Paula Cohen em cartaz com peça sobre o universo feminino

Paula Cohen está em cartaz com peça solo e na direção do amigo Marcelo Médici
Paula Cohen está em cartaz com peça solo e na direção do amigo Marcelo Médici
Créditos: Gabriel Quintão
Atriz desde os 17 anos de idade, a paulistana Paula Cohen não para quieta. Está em cartaz duplamente no teatro; atuando em sua peça solo, As Lágrimas Quentes de Amor que Só o meu Secador Sabe Enxugar, e na direção da comédia Cada 2 Com Seus Pobrema, na qual dirige o amigo Marcelo Médici. E, dia 16 próximo, ela estreia nos cinemas no elenco do longa-metragem Na Quebrada, do diretor Fernando Andrade.

“É um momento muito especial da minha trajetória como artista, porque estou assumindo de vez a minha pluralidade”, diz a atriz, formada na mesma turma da EAD (Escola de Artes Dramáticas) dos atores Gero Camilo, Marat Descartes e Gustavo Machado.

“A Paula é uma das raras atrizes deste país que escolhem seus projetos e fazem o que gosta. Escreve, produz e atua. Sabe muito bem do que quer falar. E nos toca sempre a alma com potência e poesia. Amo sua atuação e a sua escrita. Além de grande atriz, uma grande poeta”, derrete-se em elogios Gero Camilo. “Ela é minha irmã das artes. Estudamos teatro juntos e desde o primeiro dia de aula, em 1994, não nos separamos mais. Ouço muito o que ela tem a dizer. E a acho uma das maiores atrizes do país”, diz o ator.

“Mesmo como diretora, o mais incrível é que a Paula continua sendo atriz até os ossos”, diz Médici. “Nem todo ator tem a capacidade de dirigir. Sobretudo comédia, é uma das coisas mais difíceis. Se a pessoa não for muito consciente e generosa e souber guardar certas coisas, não funciona. Mas a Paula sabe muito bem fazer essa equação. Além disso, ela tem uma intensidade que eleva tudo à décima potência. Ela foi muito presente em questões de cenário, figurino, teve uma generosidade… Disse tudo o que era bom e também o que não era bom. A Paula tem uma loucura, tem uma criatividade, que vão além”, elogia Médici.

Paula surgiu como nome buchichado no meio do teatro underground de São Paulo nos idos de 2007. Virou musa da Roosevelt, atuou em peças de autores contemporâneos brasileiros como Bráulio Montovani (autor de Cidade de Deus e Tropa de Elite), Mário Bortolotto (Uma Pilha de Pratos na Cozinha, peça que teve personagem escrito para Paula) e Marcelo Rubens Paiva (ela atuou em A Noite Mais Fria do Ano).

“Sou um bicho de teatro, não tenho preconceito. Acredito num bom texto e em pessoas talentosas criando juntas. Por coincidência, me destaquei mais no meio underground. Mas transito com facilidade num universo mais comercial. Exemplo disso é que estou dirigindo o Cada 2 Com Seus Pobrema e minha peça, As Lágrimas Quentes…, dialoga com o grande público também”, diz a atriz.

TEMPERINHO ALMODÓVAR

Em cartaz no Teatro do Mube, As Lágrimas Quentes que Só o meu Secador Sabe Enxugar foi escrita em parceria com o diretor Pedro Granato (que dirigiu Quanto Custa? e Navalha na Carne, com a própria Paula como Neusa Sueli).

“Quisemos fazer uma peça que retratasse o universo feminino atual. As mulheres que somos a partir da criação que tivemos e da mudança dos tempos. Apesar de estarmos em 2014, ainda existe uma pressão de a mulher ter que casar, ter filhos, quando isso não tem que ser uma obrigação. A única obrigação é sermos fieis aos nossos desejos”, diz Paula.

Veja Paula Cohen no curta-metragem Parabéns, escrito por ela

A peça conta a história de Elvira, uma atriz brasileira que se muda para Buenos Aires para viver com Martin, o cara a quem ela decida “entregar sua vida” ao casar de papel passado.

Misturando humor inteligente e cenas tragicômicas, sempre embaladas por uma trilha bem sacada, que inclui de Flashdance What a Feeling a Tulipa Ruiz, a peça tem um tempero de Pedro Almodóvar, não à toa um dos diretores preferidos de Paula.

Em pouco mais de uma hora, Paula/Elvira descontrói clichês do universo feminino para, em seguida, bater de frente com eles, usando humor e acidez. Através de suas relações com o ex-marido argentino, com a mãe reacionária e com a amiga à beira de um ataque de nervos, Paula/Elvira confronta o opressor status quo imposto às mulheres ao mesmo tempo em que diverte e faz rir – e até chorar.

Para quem há pouco tempo encarnou a Rê Bordosa de Angeli no palco, dar vida à Elvira de As Lágrimas Quentes… foi mais um passo em direção da libertação feminina.

As Lágrimas Quentes de Amor que Só o Secador Sabe Enxugar

Quando: Sábados (20h30) e domingos (18h30), até 26 de outubro

Onde: Teatro do Mube (Rua Alemanha, 22, Jardim Europa, tel. 4301-7521)

Preço: De R$ 25 (meia) a R$ 50

Texto: Paula Cohen e Pedro Granato

Direção: Pedro Granato

Com: Paula Cohen


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