A galeria Casa Daros, no Rio de Janeiro, recebe a partir da próxima sexta-feira a exposição “Paintant Stories”, do argentino Fabián Marcaccio , uma mostra que inclui a obra homônima do artista que, como um “cinema parado”, como ele define, serpenteia 100 metros de instalação.

“Eu chamo de pintura ambiental ou ‘pintante’ porque são pinturas expandidas de uma forma que têm tanto elementos de um cinema parado quanto de um filme e arquitetura”, explicou à Agência Efe Marcaccio sobre sua obra.

A pintura, de quatro metros de altura, se estende pelo espaço da Casa Daros e se adapta às suas salas, saltando pela janela e atravessando o pátio interno em um lance de 14 metros especialmente preparado por Marcaccio para esta exibição e que tem dupla face.

Esse espaço do museu se transforma, segundo o artista, em um “espaço comunal, como um anfiteatro” ao permitir aos visitantes observar ambos os lados da instalação.

Esse trecho tem como objetivo ser uma “passagem no meio deles – filme e arquitetura – para tentar ativar uma pintura mais conectada e sugerir coreografias diferentes com os espectadores” que visitem a mostra.

Através dos 100 metros de pintura, que em alguns momentos lembram grafites e em outros pop art, e que conta com uma notável influência da arte dos anos 60, Marcaccio narra várias histórias, salpicadas de ícones, que fazem sentido nelas mesmas, mas também como parte de tudo o que representa a “Paintant Stories”.

“São como capítulos, mas de forma alguma tentar imitar o tempo mecânico do motor fílmico. A pintura utiliza uma forma de composição de aninhados, de micro e de macro”, declarou.

Neste sentido, afirmou à Agência Efe que seu trabalho tenta produzir uma “posição mais analítica de uma pintura fílmica e faz o que o cinema não pode fazer”, já que suas pinturas produzem uma passagem através da arquitetura.

“As pinturas espalhadas e entrelaçadas com fotografias e colagens são estáticas, mas movimentam o espectador, pois têm materialidade e não são virtuais como o cinema. Produzem outra coisa”, comentou.

Disseminados entre as pinturas também se encontram diferentes alusões a ideologias através de figuras icônicas. Nesse sentido Marcaccio afirmou que em sua arte tenta “decifrar as possíveis evoluções ideológicas contemporâneas partindo, por exemplo, do fascismo ou da relação entre a paz e a guerra”.

Para fechar a mostra e poder entender um pouco melhor a forma de trabalho de um artista que inclui em suas obras diferentes materiais como silicone, polímeros, resinas e diversos tipos de tintas, a galeria preparou um laboratório de pintura no qual reproduz elementos de sua oficina.

Esta é a primeira vez que a exposição pode ser vista no continente americano. Ela estreou em 2000 em Estugarda (Alemanha), onde a montagem dos 100 metros de instalação foi feita de forma circular, e depois foi transferida a diferentes galerias de Colônia e Zurique, onde Marcaccio teve que adaptar sua peça aos espaços disponíveis.

Fabián Marcaccio, nascido em Rosário em 1963, vive e trabalha desde seus 22 anos em Nova York, cidade na qual desenvolveu grande parte de seu trabalho. Ele foi reconhecido com exposições individuais em instituições como o Miami Art Museum, o Kunstmuseum Liechtenstein e a Galeria Fortes Vilaça de São Paulo. 


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Exposição "Paintant Stories", do argentino Fabián Marcaccio, chega ao Brasil

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