No último dia 24, o diretor Quentin Tarantino deu mais uma de suas míticas entrevistas para a New York Magazine, falando, a princípio, do lançamento de seu filme vindouro, The Hateful Eight (cujo trailer você pode ver aqui). Mas é claro que ele falou de muito mais coisas, sobrando até para filmes de terror adolescente, a série True Detective e as últimas manifestações raciais que viraram notícia em cidades norte-americanas. Ele também falou bastante de si mesmo, porque, olha, tem gente que se ama, viu? Mas vamos ao que interessa? Fala, Tarantino!
Hateful Eight
E aí, tá rolando? Tá sim: já tem mais ou menos uma hora de filme editado, e ele acabou de assistir.
Audiência sofisticada
Tarantino não está nem aí com sua audiência, porque sabe que ela é sofisticadésima. E acrescenta: o problema está nas audiências ignorantes! Mas calma, ele acredita que, como resultado dos tempos, os espectadores como um todo estão se tornando mais exigentes, e o segredo para manter o nível de seu público é estar sempre um pouco à frente da curva de expectativa, assim ninguém vai ficar tirando sarro dos seus filmes daqui 20 anos.
Racismo
Hateful Eight irá abordar temas como racismo, e os acontecimentos atuais, como em Baltimore e em Ferguson, já fazem parte do material bruto do filme. Tarantino não quer tornar o filme atual, mas sim mostrar que o assunto é o zeitgeist. “Eu curto o fato das pessoas estarem falando e discutindo o racismo institucional que existe neste país e tem sido ignorado desde sempre. Sinto que é mais um daqueles momentos como nos anos 1960, em que as pessoas tiveram que elas próprias mostrarem como as coisas estavam feias antes de mudarem. Eu espero que isso esteja acontecendo agora”, completa.
Anos 90
Embora QT seja uma das coisas mais anos 90 que tem, depois da pulseira de bater e das cores neon, ele não se considera nostálgico da década. Segundo ele, sobreviver os anos 1990 foi essencial para que ele fosse transformado em um ícone desses anos. Se aaaacha… Mas se é pra sentir saudades de alguma coisa dessa época, é da falta de conectividade o tempo todo. Ai, lá vem mais um pra me mandar desligar o celular.
Corrente do Mal
Se teve um filme que o diretor curtiu foi Corrente do Mal (que estreia nesta quinta, 27, nos cinemas). Para ele, foi o filme de terror com a melhor premissa que ele não via em muitíssimo tempo, tão bom que ele ficou até bravo do filme inteiro não ser maravilhoso. E o que ele mudaria no roteiro? “Manteria a mitologia do filme correta, porque ela se quebra toda ao longo da história”, diz ele.
Franquias
Quentin Tarantino gostaria de ter dirigido os filmes da franquia Pânico, e inclusive soube que seu parceiro Robert Rodriguez chegou a ser sondado para tal, à época. Na real, Tarantino nem achou a direção de Wes Craven tão boa assim – ficou muito presa à terra, quando ele teria ido até a Lua.
Filmes de super-heróis
Como um bom nerd que foi a vida toda, Quentin está adorando essa fase de lançamento de milhares de filmes de super-heróis. Quando ele era mais novo, nos anos 80, as produções eram uma porcaria, então ele só gostaria de não ter precisado esperar até os 50 anos para ver tudo o que curtia em boa qualidade.
Bom, mas se eram tão ruins, por que não fez um? Porque, segundo ele, não era a hora: ele ainda trabalhava numa locadora, tinha 20 e poucos anos e queria as-sis-tir aos filmes, não filmá-los, entendeu?
Seriados
Você acredita que o Tarantino não curtiu True Detective? Falou que achou a primeira temporada um saco e a segunda, um horror. Só de ver o trailer, “com aqueles atores bonitos tentando não parecer bonitos e andando por aí como se carregassem o peso do mundo nos ombros”, ele já perdeu o interesse. Ok, sincero.
Já uma série que ele amou foi The Newsroom, tanto que assistiu três vezes a cada episódio, sempre que era exibido na televisão (ele disse que não curte ver nada no computador), só para prestar atenção nos diálogos.
E aqueles filmes que você prometeu?
Promessas de Tarantino
Os títulos acima foram todos especulados como futuros lançamentos, mas Tarantino não confirma nada. Quer dizer, menos Kill Bill 3, esse pode sair um dia. “Vamos ver”, foi o que ele disse.