Logo após a tragédia que assolou Nova Orleans com a passagem do furacão Katrina há exatos 5 anos, em 29 de agosto de 2005, milhares de imigrantes chegaram à cidade para trabalhar na reconstrução, entre eles muitos brasileiros.
A trajetória de dois desses brasileiros – Marcio Passos e Elza França é uma das histórias retratadas no documentário Land of Opportunity (Terra da Oportunidade), de Luisa Dantas.
A presença dos brasileiros no filme ocorreu quase por acaso. Durante as filmagens, a diretora, que durante quase cinco anos acompanhou oito personagens em meio aos esforços para recuperar a cidade, acabou percebendo que havia muitos trabalhadores do Brasil entre os imigrantes nos canteiros de obras.
O vendedor de carros Marcio Passos, de Bauru, deixou mulher e dois filhos no Brasil para trabalhar nas obras de reconstrução dos prédios de Nova Orleans. Elza França tinha como objetivo juntar dinheiro com o trabalho como faxineira para comprar uma casa e voltar para as três filhas, que ficaram no Brasil.
O filme mostra ainda um estudante cuja família foi desalojada pelo furacão, três ativistas, um arquiteto e o idealizador de uma horta urbana, histórias que revelam diferentes ângulos do longo processo de reconstrução de Nova Orleans.
“A oportunidade é o tema que une todas as histórias”, diz Luisa, nascida em Nova York e filha de pais brasileiros. “A mídia geralmente retrata essas pessoas como vítimas. Eu queria apresentar uma visão alternativa, mostrar pessoas fortes, sobreviventes.”
Segundo Luisa Dantas, a participação dos imigrantes foi fundamental para a reconstrução de Nova Orleans, e os brasileiros tiveram um papel importante nesse processo.
A cineasta morava em Los Angeles na época da tragédia. Logo depois do Katrina, foi enviada a Nova Orleans para rodar um vídeo institucional, a convite de uma ONG. A ideia era ficar algumas semanas, mas no segundo dia, a diretora percebeu que queria contar uma história maior.
Em julho de 2006, mudou-se para Nova Orleans, ao lado do fotógrafo Micheal Boedigheimer. Em quase cinco anos, foram 1.500 horas de material, que a cineasta teve de condensar em 95 minutos.
O documentário foi exibido nesta semana em alguns países da Europa, pelo Canal Arte. Nos Estados Unidos e no Brasil ainda não há previsão de exibição. As histórias relatadas no filme e também as que ficaram de fora podem ser conferidas no site que tem o cineasta americano Spike Lee como consultor.
Apesar da oportunidade surgida com a reconstrução da cidade, os dois brasileiros retratados no documentário não atingiram ainda os objetivos que os atraíram para Nova Orleans.
Marcio Passos voltou a Bauru em 2008, pressionado pela mulher que havia ficado no Brasil. Os dois acabaram se separando. Elza França permanece nos Estados Unidos e ainda não conseguiu juntar dinheiro suficiente para comprar a casa para a família.