Judi Dench foi escolhida a maior atriz teatral de todos os tempos por um grupo de especialistas e frequentadores do meio que, sem tirar o mérito da atriz, parecem acreditar, no entanto, que não há teatro além de Shakespeare e das ilhas britânicas.
Dench, de 76 anos e ainda em plena atividade artística, concorria por essa distinção com outros gigantes da cena britânica, muito rica em talentos da interpretação, como Laurence Olivier e John Gielgud, ambos já falecidos e lendários.
O segundo lugar, conforme a enquete organizada pela revista teatral The Stage, é de outra atriz veterana, Maggie Smith, que completa neste mês 76 anos e trabalhou tanto no teatro como no cinema. Além de peças shakespearianas, Maggie marcou presença nos filmes do Harry Potter como a professora Minerva McGonagall.
A terceira da lista de dez nomes é Vanessa Redgrave, de 73 anos, membro de uma conhecida família de atores, formada como seus colegas em Shakespeare.
Dench ganhou os prêmios Tony e Olivier, fez mais de 80 filmes e faturou um Oscar, entre muitos outros reconhecimentos por seu trabalho. Seu talento já foi elogiado por dramaturgos tão famosos como Arthur Miller e Tennesse Williams.
Os críticos da The Stage colocam em votação separada também Judi em primeiro lugar, embora empatada com Sir Laurence Olivier, e na frente de Gielgud, outro grande ator shakespeariano, e Paul Scolfield, Oscar de melhor ator por seu papel de Tomas Moro em Um Homem para a Eternidade.
Judi Dench estreou em 1957 no papel de Ofelia em uma produção de Hamlet, de William Shakespeare, a cargo da companhia do famoso teatro Old Vic.
Premiada múltiplas vezes por seus papéis tanto no teatro como no cinema – tem com um total de nove prêmios Olivier, um recorde, e é a atriz com mais indicações para o Bafta -, Dench interpretou quase todos os grandes papéis femininos shakespearianos.
Seu papel de maior sucesso foi o da rainha Elizabeth I no filme Shakespeare Apaixonado, de 1998, mas ela também ficou conhecida como a personagem M, chefe do serviço de inteligência MI6, em alguns filmes da série 007.
Recentemente, Dench colaborou com o grande diretor teatral Peter Hall para reviver Titania em Sonho de uma noite de verão, papel que interpretou em 1962.
Sua interpretação da rainha das feiticeiras, que, por vingança de seu rei, Oberon, recebe enquanto dorme o suco de uma flor mágica que a faz se apaixonar pelo primeiro ser com o qual se encontra ao despertar – em seu caso um asno -, foi unanimemente elogiada pela crítica.
Mas mesmo com todos os méritos de Dench e até reconhecendo a grande lição de talento interpretativo que dão diariamente atores e atrizes nos palcos do Reino Unido, é lícito questionar aos que elaboraram a lista se eles foram mais condescendentes com os artistas britânicos.
É algo do qual é consciente o crítico do jornal The Times Benedict Nightingale, que escreveu na quinta-feira no periódico que, da relação final, pode ser deduzido que “nenhum grande ator nasceu fora da Grã-Bretanha ou atuou antes de 1930”. Ele afirmou ainda ter proposto pessoalmente, embora sem sucesso, a lendária atriz italiana Eleonora Duse.