Abertura exposição David Bowie
Abre nesta sexta-feira (31) a exposição David Bowie, no MIS, o Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Trazida do museu Victoria & Albert, de Londres, a mostra é uma retrospectiva emocionante da carreira do cantor, um dos mais fundamentais de toda a história da música e da cultura pop.
A cenografia, assinada por Marko Brajovic – o mesmo por trás da exposição de Stanley Kubrick no museu – é um pontos altos da mostra. Inteligente, desafia os espaços diminutos do MIS. “Fazer uma exposição do Bowie é um privilégio”, explicou Marko, que desenvolveu o projeto em apenas três meses, e a montagem, em 15 dias. Por corredores e escadarias, os espectadores são levados por uma narrativa não-linear, quase caleidoscópica, pela trajetoria de Bowie.
Outro grandes destaque da exposição é a moda. São 47 figurinos de turnês, filmes, clipes e aparições na TV, incluindo a histórica performance de Starman no programa de TV britânico Top of the Pops, em 1972, para serem vistos tão de perto que levam fãs mais ávidos às lágrimas. Entrevistas com seus colaboradores, como o estilista japonês Kansai Yamamoto – responsável pelo macacão geométrico de vinil da fase Alladin Sane – apresentam um olhar externo sobre a genialidade do artista.
Espelhadas pelas salas, pequenas pérolas chamam a atenção dos visitantes mais atentos. Setlists de shows escritos à mão, rascunhos históricos de letras de músicas como Diamond Dogs e Lady Stardust, um telegrama de Elvis Presley para David Bowie, e até mesmo a colher que o cantor usava para consumir cocaína.
O trabalho museológico e historiográfico, assinado pelos curadores Victoria Broackes e Geoffrey Marsh, é de encher os olhos, com textos inspirados de apresentação e descrições detalhadas de cada um dos 300 itens que viajaram ao Brasil para a exposição. Boa também é a escolha dos vídeos e filmes, não necessariamente raros, mas bem pontuados. Estão ali apenas os mais fundamentais para decifrar a camaleônica carreira do artista, com performances de TV excepcionais como a de The Man Who Sold The World no programa Saturday Night Live, com o artista plástico Klaus Nomi como backing vocal.
“Ele é excepcional”, elogiou o embaixador do Reino Unido no Brasil, Alex Ellis, em conversa com Virgula. “Temos muita sorte de ter ganhado a confiança de Bowie para fazer essa exposição. Ele é muito perfeccionista e tem critérios muito altos”, apontou Beth McKillop, diretora do museu Victoria & Albert. “Fechamos a exposição aqui no MIS em 2011, antes mesmo da abertura em Londres”, revela André Sturm, diretor-executivo do MIS e responsável pela renovação do museu desde que assumiu o cargo.
Ainda há certas questões a serem resolvidas, como os fones de ouvido sem fio, que mudam de áudio a medida que o visitante caminha pela exposição, e que ainda dão poucos, mas incômodos, problemas. Outro ponto complicado é o espaço reduzido de algumas salas do museu, especialmente no começo da exposição – onde é preciso paciência para chegar perto de alguns objetos se a exposição não estiver vazia, o que não deve acontecer tão cedo.
Mas nada que estrague a experiência, seja você fã ou não de Bowie, de ouvir os acordes de Heroes ao entrar no salão principal da expo ou ter arrepios ao ver-se refletido no cantor na sala de espelhos em que se ouve Starman.
David Bowie
De 31 de janeiro a 1.o de abril
MIS – Museu da Imagem e do Som
Avenida Europa, 158, Jardim Europa
De terça à sexta das 12h às 20h, sábados das 11h às 21h e domingos e feriados das 11h às 20h
Ingressos
Recepção do MIS (R$ 10) ou pelo site www.ingressorapido.com.br (R$ 25) – às terças a entrada é gratuita