Cafajeste, mulherengo, picareta e mentiroso. “Não é tão fácil amar Carlos Imperial“, adianta Ricardo Calil, um dos diretores (o outro é Renato Terra) do documentário Eu sou Carlos Imperial (2014), produzido pela Afinal Filmes e coproduzido pelo Canal Brasil, antes da sessão de segunda-feira (13) do longa no festival É Tudo Verdade, em São Paulo.
Produtor musical, cineasta, ator, marqueteiro, jornalista, diretor de TV, compositor, músico, político, Carlos Eduardo Corte Imperial era o canalha “de bom coração” mais pop do Brasil.
O documentário reúne entrevistas com nomes de peso da música brasileira, que foram lançados por Imperial, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Toni Garrido, além dos filhos dele, Marco e Maria Luiza Imperial, frutos de seu casamento com Rosie Gracie, além de muitas imagens de arquivo e cenas de filmes com ele, principalmente a pornochanchada Banana Mecânica (1974). “A importância cultural, as polêmicas, as mentiras: o filme capta esse espírito. O que parece ser o essencial está ali”, explica Calil.
Calil e Terra, no entanto, tiveram de deixar algumas partes da história de lado, como o trabalho de Imperial no teatro e a paixão pelo futebol, nada que comprometa a totalidade e a forma como ele é retratado. “É difícil dar conta de uma vida tão complexa no documentário”, conclui.
A figura alta e corpulenta, de cabelos compridos e barba deu lugar, nos últimos anos de vida, a um homem magro, de rosto anguloso, cabelos grisalhos e curtos, revelado em um entrevista ao repórter Paulo César de Araújo, no começo dos anos 90, meses antes de sua morte.
Trechos do vídeo em VHS, parte de um trabalho acadêmico de Araújo, estão no filme. Imperial conta que emagreceu 41 quilos com a dieta do mamão, em que “comia qualquer coisa e mamão”. Parece que nem ele acredita nisso, mas deve ser verdade. Ou não. Não importa. Ele é Carlos Imperial.
“Ele é uma figura desconhecida para o grande público”, diz Calil, que, ao lado de Terra, teve a ideia do longa em 2011, depois de ler a biografia Dez! Nota Dez! Eu sou Carlos Imperial, de Denílson Monteiro. Dez, nota dez foi o bordão inventado por Imperial para anunciar pontos de escolas de samba, quando fazia parte do júri do Carnaval carioca.
De lá até a estreia no festival, foram três anos, entre pesquisa, entrevistas e montagem. Agora eles negociam com uma distribuidora o lançamento comercial para esse semestre ainda ou começo do outro. A gente torce que seja logo. Ainda haverá duas sessões do longa na edição carioca do É Tudo Verdade, em 17 e 18 de abril, no Espaço Itaú.
Capixaba de Cachoeiro do Ipamerim e criado no Rio de Janeiro, Imperial faria 80 anos no próximo 24 de novembro. Começou a carreira na TV Tupi em 1959, onde se tornou supervisor musical em 1968. Estudou propaganda e música no Instituto Villa-Lobos.
Lançou o Movimento Musical Jovem nos anos 60. Durante quatro anos (1966-1969), foi campeão de venda de discos e execução musical.É dele as canções A Praça, Vem quente que eu estou fervendo, Mamãe passou açúcar em mim, Nem vem que não tem.
Estreou no cinema como ator na década de 50, no longa policial Contrabando, de Eduardo Llorente. Atuou em dezenas de filmes, dirigiu e produziu outros tantos, principalmente pornochanchada.
Morreu 20 dias antes de completar 57 anos, vítima de uma infecção pós-operatória.
Listamos razões por que você tem que conhecer Carlos Imperial, o rei da pilantragem. Olha só na galeria.