Uma notícia pegou de surpresa o Natal dos cinéfilos paulistanos: a videolocadora 2001 vai fechar suas portas definitivamente.
Algum desavisado, lendo este texto, pode achar que esta notícia é velha. “Oi? Videolocadoras fechando? Mas elas ainda existiam? Aliás, o que é uma videolocadora?!” Pois é. Senta que lá vem história!
2001: o cinema ESTAVA aqui…
A 2001 foi uma das mais clássicas e emblemáticas locadoras de filmes da capital paulistana. Inaugurada em 1982, no início da febre de videolocadoras que marcaria os anos 80, a 2001 sempre se caracterizou por privilegiar um setor que as outras locadoras “esnobavam”: filmes de arte e independentes.
Embora tivesse no catálogo os lançamentos e “blockbusters” (na época não se usava esse termo, mas enfim), a 2001 tinha um carinho especial para os cult-movies e o chamado cinema de autor.
Assim, as prateleiras davam destaque às filmografias dos grandes cineastas mundiais: Fellini, Truffaut, Hitchcock, Fassbinder, Woody Allen, Werner Herzog, Win Wenders, Bresson, Rosselini, Pasolini, Akira Kurosawa…
Nos anos 90 a 2001 reinou quase sozinha como reduto desse cinema mais “erudito”, digamos assim, e a partir dos anos 2000 tinha como única concorrente no ramo a locadora HM, que mantinha duas lojas no bairro de Higienópolis.
A 2001, por sua vez, chegou a ter 7 lojas simultâneas em São Paulo. Nos últimos 5 anos, porém, as lojas foram fechando e vendendo seu acervo – sinal da crise e da concorrência feroz da pirataria e de serviços como Netflix, NOW e streamings em geral.
Em 2015, duas lojas resistiam: a da Avenida Pedroso de Moraes, em Pinheiros, e a mais simbólica de todas as lojas da rede – a da Avenida Paulista.
Agora, essas duas também vão dizer adeus. A unidade da Paulista fecha em 30 de dezembro, e a de Pinheiros termina em 17 de janeiro. O acervo de ambas as lojas está inteiramente à venda, e os antigos frequentadores passam por lá em clima de velório, enquanto enchem sacolas com as preciosidades e raridades – muitas delas, atenção, não se encontram para baixar na internet e nem estão disponíveis nos streamings da vida.
Enfim, é o final de uma era. Como cinéfilo e cineasta, e como ex-atendente da 2001 unidade Paulista, encerro este texto fazendo 1 minuto de silêncio.
