durante o verão de 2016, com direito a famosas postando fotos com belas caudas, enquanto mergulhavam no mar ou em piscinas de suas mansões.
O sereismo cresce a cada dia no Brasil, com direito a grupos de discussão no Facebook e várias fan pages dedicadas que aparecem a cada dia. Mas para quem acha que ser adepto desse estilo é apenas comprar sua cauda e ser feliz pela água, está muito enganado.
Mirella Ferraz, a primeira sereia profissional do Brasil, explica que qualquer um pode fazer parte deste mundo, homens ou mulheres. “Hoje, o Sereismo é largamente usado para designar um estilo de vida em que milhares de pessoas se sentem bem usando uma cauda de sereia, nadando como uma sereia ou tritão. Mas, além disso, para dar voz a todas as pessoas que se sentem ligadas ao mar, a água, que são fascinadas pelas sereias, que prezam pelo meio ambiente e que querem externar esses sentimentos, seja adquirindo uma cauda e nadando com ela, seja apenas usando acessórios da moda ou transformando esse amor em profissão. Claro que muitos adeptos do Sereismo acreditam, sim, nas sereias, mas não é isso que o define o termo”.
Mirella é percussora do movimento no Brasil e diz que “nasceu sereia”. Quando pequena, aos cinco anos de idade, colocava duas pernas em uma só parte da meia calça de sua mãe e caía na piscina para nadar. Tanto amor e devoção acabaram virando profissão. Atualmente, Mirella vende caudas de sereias pela internet, algo que ela criou e adaptou para que ficasse o mais fiel possível.
“Tentei fazer uma nadadeira com pneu de caminhão e ficou pesando uns 40 quilos. Tentei convencer um funileiro a fazer com para-choque de carro e ele achou que eu era louca. Tentei com pé de pato e quase estourou meu joelho. Até que, em meados de 2005, finalmente consegui importar uma monofin (um tipo de pé de pato com uma única palheta) e confeccionei a minha primeira cauda”, explica Mirella, que é dona da loja MS-Fins desde 2012, com caudas mais aprimoradas e com matéria-prima 100% nacional e exclusiva. As caudas custam em média R$ 430 (adulto) e R$ 390 (infantil).
Mirella ainda tem mais um trabalho. A Sereia Brasileira, como é conhecida, está sempre em grandes aquários, como o de São Paulo e o do Guarujá (SP), mergulhando em tanques e interagindo com os visitantes. “(Certa vez) uma senhora, durante a minha apresentação no tanque do peixe-boi, estava em pé, com as mãos coladas no vidro, chorando copiosamente. A gerente correu até ela, pensando que ela estava passando mal. A senhora virou-se pra ela e começou a repetir, entre lágrimas: ‘eu sabia que a veria novamente. É ela, é ela! Eu sabia! Agora, posso morrer em paz’. A moça que estava acompanhando a idosa explicou que ela havia nascido em uma cidade litorânea e, aos sete anos, disse para todo mundo que tinha visto uma sereia no mar”, contou.
“Eu acho que isso é o mais fantástico da minha profissão: poder levar magia até as pessoas. Poder fazer com que elas acreditem na fantasia. Aquilo tão lindo que deixamos para trás quando somos crianças. A vida já é tão cheia de coisas ruins sempre! Sempre nos testando, sempre nos sufocando fora d’água, que poder levar leveza e um mundo lúdico e mágico para as pessoas”, opinou Mirella sobre os benefícios da sua profissão nada comum.
E será que a primeira sereia do Brasil acredita de verdade nesses seres mitológicos? A resposta não poderia ser outra. “Para mim, as Sereias existem sim. Isso é um oceano de verdade! As sereias são consideradas o ser mítico mais antigo do mundo. E, em vários países do mundo, a Sereia está presente em culturas e folclores”.
Sereias pelo Brasil
Alice Marinho, 18 anos, tem Mirella como inspiração e também é adepta do Sereismo. “O estilo sereia está aí faz mais tempo do que se imagina. Em países como Estados Unidos ou Austrália, é comum ver mulheres usando caudas de sereia em praias. Existem até encontros de sereias. Agora, ficou mais conhecido aqui no Brasil, temos mais acesso a produtos do tema, o que é bom. Antes era difícil de encontrar”, afirma.
Alice, porém, conta que não é radical e não segue a risca o estilo de vida de algumas adeptas, que muitas vezes até se tornam vegetarianas, algo que não é necessário no Sereismo. Eu apenas faço algo que eu gosto”, explica a jovem, que é blogueira e adora se fantasiar de personagens da Disney.
Bruna Tavares, dona do canal Pausa para Feminices – mais de 680 mil seguidores no Youtube -, também é adepta e até criou outro blog ao lado de algumas amigas para falar sobre essa paixão, o Sereismo. Bruna é mais ligada a parte da moda, que envolve produtos com temática de sereias, mas o estilo de vida também está presente.Em seus posts no Instagram, é possível encontrar quase sempre uma concha, um espelho, pérolas, produtos com estampa de escamas, entre muitas outras coisas. Afinal, para ser sereia tem que seguir a moda das sereias.Reprodução/Instagram
A modelo Yasmin Brunet também é uma seguidora fiel do Sereismo e é chamada de sereia por muitas amigas famosas, como Bruna Marquezine e Gabriela Pugliesi. “Acredito mesmo em sereias. Não é nem questão de acreditar em sereias, eu me nego a acreditar que a vida é isso que eu vejo. Quem me diz que essas coisas que eu posso achar bizarro, que é coisa de criança não existem?”, declarou Yasmin em uma conversa com Pugliesi.
Sereias da vida real
Créditos: Reprodução/ Instagram