O Exorcista, considerado um dos filmes mais aterrorizantes da história, retorna por uma só noite aos cinemas dos Estados Unidos com sua versão estendida, poucos dias antes de ser lançado em Blu-ray com material inédito.
Cerca de 450 salas terão nesta quinta-feira (30) duas sessões noturnas do filme, que vai incluir imagens inéditas sobre a gravação da fita e, consequentemente, sobre como foram filmadas algumas de suas cenas mais perturbadoras, como quando a cabeça da menina possuída gira 360 graus ou quando ela levita sobre a cama.
Além disso, serão mostradas entrevistas com o diretor da produção, William Friedkin, o roteirista, William Peter Blatty, e a protagonista, Linda Blair. “Claro que mudou a minha vida”, disse a atriz em entrevista à Agência Efe.
“É um dos filmes mais intensos da história. Faz refletir sobre o bem e o mal, sobre Deus e o Diabo. Há 37 anos repercutiu em todos os setores, especialmente na Igreja Católica. Mas para mim era um simples trabalho”, acrescentou.
Linda tinha 14 anos quando a produção estreou, em 1973. O papel da menina Regan, possuída pelo Diabo, é um dos mais reconhecidos da história do cinema e valeu à atriz a candidatura ao Oscar e a conquista do Globo de Ouro de melhor atriz.
Muitos disseram que Linda ia conquistar o mundo, mas essas não eram suas intenções. “Nunca pensei que teria uma grande carreira, porque sempre pensei que iria retornar à escola para estudar. E foi o que fiz. Sempre quis ser veterinária”, disse.
E é a isso que Linda se dedica na maior parte do tempo, por meio da fundação World Heart, que se encarrega de recolher animais abandonados e encontrar um lar estável para eles, algo com o que sonhava inclusive quando o roteiro do filme a obrigou a vomitar uma gosma verde ou a se masturbar com um crucifixo.
“Nunca tive medo durante a filmagem”, lembrou Linda, hoje com 51 anos. “É como agora, que estamos falando. Na cena há câmeras, luzes… são necessárias horas para preparar a montagem. Aquilo se prolonga tanto tempo que o medo passa. Nada é real. Ao contrário, se trata de um processo muito técnico e você só pensa nas suas falas”, acrescentou.
Junto a ela aparece no filme Ellen Burstyn, que encarna a mãe da adolescente, uma famosa atriz que viaja para Washington temporariamente, no momento em que percebe que sua filha começa a sofrer uma mudança de personalidade extrema.
O elenco do filme, candidato a dez Oscars – venceu o de melhor roteiro adaptado, obra de William Peter Blatty, e o de melhor som -, é completado por Jason Miller, como o padre Karras, Lee J. Cobb, como o tenente Kinderman, e Max Von Sydow, como o padre Merrin.
O Exorcista é um dos dez filmes de maior arrecadação na história do cinema, com ajuste da inflação. A versão original alcançou a cifra de mais de US$ 440 milhões. Linda, no entanto, não ficou rica com a produção. Seu salário foi de US$ 750 por semana durante os quase três meses de filmagem.
“Se olharmos para trás, a verdade é que ninguém pensava que seria esse sucesso todo”, admitiu a atriz, que passou meses viajando pelo mundo durante a promoção do filme, que na época não compreendia de todo.
“Perguntavam-me por Deus, se eu era mentalmente estável… Demorei para me acostumar e, sobretudo, custei a entender do que o filme tratava realmente. As perguntas que esta obra suscita serão mantidas para sempre, pelo menos até a nossa morte”, apontou Linda, que considera que a versão estendida do filme, defendida sempre por Blatty apesar da rejeição inicial de Friedkin, é a versão ideal da obra.
“É o filho de Blatty. Seu objetivo sempre foi causar impacto na sociedade. É o maior ato de magia realizado pelo cinema e agradeço que volte aos cinemas e seja editado em Blu-ray. É uma grande homenagem”, concluiu.
A montagem estendida do diretor será lançada nos Estados Unidos em 5 de outubro com três novos documentários: Raising Hell: Filming The Exorcist, The Exorcist Locations: Georgetown Then and Now e Faces of Evil: The Different Versions of The Exorcist.