Ilustrações de Leticia Faddul
Créditos: Leticia Faddul
Leticia Faddul, ou Leticce Faddul como é conhecida na internet, é uma ilustradora e publicitária paulistana com antenas sensíveis para captar humor e pequenos momentos de poesia no dia a dia urbano, transformando-os em tirinhas. A quadrinista, que hoje faz sucesso com o Renato Era Chato (Tumblr em colaboração com o redator Renato Brandão), estreia, nesta quinta-feira (18), uma coluna ilustrada semanal no Facebook do portal Virgula.
Além do Renato Era Chato, protagonizado pelo vocalista da Legião Urbana Renato Russo e suas tiradas antipáticas, Leticia produz um blog em que publica tirinhas e ilustrações, além de falar sobre design, arte e assuntos cotidianos.
“Enquanto no meu blog eu sou a personagem e falo do meu universo, quero fazer [na coluna] coisas mais universais, com as quais as pessoas se identifiquem”, explicou a artista, que falou ao Virgula Diversão sobre seu novo projeto.
Quando e por que você começou a fazer tirinhas?
Quando criança eu inventava personagens, criava as histórias e fazia livrinhos com tudo isso. Acho que começou aí essa história toda. Comecei a desenhar assim que peguei um lápis na mão, bem criança mesmo. Comecei justamente nas paredes da sala de casa, mas meus pais não se importaram. Até acharam até legal. Acho que esse foi o estímulo inicial para eu continuar desenhando.
De onde você tira ideias para fazer suas tirinhas?
O que eu mais uso são situações do cotidiano, coisas que observo no ônibus, coisas que ouço as pessoas comentando do meu lado. Não vou atrás, são coisas que acontecem. Muitas são baseadas em situações que aconteceram comigo, como a tirinha da barata e a do cara que deixou um bilhete e saiu correndo.
Aquele seu post que tira um sarro do livro 50 Tons de Cinza fez bastante barulho na internet…
Até hoje, eu recebo e-mails de pessoas me xingando, dizendo que amam 50 Tons de Cinza e questionando, “Quem é você para falar assim do Christian?”. Elas defendem os personagens com unhas e dentes, como se fossem pessoas reais. Tem um fanatismo meio estranho em relação ao livro. Recebi muitas mensagens no meu e-mail pessoal. Foi uma coisa bizarra.
Essa ironia é algo bem presente nas suas tirinhas. Você se considera uma pessoa irônica?
Sim, me considero (risos). É algo que não dá para evitar, mas é que eu gosto desse tipo de humor irônico. Eu não gosto muito do tipo de humor fofinho, menininha. Isso não sou eu.
Você presta atenção no trabalho de outros cartunistas?
Sim, eu acompanho bastante. Gosto muito de tirinhas do Linha do Trem, do Malvados. E tem um monte de tirinhas de humor negro e de humor nerd de que eu gosto também.
Como nasceu o Renato Era Chato?
Foi meio por acidente. Eu conhecia o Adriano, e ele me conhecia. Ele queria fazer algumas coisas com o Renato Russo, porque gosta dele. A ideia era ele escrever e eu desenhar. Eu fiz o texto de algumas tirinhas, mas deixo essa parte mais para o Adriano, já que ele é redator e gosta de fazer isso.
Você acha que o Renato era chato?
Não acho, não (risos). Eu até que gosto de algumas coisas da Legião. O nome é meio que marketing. Tem gente que entende como uma brincadeira, mas sempre tem os fãs de Legião que interpretam isso como uma agressão.
O que vai ser esse projeto com o Virgula?
Eu quero desenhar coisas baseadas no cotidiano, mais ou menos na mesma pegada do que eu coloco no meu blog, mas vai ser um pouco diferente. Enquanto, no meu blog, eu falo do meu universo e eu sou a personagem, quero fazer coisas mais universais, com as quais as pessoas se identificam. Tipo, ‘Isso já aconteceu comigo’ ou ‘Isso já aconteceu com o meu amigo’.
A tirinha de estreia desse projeto tem uma pegada mais meiga. Como ela surgiu?
Essa tirinha fala sobre algo pelo qual eu já passei. Meus colegas de agência também contam histórias de pessoas que encontram no metrô, no caminho para o trabalho. Você meio que tem um relacionamento de mentira com um estranho. Você reconhece aquela pessoa, ela te reconhece, mas vocês nem sabem o nome um do outro. Acho que todo mundo já teve isso, essa intimidade estranha.
Do que você gosta, além de ilustrar e desenhar?
Eu gosto muito de cinema, de seriados e de filmes em geral. Agora, estou gostando bastante de uma série francesa de fantasmas chamada Les Revenants.