Não dá para evitar o assunto da semana: Star Wars. O sétimo filme da franquia mais poderosa do cinema estreia agora, e todas as atenções se voltam para ele, O Despertar da Força.
Por outro lado, o momento é propício para darmos uma “sacudida” nos bastidores da saga, e investigarmos: afinal, de onde George Lucas tirou tanta inspiração para criar essa mitologia que se mantém como um dos maiores pilares da cultura pop? Descubra agora!
Seriados de cinema
Nos anos 30 e 40 eram comuns os seriados para cinema – isso mesmo, não existiam séries de TV (e nem TV!), portanto produziam-se séries de aventuras, de ficção científica, de guerra, que eram exibidas de forma semanal nas salas de cinema. George Lucas (assim como seu futuro amigo Steven Spielberg) era aficionado por essas produções, principalmente Commando Cody, herói de sci-fi da Republic Pictures produzido em 1952.
Outro seriado do gênero que fascinava Lucas: Flash Gordon. Muitos elementos vistos em Star Wars vêm dessa fase – exemplo: as transições de cenas com o efeito “cortina” de uma cena para outra, ou ainda usando o efeito “bolinha” (que encerra todos os longas). Ou ainda os textos de abertura dos filmes da saga, inspirados nos seriados de Flash Gordon de 1936.
Rastros de Ódio / Faroeste
Outra influência que marcou Star Wars: os filmes de faroeste / western dos anos 40 e 50, produzidos em Hollywood. É mais do que evidente que Star Wars pode ser visto como um “faroeste galáctico”. E em especial podemos citar Rastros de Ódio (The Searchers, EUA, 1956), um dos maiores clássicos de John Ford estrelado por John Wayne.
Ali, o protagonista jovem volta a seu rancho em companhia do “mestre” veterano (Wayne), e encontra sua família assassinada. É o estopim para que ele saia pelo mundo ao lado do mestre, em busca da sobrinha sequestrada deste. Em Uma Nova Esperança, a estrutura é a mesma: Luke Skywalker volta a sua moradia em companhia do guru veterano Obi-Wan Kenobi, e encontra sua família eliminada. A dupla parte então para resgatar Léia, sequestrada pelo Império.
Filmes de guerra
As sequências de batalhas espaciais mostradas nos três primeiros longas da série se inspiram em filmes de guerra dos anos 50 e 60 – mas em vez de aviões, vemos espaçonaves. Embora o X-Wing, caça utilizado pela Aliança Rebelde, tenha tudo a ver com os aviões de guerra da vida real.
Os Três Mosqueteiros
Dizem que a cena final de Uma Nova Esperança, quando Luke, Han Solo e Chewbacca são condecorados por Léia, inspira-se numa sequência semelhante de um seriado de cinema dos Três Mosqueteiros. Mas há quem diga que a sequência é muito parecida com o filme de propaganda nazista O Triunfo da Vontade (1935, de Leni Riefenstahl)!
Mais! Mais!
Além das referências basiconas, podemos dizer também que Star Wars cita pequenos fragmentos de cenas de filmes aleatórios, como as fantasiosas aventuras O Ladrão de Bagdá (1940) e Simbad e a Princesa (1958), o épico Lawrence da Arábia (1962) e o clássico de Stanley Kubrick 2001 Uma Odisseia no Espaço (1968).
Japão
Uma referência bastante conhecida é em relação aos filmes japoneses do mestre Akira Kurosawa. Além de citar Os Sete Samurais (1954) e A Fortaleza Escondida (1958), a saga de Lucas ainda cita Dersu Uzala (1975, também de Kurosawa) em duas cenas: quando Luke observa o céu com um sol duplo em Uma Nova Esperança; e quando Han Solo monta um abrigo na neve para se proteger junto com Luke no início de O Império Contra-Ataca. Além disso, a palavra Jedi viria de Jidaigeki, nome dado às narrativas japonesas sobre samurais.
Alemanha
Lucas também foi buscar ajuda no cinema expressionista alemão: o lay-out do androide C3PO é idêntico ao da robô-feminina- símbolo da obra-prima Metrópolis (1927), que Fritz Lang legou para o cinema germânico.
Disney???
Atualmente a Lucasfilm pertence à Disney. Mas essa conexão entre Lucas e a casa do Mickey já vem de longa data, de certa forma! Pelo menos é o que afirmam aqueles que dizem que o visual da Princesa Léia foi diretamente inspirado na Branca de Neve de Disney, de 1937!
Shakespeare
Embora mais remota, essa ligação também pode ser conectada: a trajetória de Luke Skywalker tem tudo a ver com alguns heróis das peças de William Shakespeare, notadamente… Hamlet, é claro. Assim como Hamlet, Luke vai recebendo sinais sobrenaturais sobre seu destino, até descobrir a verdade sobre seu pai – na peça do bardo inglês, é o próprio fantasma do pai que ajuda Hamlet a desvendar o assassinato do progenitor. Em O Império Contra-Ataca, Luke se recusa a enfrentar a verdade: Darth Vader é seu pai.
Mitologia
A construção de toda a mitologia da saga obedece ainda a uma raiz bem respeitável: o trabalho de Joseph Campbell, autor dos livros O Herói de Mil Faces e O Poder do Mito, ambos “bíblias” para que George Lucas erguesse sua franquia.
Enfim, essas são apenas as tintas mais óbvias que Lucas utilizou para erguer seu império intergaláctico. Provando que Star Wars é mesmo a obra pós-moderna por excelência, recombinando elementos sólidos da arte e da cultura mundiais. Não é à toa que a saga mostra-se mais resistente do que nunca. Sua força continuará provavelmente por muito tempo entre nós…
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